“Freelancer do Dia CCP by Marketeer”: Tânia Ramos
É difícil sobressair por entre dezenas de curriculos. A partir de certa altura, os nomes confundem-se e aquele que poderia ser o par perfeito para um projecto na calha acaba por fugir. Partindo do directório lançado pelo Clube Criativos Portugal (CCP), a Marketeer propõe conhecer melhor alguns dos talentos freelancers nas áreas da criatividade e comunicação.
Tânia Ramos (designer de comunicação) é a mais recente protagonista da rubrica “Freelancer do Dia CCP by Marketeer”, que apresentará, duas vezes por semana, exemplos de quem decidiu aventurar-se por conta própria.
Qual é o trabalho de que mais te orgulhas?
De todos os trabalhos que desenvolvi e que já estive em contacto, aquele de que mais me orgulho será, sem dúvida, o mais recente. Para além de ter sido um projecto desenvolvido para a organização em que trabalho, conta uma história muito pessoal para a entidade.
A TAIPA consiste numa organização cooperativa com foco no desenvolvimento comunitário do concelho de Odemira e, desde a sua origem, que sempre esteve muito ligada ao território. Com a aproximação da celebração dos seus 20 anos de existência, decidiu-se assinalar esta data com uma nova identidade, algo que representasse exactamente o seu foco principal, a intervenção no terreno. Os mapas foram a principal inspiração, em concreto os mapas topográficos. Estes mapas caracterizam-se pela detalhada representação do relevo, principalmente por meio de linhas curvas (curvas de nível) e, assim, através do mapa topográfico de Odemira, e procurando tornar a TAIPA mais contemporânea, surgiu a nova imagem da “Taipa 20 anos” (que podem consultar nas imagens), que reflecte não só a sua intervenção e experiência no terreno mas também o seu espírito novo e empreendedor.
Foi um projecto desafiante, devido à notoriedade que a entidade tem no concelho e também à importância desta data, mas ao mesmo tempo tornou-se um projecto altamente gratificante. Para mim, projectos com história que causam grande impacto no cliente, surpreendendo-o e trazendo algo que não estavam à espera, são aqueles que me trazem o maior sentimento de orgulho.
Qual é o projecto que queres fazer a seguir?
Nos últimos tempos tenho experienciado um grande interesse pela área do marketing, pondero inclusive no futuro enveredar nesta área complementando assim os meus conhecimentos de design. Desta forma, num futuro próximo desejaria trabalhar num processo de rebranding, ou criação de marca, desde raiz e de forma completa até à gestão de marca e onde pudesse trabalhar em parceria com outros departamentos, nomeadamente com equipas de marketing.
Porque é que te devem contratar?
Considero-me uma pessoalmente altamente perfeccionista e isso realmente faz a diferença no resultado final. Considero que o design vive muitos dos pormenores e são eles que podem tornar uma marca/produto/serviço banal algo único. Este traço da minha personalidade juntamente com o facto de ser bastante persistente, pois não desisto ao primeiro desafio que aparece, acaba por me destacar da concorrência.
Privilegio muito a relação com o cliente. Acho que se existir uma boa relação e contacto constante o projecto apenas terá a ganhar, no entanto é preciso existir uma compreensão mútua. Para além destes pontos que referi, o cliente poderá sempre contar com a minha ambição em procurar sempre o melhor resultado de acordo com o que é pedido. Nunca fui uma pessoa de me deixar estagnar e procuro constantemente melhorar o meu trabalho, as minhas ferramentas e até os meus conhecimentos. Mesmo por essa razão, estou actualmente a fazer uma pós-graduação em Branding de forma a aprofundar os conhecimentos já iniciados na licenciatura em Design de Comunicação.
Como vês a situação actual que vivemos?
