“Freelancer do Dia CCP by Marketeer”: João Bacelar

É difícil sobressair por entre dezenas de currículos. A partir de certa altura, os nomes confundem-se e aquele que poderia ser o par perfeito para um projecto na calha acaba por fugir. Partindo do directório lançado pelo Clube Criativos Portugal (CCP), a Marketeer propõe conhecer melhor alguns dos talentos freelancers nas áreas da criatividade e comunicação.

João Bacelar (director de arte, fotógrafo, ilustrador e designer) é o mais recente protagonista da rubrica “Freelancer do Dia CCP by Marketeer”, que apresentará, duas vezes por semana, exemplos de quem decidiu aventurar-se por conta própria.

Qual é o trabalho de que mais te orgulhas?

Ao longo dos anos tenho tido o privilégio de realizar muitos trabalhos de que me orgulho em diferentes áreas. Posso salientar, na área da ilustração, os livros infantis para a Oficina do Livro e os rótulos para a cerveja Dois Corvos. Na área da publicidade, as campanhas para a marca Pump da Wells e a direcção de arte da imagem vencedora do Absolut Creative Competition 2019. Em fotografia, as capas para a revista Dif, o trabalho desenvolvido para a Adidas e as várias exposições de backstage de moda.

Qual é o projecto que queres fazer a seguir?

Todos os que surjam como um desafio.

Porque é que te devem contratar?

O facto de ser multidisciplinar permite-me realizar trabalho muito diferenciado de uma forma bastante completa.

Como vês a situação actual?

A situação que vivemos neste momento é bastante complicada pois houve um corte no volume de trabalho e acredito que estamos a viver um período de anormalidade. Ninguém sabe grande coisa sobre a situação que estamos a viver, para uns pandemia é um plano “deles” para resgatar instituições bancárias ou instalar antenas 5G. O distanciamento deve ser de dois metros, ou não menos ou mais. O vírus não se dá bem com o calor, afinal dá-se bem, as mãscaras dão uma falsa noção de segurança, afinal é obrigatório usar máscara, etc..

É muito complicado perceber o rumo que esta situação vai tomar. Inicialmente, outros países comentavam o “milagre português”, agora lemos noticias de países que fecham as fronteiras ao “milagre português”.

Penso que o trabalho que irá aparecer nos próximos tempos será de pequenos clientes locais. No meu caso, foram as marcas multinacionais as primeiras a cancelarem o trabalho no inicio da pandemia e acredito que vão ser as ultimas a voltarem à normalidade, ou anormalidade dependendo do ponto de vista.

És freelancer desde quando e porquê?

Desde 2008. Desde que comecei a trabalhar como director de arte fui assistindo ao longo dos anos a um emagrecimento das agências e a um abuso cada vez maior por parte dos clientes e desrespeito pelo trabalho apresentado. O facto é que grandes agências, no medo de perderem clientes, acabavam por prestar não serviço a clientes mas servilismo. Exigências por vezes descabidas: lembro-me, por exemplo, de um banco que passava um briefing à agência para uma campanha, mas impunha que fossem feitas cinco propostas diferentes devidamente desenvolvidas com toda a parte de below the line e uma quantidade de diferentes adaptações do mesmo cartaz para formatos diferentes. As directas e noitadas eram recorrentes e muitas vezes para nada.

Quais são as vantagens e desvantagens de ser freelancer?

As vantagens de ser freelancer são várias. A primeira é o controlo sobre o trabalho. O que acontece muitas vezes na linha de montagem interna de uma agência são várias mutações do trabalho antes de ser apresentado ao cliente. Horário de trabalho flexível. Outra vantagem no meu caso são as diferentes tipologias de trabalho. O não haver uma equipe fixa, permitindo, de projecto em projecto, montar a melhor estrutura para a melhor resposta. Contacto mais directo com o cliente.

Nas desvantagens tenho que salientar que se trabalham muito mais horas. A existência de outro tipo de preocupações, por exemplo facturação. A falta de comunicação e contacto com colegas para por exemplo discutir ou ter opiniões sobre o trabalho que estamos a criar.

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