Cupra voltou à casa de partida para acelerar em direcção ao futuro

A celebrar quatro anos de actividade, a Cupra organizou um evento em Terramar (Sitges, Espanha), onde tudo começou, para comemorar o passado, mas sobretudo perspectivar o futuro, que passa pela electrificação, pela internacionalização e por uma forte ofensiva de produto. Até 2025, a marca automóvel irá lançar três novos modelos, nomeadamente um híbrido e dois 100% eléctricos.

“Unstoppable Impulse” foi o mote do evento que juntou mais de 400 jornalistas de diversas nacionalidades para dar a conhecer as novidades da insígnia. O evento decorreu numa localização simbólica, em Terramar, junto ao icónico circuito oval da região da Catalunha, onde a história da Cupra começou, em 2018. Desde então, a marca do Grupo Volkswagen já comercializou perto de 200 mil unidades e, no ano passado, registou um volume de negócios de cerca de 2,2 mil milhões de euros (versus 430 milhões em 2018).

Os números comprovam o rápido crescimento de uma das marcas mais jovens do mercado automóvel mundial, mas que quer correr ao ritmo das mais maduras. «Em 2018, tivemos a audácia de lançar uma marca automóvel que não era premium. Uma marca diferente no mercado, que se destaca porque significa algo: a vontade de criar automóveis emocionais, com uma grande performance», salientou Wayne Griffiths, CEO da Cupra, no palco do evento. «A Cupra é emoção pura. A emoção é o que nos leva a desenhar carros», secundou o director de Estratégia, Desenvolvimento Empresarial e Operações, Antonino Labate.

De acordo com Wayne Griffiths, a Cupra foi «lançada na altura certa, no início da revolução eléctrica no mercado automóvel» e veio ocupar uma lacuna no seio do Grupo Volkswagen, que era «a falta de uma marca contemporânea». Com efeito, os clientes da Cupra são 10 a 15 anos mais novos em relação a outras marcas do grupo, tornando-a a marca que «concorre com as outras emergentes no mercado automóvel e que veio ocupar o lugar entre o mass market e o segmento premium».

Apesar dos números favoráveis – que têm superado inclusive as expectativas da marca –, Wayne Griffiths lembrou que, nestes quatro anos, a Cupra já teve de superar um contexto desafiante para o sector, relacionado com a pandemia de Covid-19, a crise de semicondutores e, agora, a guerra na Ucrânia. «Claro que houve alguns receios em relação ao nosso sucesso, mas sempre soubemos que iria depender apenas de nós. Então, desde o início que tentamos traçar um mindset vencedor. E é esse mindset que nos permitiu chegar onde estamos hoje», realçou o CEO. «Durante esta jornada, muitas pessoas duvidaram de nós. Mas isso só nos tornou mais fortes», reiterou.

Agora, os objectivos da Cupra são ainda mais ambiciosos: a marca espanhola quer ultrapassar a fasquia das 500 mil unidades vendidas por ano «a médio prazo». Já este ano, espera duplicar o volume de vendas, melhorar a rentabilidade e continuar o processo de internacionalização, com a entrada directa no mercado australiano.

Ofensiva eléctrica

O evento “Unstoppable Impulse” serviu assim para fazer o balanço dos primeiros quatro anos de Cupra, mas também para antever o que será o futuro da marca, que espera ter uma gama totalmente eléctrica até 2030.

Em termos de produto, a estratégia começou pelo lançamento de automóveis com a matriz da marca irmã SEAT: o primeiro a ser lançado, em 2018, foi o Cupra Ateca, seguindo-se, dois anos depois, o Cupra Leon, o primeiro electrificado, com um motor híbrido plug-in. Só mais tarde surgiria o Cupra Formentor, o primeiro modelo 100% Cupra – ou seja, a ser construído de raiz –, que haveria de inaugurar uma nova fase na vida da insígnia. Actualmente, este crossover é o best-seller, com cerca de 100 mil unidades vendidas em todo o Mundo.

Já o Cupra Born foi o primeiro automóvel 100% eléctrico, marcando uma nova fase em termos de sustentabilidade – foi ainda o primeiro a ser entregue aos clientes com uma pegada de carbono neutra.

Agora, a marca dá seguimento à sua estratégia de electrificação, com a apresentação de três novos modelos que serão lançados nos próximos três anos: Cupra Terramar, Cupra Tavascan e Cupra UrbanRebel.

O primeiro, cujo nome é uma homenagem ao local que é o berço da marca, é um híbrido plug-in, que irá reforçar a oferta da marca no segmento SUV, o que mais cresce no mercado europeu. Este SUV de aspecto desportivo – que Wayne Griffiths fez questão de dizer que «não é uma evolução do Ateca, são carros completamente diferentes» – estará disponível em versões de combustão interna, bem como numa nova geração de motorizações híbridas plug-in que oferecem cerca de 100 quilómetros em modo totalmente eléctrico. Este modelo será produzido na Hungria (na fábrica de Györ, da Audi) e deverá chegar ao mercado em 2024.

Nesse ano, chegará também às estradas o novo Cupra Tavascan, cuja versão final promete ser fiel ao modelo conceptual apresentado em 2019. Este é o modelo eléctrico no qual a Cupra aposta para chegar a novos mercados.

Porém, a maior surpresa estaria marcada mais para o fim da apresentação em Terramar e chegou com o auxílio da tecnologia: primeiro, foi pedido a todos os presentes na plateia que colocassem uns óculos de realidade virtual que estavam dispostos nas cadeiras em frente. O que se seguiu foi uma autêntica viagem virtual (tranquila e sem solavancos) a bordo do Cupra UrbanRebel, que permitiu ver todos os detalhes como se estivéssemos no habitáculo do carro. Só depois é que o novo eléctrico urbano da marca seria oficialmente apresentado no palco (ainda, claro, em versão protótipo).

Com lançamento agendado apenas para 2025, o UrbanRebel será «o modelo chave para o futuro da electrificação da marca», conforme anunciou Wayne Griffiths. Com um motor eléctrico de 166 kW, este modelo promete uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em apenas 6,9 segundos e uma autonomia de 440 quilómetros. Não só pela performance, mas sobretudo pelo design desportivo, será um modelo pensado especialmente para as novas gerações – os comandos no volante, por exemplo, vão imitar os botões de um comando de gaming, tal como pudemos comprovar aquando da nossa “viagem” virtual.

«Este é o carro que vai demonstrar que os eléctricos não têm que ser aborrecidos e podem ser sexy. A atitude da Cupra é fazer carros “cool” que despertem emoções», sublinhou o CEO da Cupra. E acrescentou: «Vamos continuar a lutar para trazer as emoções para um mundo dominado pela racionalidade. Vamos construir um futuro que vai ser tudo menos aborrecido. O futuro é Cupra. O futuro é eléctrico.»

Durante o evento “Unstoppable Impulse”, a Cupra revelou ainda as futuras versões da actual gama (Cupra Leon, Cupra Formentor e Cupra Born), que serão renovadas até 2025, num total de sete novidades apresentadas.

Texto de Daniel Almeida, em Terramar, Espanha

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