Ávoris Corporación: Um grupo integrado e com força no mercado

Com uma presença consolidada no país vizinho, a espanhola Ávoris Corporación assume agora como missão reforçar a sua presença no mercado português, em todas as áreas onde actua, que vão desde os transportes (com a companhia aérea Iberojet) à operação turística (onde detém a portuguesa Nortravel, entre muitas outras), passando pela distribuição (B the travel brand).

Em entrevista, Javier Castillo Medina, director-geral para Portugal da Ávoris Corporación, explica a estratégia em curso para concretizar esse plano e trabalhar esse posicionamento. «Queremos que o grupo, com todas as suas marcas e diferentes áreas de negócio onde actua, se afirme cada vez mais no mercado português com uma presença de destaque», sublinha.

A intenção da Ávoris é reorganizar a empresa através de uma visão mais global. Que reflexo terá no negócio em Portugal?

Independentemente de Portugal ter a sua própria posição como país, o que tencionamos fazer é aproveitar todas as nossas valências para que a nossa operação no mercado seja líder no sector do Turismo. Desta forma, temos a intenção de ter uma empresa mais integrada, o que não quer dizer que não mantenhamos as características que distinguem o mercado português, desde a procura por determinados destinos à forma como se comportam todas as estruturas no sector. Enquanto Ávoris Corporación, queremos continuar a prestar esses serviços, globalizando- os e fazendo com que sejam mais transversais nas áreas de negócio onde actuamos.

Sob a umbrela Ávoris, temos outras marcas que actuam em áreas bastante diversificadas, desde os transportes, com a companhia aérea Iberojet (com licença para operar tanto em Espanha como em Portugal), até às 10 marcas de operação turística, entre elas a portuguesa Nortravel, mas também outras mais especializadas, como é o caso da Catai ou Travelplan. Temos uma vasta oferta que pode cobrir até 90% das necessidades das agências de viagens que nos procurarem no âmbito da sua actividade profissional.

Trabalhamos desde a área de férias à corporativa, onde temos uma marca muito forte, a Escalatur, passando pela área da distribuição, com a B the travel brand, que vai passar a chamar-se B Travel.

Na verdade, o nosso projecto passa por abordar todas as áreas do sector, ajudando a nossa própria rede, bem como todas as agências de viagens, facilitando-lhes qualquer produto no âmbito do turismo. Queremos crescer e desenvolver o negócio em conjunto com quem queira trabalhar connosco.

Qual a importância da Iberojet na estratégia do grupo?

Com a incorporação de uma companhia aérea na sua estrutura, a Ávoris Corporación passou a ter capacidade de transporte, o que nos trouxe alguma liberdade para podermos programar, tanto destinos de partida como de chegada. Simultaneamente, conseguimos ter mais flexibilidade relativamente às operações que implementamos e que, assim, conseguimos trabalhar mais facilmente. Podemos, desta forma, garantir uma quantidade e uma qualidade de transporte que se coadunam com a estrutura e os objectivos da empresa.

Ter uma companhia aérea no grupo tem muitas vantagens, mas tem o inconveniente de, perante a situação actual de aumento do preço do combustível e da variação do dólar, enfrentar algumas dificuldades. Apesar disso, e num projecto como o nosso, integrado, ter uma companhia aérea é essencial.

Inauguraram recentemente o voo charter entre o Porto e Punta Cana. Porquê juntar estes dois destinos? E como está a correr a operação?

Como conhecemos bem o fluxo de procura, já tinha havido em anos anteriores a intenção de implementar esta ligação. Punta Cana é um destino muito procurado para férias pelos turistas da região Norte, pelo que implementar esta ligação desde o Porto foi de extrema importância. Aliás, todos os nossos destinos de sol e praia são bastante requisitados pelos turistas residentes na região Norte de Portugal.

Relativamente aos níveis de ocupação, têm sido excelentes, com a frequência semanal sempre com ocupação máxima. Da mesma maneira, todos os voos que se vão realizar até meados de Setembro estão já com máxima ocupação. Podemos mesmo afirmar que esta operação está a ser um verdadeiro sucesso, o que, de facto, nos ajuda não só a incrementar a marca, mas também a posicioná-la no mercado português.

