Galp: O impacto social como uma medida de sucesso

Qual é o legado que queremos deixar no mundo? Quais as preocupações que devem guiar a nossa acção no presente, para assegurarmos que estamos a abrir caminho para um futuro melhor, mais justo, mais sustentável e socialmente mais equilibrado para as gerações que se seguem? No fundo, como é que as nossas acções podem contribuir para um mundo melhor?

Estas são apenas três das muitas perguntas que nos podemos colocar – seja a título individual ou enquanto comunidade, agente político ou económico – quando nos confrontamos com o nosso papel na sociedade. E por muito que a voracidade do mundo nos esmague, há algo sobre o qual não tenho dúvidas hoje: o impacto que temos – e o que podemos ter na comunidade – é um activo de importância crítica. E está nas nossas mãos.

Esta é uma conclusão que retiro pela experiência que acumulei ao longo dos últimos cinco anos, durante os quais assumi cargos de responsabilidade na Fundação Galp.

É, hoje, para mim, cada vez mais evidente que, num mundo em constante e acelerada evolução, a procura pelo desenvolvimento económico já não pode ser dissociada das preocupações de sustentabilidade e responsabilidade social. A exigência está hoje – e bem – em patamares muito altos: todos desejamos crescimento e prosperidade, mas já ninguém aceita que esses desígnios não assentem em práticas que respeitem os limites do nosso planeta e promovam a equidade e a inclusão social.

Na Galp e na Fundação Galp, temos a convicção profunda de que só através da conjugação destes pilares é que podemos responder, de forma efectiva, aos desafios globais que a nossa sociedade hoje enfrenta.

É por isso que a Galp assumiu publicamente objectivos muito ambiciosos para a sua jornada de descarbonização e tem dados passos muito concretos, nos seus negócios, para atingir as metas a que se propôs. E é também por isso que a visão da Galp e da sua Fundação para a área da responsabilidade social passa por se assumir como parceira das comunidades onde está presente: a parceira natural no caminho da transição energética e na criação de valor partilhado, numa jornada conjunta que está assente na cooperação e na solidariedade.

Actuamos, por isso, em cinco pilares estratégicos na área de Impacto Social da Galp:

  • Soluções de energia e mobilidade sustentável, potenciando o valor partilhado no caminho para a neutralidade, promovendo o acesso a energia e a adopção de soluções energéticas pelas entidades e organizações que contribuem para o bem-estar social das comunidades;
  • Educação e sensibilização dos cidadãos, jovens e crianças, empoderando e apoiando as comunidades na transição energética, contribuindo para a educação de futuro e promovendo o envolvimento cívico de que o país tanto precisa para vencer os desafios à sua frente;
  • Integração de ecossistemas, naturalização e promoção do impacto líquido positivo nos ecossistemas e biodiversidade;
  • Apoio a projectos locais, interligados às prioridades do desenvolvimento sustentável das comunidades locais;
  • Emergências sociais, na óptica da cooperação e resposta humanitária.

FOMENTAR A INCLUSÃO SOCIAL

Um dos impactos mais fortes que tentamos promover nas comunidades onde nos inserimos foca-se nas áreas de educação e inclusão social. O programa de bolsas que promovemos traduz um reforço do compromisso social da Galp com as comunidades, enquadrando-se no âmbito da nossa participação no projecto EPIS – Empresários para a Inclusão Social – que reuniu, em 2023, um total de 42 instituições responsáveis pela atribuição de 195 bolsas, num investimento conjunto superior aos 400 mil euros.

No caso das 40 bolsas sociais que vamos atribuir, estas destinam- se a licenciaturas e mestrados e são para alunos de mérito nas comunidades em que a Galp opera. Para a licenciatura, e para um período de três anos, terão uma atribuição global de 2.700 euros por aluno. As bolsas sociais para mestrado garantem um apoio de 2.100 euros por aluno num ciclo de dois anos de estudos. Este é o segundo ano que distinguimos 40 alunos pelo seu mérito e vontade de prosseguir os estudos.

