Grande parte da actividade económica portuguesa não paga o mesmo a homens e mulheres

As mulheres são a maioria da população residente em Portugal (52,4% vs 46,6%) e quem mais habilitações académicas reúne – em cada 100 pessoas com ensino superior completo, 61 são mulheres e 39 homens. Contudo, verifica-se uma segregação das escolhas educacionais, revelam dados da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), partilhados pela associação Inspiring Girls Portugal.

As maiores taxas de feminização verificam-se nos cursos de educação (77%), saúde e protecção social (77%), ciências sociais, jornalismo e informação (65,2%). Já os cursos de tecnologias de informação e comunicação e engenharia, indústrias transformadoras e construção são os que evidenciam taxas de feminização mais baixas (17,1% e 27,1%, respectivamente).

Além disso, a predominância das mulheres em graus académicos elevados não se traduz na sua participação quanto a poder e tomada de decisão económica, política e académica, onde são ainda minoritárias. As mulheres são maioritárias entre os especialistas das actividades intelectuais e científicas (61%), mas apenas 38,9% dos representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, directores e gestores executivos.

Os dados demonstram ainda que as mulheres ocupam menos cargos de chefia, que a igualdade salarial entre mulheres e homens não se verifica em nenhuma actividade económica e que a grande maioria das actividades económicas apresenta um gender pay gap com prejuízo significativo para as mulheres. Ou seja, o mercado de trabalho português continua marcado por desigualdades estruturais de género que impedem que os homens e as mulheres participem de forma igualitária.

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