Marcas de Luxo e Contrafacção – uma realidade a crescer!
Por Paula Lopes, docente do Mestrado em Marketing do ISG – Instituto Superior de Gestão
Na realidade, os portugueses gostam de marcas, uns pelo que elas significam, pela assinatura na comunicação que apresentam, outros pelo design, pela qualidade e/ou pela experiência que proporcionam.
O mercado de artigos de luxo continua a brilhar. Os bens de luxo pessoais superaram o mercado, registando um crescimento de 6% a taxas de câmbio constantes para atingir 260 mil milhões de euros, referente ao ano de 2018, segundo um estudo da Bain & Company.
De forma global, o sector de marcas de luxo tem vindo a desenvolver-se e registou um crescimento de 10,8 por cento, de acordo com o estudo “Global Powers of Luxury Goods” de 2019 da Deloitte, que refere ainda que as 100 maiores empresas de bens de luxo geraram receitas agregadas no valor de 247 mil milhões de dólares. E segundo o mesmo estudo, o segmento de cosméticos e fragrâncias foi o que registou o melhor desempenho no ano fiscal de 2017, respondendo por 16,1 por cento do aumento de vendas.
Em Portugal, estas tendências fazem-se sentir e o mercado do luxo cresce de forma global seguindo a tendência internacional. É de notar que os portugueses são bons consumidores de perfumes e cosméticos, que representam uma boa fatia do mercado. Dados referentes ao mercado ibérico indicam que o volume de negócios ascendeu a 5.112 milhões de euros, um aumento de cerca 2,2% em 2017 face a 2016, segundo o estudo da D&B Informa.
Mas se muitos podem comprar produtos de marcas de luxo, existe ainda um número elevado de portugueses que recorre a produtos contrafeitos.
Ao nível da Europa, a contrafacção e a pirataria causam perdas às empresas na ordem dos 60 mil milhões de euros, de acordo com o Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO).
Se Portugal tem vindo a registar crescimento no mercado do luxo, tem também vindo a registar crescimento na contrafacção de marcas de luxo e neste campo apresenta valores superiores à Europa. Assim, Portugal apresenta um cenário referente à contrafacção, em que 9,5% são retirados de todas as vendas, contra 7,4% na União Europeia. A contrafacção no mercado nacional significa 1,15 mil milhões de euros por ano que não são contabilizados na economia nacional.
A abertura de lojas de marcas de luxo numa área específica de Lisboa, amplia o número de consumidores nacionais e internacionais aumentado o número de postos de trabalho. Por outro, os elevados números registados no negócio da contrafacção levam à perda de 22 mil empregos à economia portuguesa.
O sector dos perfumes e cosméticos tem vindo a registar no mercado nacional um aumento consolidado nos últimos anos. No entanto, é a indústria que surge em segundo lugar nos rankings da contrafacção com perdas nas vendas de cerca de 145 milhões de euros, o que significa 15,1% de perdas de vendas, comparado com as perdas de 10,6% na União Europeia (EUIPO).
Para além dos prejuízos económicos que a contrafacção implica, a compra de um produto de luxo contrafeito produz uma satisfação para o consumidor efémera, dado que, a qualidade do produto é inferior e a durabilidade, por norma, reduzida. Paralelamente, a cópia do produto nem sempre é perfeita não respeitando, na totalidade, o design, a qualidade do material e o padrão originais, o que leva a que o consumidor não possa usufruir da experiência da marca que iria usufruir com um produto autêntico de marca de luxo.
As marcas de luxo têm como características o requinte, a originalidade, a qualidade, o preço elevado e a sua unicidade. Adjectivos que não podem ser aplicados nos produtos contrafeitos à margem da lei.