Na Galp, estamos cientes de que as qualificações dos jovens são um factor-chave para acelerar a transição energética e ultrapassar os desafios da descarbonização. É por isso que a Fundação Galp continua a apostar na criação de condições que contribuam para o combate ao abandono escolar e promovam o sucesso dos alunos no Ensino Superior.

Assumimos esse desígnio com um foco muito particular em zonas de influência de complexos industriais da Galp, como são, por exemplo, os casos de Santiago do Cacém, Sines e Matosinhos – que atravessam processos de transformação – ou de Alcoutim, Ourique e Odemira –, que são o eixo de produção de energia solar fotovoltaica da Galp em Portugal.

O feedback que temos recebido por parte dos alunos tem sido excelente, confirmando o acerto de uma estratégia que estamos convictos se traduzirá, no futuro, num reforço da qualificação dos portugueses para abraçar e liderar a transição energética.

Entre 2019 e 2022, a Fundação Galp disponibilizou 193 bolsas sociais para todos os níveis de ensino para alunos em Portugal, Espanha, Moçambique e Eswatini.

Além das bolsas sociais, temos muitos outros projectos com impacto crescente nas comunidades. Entre esses, destacamos, por exemplo, o movimento “Todos Passos Contam”, que já doou, em três edições (2021 e 2022), 2,2 milhões de refeições a famílias portuguesas através da Rede de Emergência Alimentar. Com recurso ao programa “Energia Solidária”, operacionalizado pela Entrajuda, também estamos a fazer chegar 2,2 milhões de euros em garrafas de gás a um universo potencial de 70 mil famílias em vulnerabilidade. O projecto educativo “Future Up” – que está focado em mobilizar professores, alunos e voluntários para a jornada da transição energética – chegou, no último ano, a 5129 alunos e professores, em 117 escolas e 126 turmas. Destaque também para o prémio “Energy Up”, através do qual a Galp atribui, anualmente, desde 2021, 20 mil euros em painéis solares premiando escolas que estejam a fazer o caminho para a mobilidade sustentável e transição energética.

UM TRABALHO CONJUNTO

Outra premissa que temos muito clara na Galp e na Fundação Galp é a ideia de que para sermos bem-sucedidos no desafio da transição energética e da descarbonização, precisamos de colaboração e confiança. Esta é uma missão que só se concretiza se fomentarmos maior proximidade com os vários stakeholders. Acreditamos que, neste espírito de cooperação, o valor gerado beneficia todas as partes e com impacto a longo prazo.

As empresas não se podem restringir à retribuição de parte daquilo que a sociedade lhes dá. No nosso caso, o give back é complementado pela ideia de build with. Ou seja, contamos com o envolvimento directo das comunidades, dos seus representantes, das nossas pessoas, nas soluções conjuntas de desenvolvimento social e ambiental.

E também aqui gostamos de liderar pelo exemplo. Sentimos uma adesão crescente das nossas pessoas às iniciativas de responsabilidade social que desenvolvemos ou abraçamos. E acreditamos que isso resulta de uma maior consciencialização global da sociedade, sobretudo devido à necessidade de apoiar o próximo. Contudo, também provém de um esforço adicional que temos feito na Galp, para que esse movimento seja consistente e consequente.

Acredito que é desse esforço que nascem os resultados. Por exemplo, em 2022, cerca de 1255 voluntários da Galp deram 6442 horas a projectos comunitários, muitos em que a Galp é investidora social. E estes números, já bastante elevados, foram já suplantados em 2023: só até ao início de Novembro deste ano, tivemos 1500 voluntários Galp a investir 70 mil horas no apoio a projectos comunitários.

Ou seja, as nossas pessoas estão a abraçar os projectos sociais das comunidades onde estamos presentes, envolvem-se e fazem parte desta jornada. Desafiam-nos a manter a fasquia alta, assegurando que a responsabilidade social empresarial é um valor e um propósito transversal a toda a actividade da Galp. Porque o impacto social é também uma medida do nosso sucesso.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Sustentabilidade e Responsabilidade Social”, publicado na edição de Dezembro (n.º 329) da Marketeer.

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