Mercado de luxo abranda a nível global. China contraria tendência

Em 2021, o número de novas aberturas de lojas de retalho de luxo registou uma quebra significativa quando comparado com o período pré-pandemia. As regiões da América do Norte e da Europa foram as que sentiram um recuo maior, ambos de 14%. Também a Ásia verificou uma descida de 10%, embora neste continente se exclua a China, que se destaca como o país onde mais lojas de luxo abriram no ano passado.

As conclusões são da 4.ª edição do “Savills Global Luxury Retail 2022 Outlook”, da consultora imobiliária internacional Savills, que analisa o mercado global de retalho de luxo. De acordo com os dados, no Médio Oriente e na América Latina, o número de novas aberturas de lojas dedicadas ao retalho de luxo manteve-se estável quando comparado com 2019, ao passo que na China e na região da Austrália e Nova Zelândia verificaram-se aumentos de 55% e 3%, respectivamente.

«Fortes vendas domésticas na China, a par de oportunidades limitadas para viagens transfronteiriças e de uma rápida recuperação económica, impulsionaram o aumento do número de retalhistas de luxo nos últimos 12 meses. Esta reorientação nos gastos deverá persistir sob a influência de um conjunto de medidas governamentais para revigorar o consumo interno, incluindo a expansão de operações duty free», comenta, em comunicado, Nick Bradstreet, head of Asia Pacific Retail da Savills.

Os três maiores grupos de marcas de luxo – LVMH, Kering e Richemont – foram responsáveis por 41% do volume total de novas aberturas de lojas deste segmento em 2021 a nível global, face aos 33% de 2019. Com a actividade de aquisições e fusões destes grupos nos últimos 12 meses, é expectável que esta preponderância seja consolidada, adianta ainda o mesmo relatório.

Em 2022, os retalhistas de luxo deverão continuar a expandir-se a nível global, com o aumento da actividade das suas lojas nos mercados domésticos como a China e o Médio Oriente. O foco nos principais mercados domésticos será a maior tendência a moldar a venda no retalho de luxo este ano, mas a crescente importância das políticas ESG (Environmental, Social e Governance) e a ligação entre o mundo físico e o digital também terão um papel fundamental na forma como este mercado se comportará.

«No caso de Portugal, a escassez de produto de qualidade, que preencha os requisitos de marcas de luxo com interesse no mercado nacional, é actualmente o principal entrave à entrada de novas marcas.  A dimensão do mercado interno e a dependência do fluxo turístico são outros factores que condicionam o crescimento deste segmento. No entanto, verifica-se o interesse de algumas marcas em entrar em Portugal, o que poderá animar este segmento nos próximos dois anos», refere José Galvão, associate director Retail da Savills Portugal.

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