Vivemos uma situação única e que ninguém esperava, nisso todos podemos concordar. Quando penso sobre o momento que atravessamos, remeto muitas vezes o meu pensamento para a passagem de ano 2019/2020. Quando fazemos a mudança para um ano novo, tudo o que pedimos é que seja ainda melhor que o anterior, que tenhamos mais dinheiro, mais saúde, mais sorte. O ser humano é altamente insatisfeito. Ninguém imaginava o que 2020 nos iria trazer. É uma situação altamente assustadora, esta iminência de contágio que vivemos no nosso dia-a-dia. A quantidade de mortes causadas por esta doença é aterradora e ninguém questiona a forma como mudou a nossa vida. Sair de casa e estar com amigos e família já não é o mesmo. Simplesmente, tudo mudou.
No entanto, gosto de pensar que nem tudo mudou para pior. Sim, temos de andar constantemente de máscara; sim, temos de ter um cuidado redobrado com as pessoas com quem temos contacto e temos de minimizar ao máximo esses mesmos contactos. Contudo, acho que esta pandemia trouxe grandes mais-valias à sociedade. Veio mostrar-nos o quão facilmente nos adaptamos: quase do dia para a noite grande parte de nós teve de começar a trabalhar a partir de casa e o formato da escola foi alterado radicalmente.
Trouxe também um grande desenvolvimento do e-commerce e de alternativas para fazer as lojas e serviços chegarem até ao cliente, de formas que até antes não se tinha pensado e que a pandemia forçou a existir. Trouxe a criação de novos serviços a marcas que possivelmente nunca antes o tinham pensado.
Mas acho que a maior mais-valia foi sem dúvida o agradecimento. Apercebemo-nos que tudo o que temos como garantido é frágil, pois num instante tudo muda. A forma como vivemos a vida muda, as relações mudam. Quando antes considerávamos visitar um familiar algo rotineiro e sem interesse, agora, que nos vimos privados das nossas famílias, valorizamos esses contactos de outra forma e aprendemos acima de tudo a agradecer e a desfrutar. Não devemos tomar nada como garantido e esta pandemia só veio mostrar exactamente isso. Infelizmente, considero que a pandemia veio para ficar e eventualmente iremos aprender a viver nesta nova realidade e com esta doença. Era preferível que tivéssemos aprendido o quão é um luxo vivermos a vida como vivíamos de outra forma, no entanto foi preciso uma pandemia para que nos apercebessemos disso. Só espero que após esta fase não nos esqueçamos desta fragilidade da vida com a mesma facilidade de antes.
Desde quando és freelancer e porquê?
Comecei a trabalhar como freelancer em 2017. No entanto, só agora em 2020 é que estou realmente a focar-me e a investir nesta parte da minha carreira. Para além de todas as vantagens associadas, penso que comecei a trabalhar como freelancer acima de tudo por causa da relação com o cliente. Neste formato, a relação é muito mais próxima e directa.
Além disso, desta forma existe um maior controlo sobre o resultado final, este será o reflexo da criação única do freelancer com o insight do cliente.
Quais as vantagens e desvantagens de ser freelancer?
Como qualquer outro emprego, ser freelancer tem as suas vantagens e desvantagens. Acho que como uma das principais vantagens posso considerar, além das duas acima mencionada – ligação mais próxima e directa com o cliente e um maior controlo do resultado final – a flexibilidade de local e horário. O facto de trabalhar como freelancer permite-me fazer o meu próprio horário, mas é importante estabelecer limites para não estar constantemente a trabalhar até horas tardias e conseguir o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal. O local também ele acaba por ser flexível, tanto se poderá trabalhar no Norte como no Sul do País ou até mesmo internacionalmente e o mesmo funciona para o cliente. Vivemos num mundo onde felizmente facilmente nos movimentamos e a distância já não impõe as restrições de antigamente.
Uma das principais desvantagens que vejo neste trabalho tem a ver com a solidão. Por vezes, o trabalho numa equipa torna-se menos cansativo e mais dinâmico e como freelancer às vezes sente-se a falta dessa interacção. Na situação única que vivemos actualmente, trabalhar como freelancer acaba por ser um privilégio.
Para conhecer mlehor Tânia Ramos:
Directório Freelancers CCP
https://freelancers-ccp.webnode.pt/designers/
Website
https://taniarramos.myportfolio.com
Behance
https://www.behance.net/taniacrramos