Digital: um Mar de Oportunidades
Por Marco Gouveia, consultor e formador de Marketing Digital, CEO da Escola Marketing Digital e autor do livro “Marketing Digital: O Guia Completo”
Com a recuperação da economia no pós-pandemia, o número de empregos voltou a crescer em muitos países da Europa, entre eles Portugal. Paralelamente, assistimos a uma escassez de mão-de-obra em diversos sectores no nosso país. Embora os mais afectados sejam especialmente a Hotelaria, Turismo, Restauração, entre outros, a área de Tecnologias da Informação tem também sentido esta dificuldade.
Em nenhum momento da História houve tanta oferta de emprego para a área de TI como agora. O mercado deu um salto de crescimento nos últimos dois anos, com as empresas a serem “forçadas” a digitalizar o seu negócio, seja para sobreviverem ou para darem resposta à alta procura dos consumidores (como no caso do e-commerce), mas a qualificação de profissionais para esta área não acompanhou esse salto.
A necessidade das empresas de entenderem melhor o cliente e a consequente utilização de uma quantidade significativa de tecnologia resultou na criação de uma estreita relação de interdependência entre a área das TI e o Marketing. O Marketing utiliza cada vez mais ferramentas tecnológicas, sobretudo digitais, para conseguir criar conexões de valor entre marca e público-alvo e as TI, por sua vez, assumiram um papel importante na estratégia de negócio das empresas, inclusive no Marketing.
Devido à concorrência cada vez mais acirrada e à crescente exigência dos consumidores, esta aproximação entre ambas as áreas foi quase obrigatória. Nunca se falou tanto em experiência do consumidor como se fala actualmente e para proporcionar a melhor experiência é essencial conhecer este consumidor, entender as suas necessidades, analisar a fundo o seu comportamento – é aqui que entram em cena as ferramentas tecnológicas, sobretudo as digitais. Do tradicional CRM até soluções de analytics, passando pelas redes sociais, há inúmeros meios digitais que podem ajudar a captar, organizar e analisar dados em grandes quantidades, fornecidos pelo próprio mercado.
Daí que o curso de Marketing Digital seja também um dos Cursos Profissionais com mais saída profissional (segundo o site Mais Cursos, uma das melhores e maiores plataformas agregadoras de ofertas de formação e cursos profissionais em Portugal). Além disso, as pessoas com um curso profissional ganham, em média, cerca de 30% mais que os profissionais não qualificados e cerca de 80% das pessoas que concluíram um curso profissional conseguem arranjar emprego em menos de um ano.
Acredito que a educação é, sem dúvida, uma das soluções para ultrapassar a escassez de mão-de-obra nestas áreas, cada vez mais interdependentes. Segundo um estudo da Hays, embora a maioria das organizações esteja preocupada com a escassez de competências, apenas metade dos trabalhadores acredita que os recursos de aprendizagem fornecidos pelos seus empregadores satisfazem as suas necessidades. Mais grave ainda, apenas metade (52%) dos trabalhadores disseram ter recebido, de facto, recursos de formação do seu empregador. Podemos, assim, concluir que muitos empregadores parecem não conseguir identificar e incorporar as competências necessárias para as suas equipas, o que resulta num desajuste entre as competências de que necessitam e as competências que os trabalhadores realmente possuem.
A aposta na formação deve ser uma acção conjunta, tanto da parte do empregador como dos próprios profissionais. Por isso, para as empresas que actualmente se debatem com este problema, fica aqui o incentivo para reinventarem os seus programas de formação profissional, de modo a colmatarem esta lacuna. Já para as pessoas que estão numa situação de indecisão sobre a área a seguir ou que querem tomar um rumo diferente na sua vida profissional, vale a pena considerar estas opções. Portugal tem a intenção de se tornar “mais digital” nos próximos anos, pelo que as perspectivas são bastante positivas a médio-longo prazo.