Qual a importância da rede de agências de viagens B the travel brand e de que forma tem evoluído no mercado nacional?

A B the travel brand surgiu no seguimento da aquisição da Halcon Viagens por parte da Ávoris. Não é uma marca que acompanhe facilmente uma empresa com a agilidade da Ávoris, mas tanto em Espanha como em Portugal tem tido uma excelente aceitação por parte dos consumidores. Isso sucede porque a marca representa qualidade, bom nível de serviço, e, claro, ajuda muito o facto de as três lojas serem muito apelativas. Nestes espaços premium conseguimos oferecer um serviço mais personalizado a todos os clientes que nos procurem, além de realizarmos regularmente diferentes acções.

Mas queremos mais, motivo pelo qual estamos a mudar a marca em Portugal de B the travel brand para B Travel, designação que nos parece ser mais próxima do consumidor.

Numa altura em que o turismo “regressa” após os anos de pandemia, qual o posicionamento da Ávoris para o futuro?

Foram dois anos muito complicados para todo o sector do Turismo. No início da pandemia pensávamos que todas as empresas que conseguissem aguentar esta situação saíram dela muito mais reforçadas. Apesar de não ter sido bem assim, a situação não foi tão caótica como noutros sectores, onde desapareceram muitas empresas. O que sucedeu foi o aproveitamento da pandemia para realizar algum tipo de reestruturação interna, para reflectir sobre o caminho a seguir e o que poderíamos melhorar.

No caso da Ávoris, o que se revelou mais complicado foi concretizar a fusão de duas grandes empresas, a Ávoris e o Grupo Globália, o que nos obrigou a encetar alguns esforços inesperados, mas tudo correu bem. Se podemos retirar algo de positivo de toda esta situação, é o facto de todos terem percebido que viajar é extremamente importante para o ser humano.

Durante os dois anos em que não pudemos viajar, em que vimos limitada a nossa liberdade de circular, percebemos que é, realmente, algo essencial. É impossível negar que, hoje, viajar é um direito e uma necessidade que todos temos.

Há quem defenda que o turismo pós-Covid-19 pode ser melhor do que o turismo pré-pandemia. Concorda?

Na verdade, há certos aspectos que vão ser diferentes, como as medidas de segurança e sanitárias que vieram para ficar, as viagens com algum género de restrições e o facto de as pessoas preferirem agora viajar em grupos de amigos e família para destinos um pouco mais controlados. Mas atenção, não significa isto que as grandes viagens vão deixar de se realizar, o que vai acontecer é que vai existir um target de clientes que vai procurar viagens mais sustentáveis.

O que a pandemia veio fazer foi acentuar uma tendência que já vinha do passado em relação ao turismo sustentável. Assim, de modo a evitar ao máximo tudo o que sejam emissões nocivas, utilizamos na Ávoris serviços onde o nível de contaminação é o menor possível.

O que está ou irá mudar no segmento corporate?

Baseado nos últimos resultados, acredito que essa mudança foi apenas o impacto inicial das consequências da pandemia, como a maior utilização de ferramentas tecnológicas, como o Zoom ou o Teams, que nos permitem ter uma conexão com os outros sem a necessidade de nos deslocarmos fisicamente. Isto pode ter-se reflectido na área de negócio corporativa, mas acredito que não nos vai afectar de uma forma significativa.

Se é verdade que algumas empresas podem deixar de realizar algumas viagens de negócios, optando pelos meios tecnológicos, está cada mais claro que as relações pessoais e a presença física junto, por exemplo, de clientes, é importante, logo não me parece que vá ter um fim.

Quais os principais objectivos do grupo em Portugal?

Na Ávoris Corporación, temos neste momento um plano estratégico para Portugal que tem o objectivo de fortalecer a nossa posição no mercado nas três vertentes da nossa actividade: distribuição, operação turística e transporte. E este plano integra não só as nossas próprias estruturas, como as das outras agências de viagens com as quais já trabalhamos ou podemos vir a trabalhar, e das quais não vamos nunca abdicar.

Queremos continuar a crescer na oferta de destinos turísticos, tanto na origem como na chegada, de modo a fomentar a nossa posição enquanto um excelente prestador de serviços.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Turismo”, publicado na edição de Agosto (n.º 313) da Marketeer.

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