Comunicação em 2023: o que esperar?

Por Catarina Oliveira, directora da Canela Portugal

Parece que ainda ontem festejávamos a entrada em 2022 e já estamos quase de saída. Depois de muitas videochamadas, incontáveis horas à frente do ecrã e outras tantas a repensar a forma de trabalhar, é tempo de um merecido detox digital e momentos de lazer para equilibrar a balança entre as esferas pessoal e profissional. Pelo caminho, é importante reflectir sobre as aprendizagens que este ano nos proporcionou e o que podemos esperar daqui para a frente.

Ao nível do talento nas empresas, expressões como salário emocional entraram oficialmente no dia-a-dia do nosso sector, fazendo-nos olhar ainda mais para dentro da organização e perceber que, entre a pandemia e as novas gerações a ingressar o mercado de trabalho, é impossível continuar a acreditar que a fórmula dita tradicional continuará a funcionar.

Quando olhamos para o panorama do sector, também constatamos que muitas coisas estão a mudar: desde a forma de organizar alguns eventos, ao próprio modo de trabalhar com o cliente – cada vez mais orientado para aportar valor e entrar na “conversa” com mensagens chave e menos preocupado com quantos comunicados de imprensa se lançam ou os famosos relatórios de clipping.

Olhando para o futuro, eis o que diz a nossa bola de cristal:

●       Lei da atracção com base nos valores da empresa. Sendo certo que o nosso negócio é baseado em avenças mensais e projectos, na hora de definir planos de new business torna-se crucial ter em conta, entre outros factores, os valores de quem vamos bater à porta. Ter uma wish list “compatível” é meio caminho andado para haver química desde o pitch e, posteriormente, na colaboração. Temos assistido, por exemplo, a um movimento crescente de empresas com a certificação B Corp que beneficiarão, sem dúvida, de parceiros que falem “a mesma língua”.

●       Sem comunicação interna não há bem-estar empresarial. Nos últimos anos, temos ouvido falar cada vez mais sobre o burnout no local de trabalho ou sobre a “demissão silenciosa”. Se as condições dos colaboradores não forem melhoradas, a comunicação pouco fará. Graças à comunicação interna, é possível saber quais são as necessidades das pessoas, ser mais transparente, partilhar o objectivo da marca e caminhar para um objectivo comum. Muitas empresas estão a chegar à conclusão que uma boa gestão da comunicação interna é realmente a chave para reter e atrair talento.

●       Encontros individuais ou em pequenos grupos em vez de grandes conferências  de imprensa. Com pequenos eventos de imprensa, em vez de conferências grandes, temos a oportunidade de personalizar a informação para os jornalistas, como por exemplo, oferecer detalhes exclusivos a cada meio de comunicação ou proporcionar experiências imersivas com a marca – o que também ajuda a acomodar as agendas atarefadas dos jornalistas. Graças a este tipo de reuniões, os jornalistas recebem informação mais personalizada, concentrando-se nas suas necessidades e abordagens noticiosas, uma vez que cada meio de comunicação trata a informação de forma diferente, dependendo do seu público e formatos.

●       Humanização das marcas através dos “C-levels” nas redes sociais. Até agora, tem-se falado muito sobre como os “C-levels”, especialmente no sector B2B, devem aparecer nos meios de comunicação social para humanizar a empresa e trabalhar a sua reputação – mas, e as redes sociais? Em 2023 começaremos a ver mais CEOs e gestores de topo com presença digital, especialmente no sector B2B. Por exemplo, em 2022 vimos o Linkedin tornar-se um pouco mais humanizado, uma vez que os utilizadores partilham cada vez mais histórias pessoais relacionadas com o trabalho.

●       Conteúdo útil em todos os formatos. Agora que o Google mudou o seu algoritmo para dar prioridade ao conteúdo com informação útil e contrastada através de SEO, podemos ver que esta tendência não é exclusiva dos blogs. Na imprensa, os comunicados “soft” como “4 dicas para…” estão a tornar-se cada vez menos úteis. Neste sentido, em 2023 veremos um regresso de conteúdos mais elaborados, com dados e fontes que tornam a informação sólida e credível.

●       Modo escuro nas aplicações, uma tendência do design. É uma realidade que cada vez passamos mais tempo em frente aos ecrãs. A pensar nisso, a nova tendência ao nível de webdesign é o interface escuro, que reduz o cansaço visual e poupa a bateria em dispositivos móveis. Pouco a pouco, os utilizadores integram esta opção no uso do seu quotidiano e, da mesma maneira, as marcas, as aplicações e os websites adaptam as suas interfaces a este formato, como por exemplo o Spotify e a Netflix.

●       Influencers nicho a ganhar terreno. Várias marcas, entre as quais algumas nossas clientes, começam a arriscar em perfis altamente especializados onde há uma confluência de valores – ligados, por exemplo, à sustentabilidade, inclusão e empoderamento feminino. Como referi antes, há que ter uma visão “holística” da marca e compreender que a reputação é uma maratona e não um sprint.

Em nome de toda a equipa da Canela, votos de um excelente ano de 2023!

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