Teatro Tivoli BBVA: Um teatro para o século XXI
O espaço destacou-se ao longo dos anos na vida cultural da capital, com uma programação ecléctica e constante, pautada pela distinção e pela diversidade.
Em 2022 o Teatro Tivoli BBVA atingiu o marco de 140 mil espectadores, registando o recorde da sua história. Já em 2023, os números apontam para os 180 mil espectadores.
«A expectativa é que o número continue a aumentar, eventualmente, para os 200 mil espectadores, pois o teatro prepara-se para assinalar o centenário com uma programação tão ambiciosa, que certamente captará a atenção dos públicos», afirma Paulo Dias, director-geral da UAU e administrador do Teatro Tivoli BBVA.
Embora o centenário do cineteatro lisboeta se assinale em 2024, as comemorações arrancam já a 30 de Novembro de 2023, com uma das mais conhecidas e amadas operetas de Johann Strauss II, Die Fledermaus (“O Morcego”), apresentada pelo Teatro Nacional de São Carlos no palco do Tivoli. Para a grande festa, a UAU, produtora de espectáculos que adquiriu o teatro em 2011, preparou um ciclo de programação abrangente e integrador, que contempla seis categorias: cinema, dança, música/concertos, teatro, família e conferências, que se prolongará por dois anos, até 2025.
100 ANOS DE CULTURA
A programação procura inovar e desafiar os padrões culturais, trazendo diversidade e projectos inovadores, de forma a lançar o repto para as próximas décadas, mas, ao mesmo tempo, para avivar o ADN vanguardista do Teatro Tivoli do século XX.
«Este ciclo de programação homenageia e enaltece o legado do teatro. Fizemos muita pesquisa, contactámos com muitos parceiros, pois queríamos conhecer a verdadeira raiz do teatro. Este trabalho traduziu-se neste grande projecto, que tanto nos orgulha e que ambiciona democratizar a cultura», acrescenta Paulo Dias.
Ao longo dos próximos dois anos serão apresentados espectáculos em parcerias com algumas das principais instituições culturais da cidade de Lisboa, como a Orquestra Gulbenkian, Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Nacional de São Carlos, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Companhia Nacional de Bailado e Hot Clube de Portugal, algumas das quais, no passado, estiveram ligadas ao palco do Teatro, e onde estrearam grandes projectos culturais.
À programação com parceiros culturais da cidade, juntam- se também projectos internacionais provenientes de Espanha, Argentina, Canadá, França, Estados Unidos da América, Brasil e Reino Unido, que prometem surpreender o público com produções irreverentes.
Para preservar a história e a herança cultural, o Teatro Tivoli BBVA está a reunir todas as experiências e histórias contadas na primeira pessoa, assim como recordações (programas e bilhetes), no livro comemorativo dos 100 anos do teatro, que será lançado em 2024.
«O objectivo passa por materializarmos o passado do teatro pois, embora seja um ícone em Lisboa, face aos diferentes episódios históricos, nomeadamente na década de 80 e 90, há uma parte da história que se perdeu e nós queremos devolver aos lisboetas a grandiosidade histórica do Tivoli», destaca Paulo Dias.
Para o ano será também exibido um documentário com testemunhos de personalidades da sociedade portuguesa, como António Sala e Júlio Isidro, que, enquanto artistas, subiram ao palco do Teatro Tivoli BBVA e, como público, aplaudiram muitos projectos que hoje vivem na memória colectiva.
INVESTIMENTO DAS MARCAS
A cultura é um sector atractivo para as marcas se posicionarem e reforçarem o seu prestígio empresarial. Contudo, este investimento acaba por ganhar uma dimensão ainda maior face ao seu impacto directo na valorização, desenvolvimento e na sustentabilidade do sector da cultura.
O desafio e responsabilidade acrescem quando este investimento é canalizado para um teatro privado, que necessita da viabilidade financeira para servir os públicos e a cultura. Ainda assim, tal como num teatro público, a gestão deverá ser eficiente e resiliente, sem nunca perder o foco no que realmente importa: servir a cultura.
Para ser financeiramente sustentável, um teatro privado procura captar apoios através da diversificação de receitas, da oferta de uma programação relevante e variada e da realização de parcerias e colaborações. O Teatro Tivoli BBVA, que sempre foi um teatro privado, não é excepção e ao longo dos anos tem contado com diversos apoios, sendo a estratégia de naming implementada, em 2012, a mais evidente e até a mais arrojada para a época em Portugal.
A aquisição do Teatro Tivoli por parte da UAU foi assim financeiramente possível em parceria com o BBVA, que assume o naming do teatro até aos dias de hoje: Teatro Tivoli BBVA. Esta tornou-se a segunda operação de naming em Portugal, no sector da cultura, sucedendo ao projecto Toyota Box, também com o cunho da UAU.
Estas sinergias são importantes e relevantes para o mercado cultural e, em particular para o Teatro Tivoli BBVA, porque têm permitido o reforço das infra-estruturas, o investimento em novas tecnologias e a aposta em projectos que contribuem para a programação diversificada do teatro.
A agenda do centenário do Teatro Tivoli BBVA conta também com o apoio de diversas entidades, tais como a ESC Online. Já a LG, por sua vez, tem contribuído para a modernização do teatro, através do suporte tecnológico.
Apesar de designado como “entidade privada com fins lucrativos”, o Teatro Tivoli BBVA tem como missão entregar à cidade um espaço dinâmico com uma agenda cultural diversificada e relevante para os seus públicos. É ao serviço da cultura que o teatro orienta a sua actividade e continua a associar- se a entidades que, em parceria com a UAU, mantêm as portas do teatro abertas à cultura, à cidade, aos lisboetas.
Desde 2011 que as portas se mantêm abertas e o apoio mais “visível” tem sido aquele que tem permitido realizar intervenções de recuperação, manutenção e modernização do edifício e das suas infra-estruturas, que têm como objectivo devolver ao teatro o brilho e glamour da sua génese.
O projecto de recuperação e modernização do edifício, que decorreu entre 2012 e 2016, exigiu um investimento de dois milhões de euros, que contou com o apoio de entidades privadas como BBVA, Arsuna, CIN, Comprojecto, Sanitana, Siemens, Revigrés, LG, Nobilis, assim como da Câmara Municipal de Lisboa e da Junta de Freguesia de Santo António. Durante as três fases catalogaram-se as anomalias e procuraram- se elementos originais que permitissem identificar a ideia original de Raul Lino, procedendo-se, por exemplo, ao restauro da boca de cena segundo o programa decorativo original; e à pintura da fachada, com recuperação das cores originais, entre outras intervenções.
Todas estas intervenções têm contribuído para devolver o esplendor e personalidade do teatro e para oferecer condições plenas de confortabilidade e acesso.
HISTÓRIA DO TEATRO
O Teatro Tivoli BBVA nasceu do sonho de Frederico de Lima Mayer, homem apaixonado pelas artes e botânica, que pretendia, à semelhança das congéneres europeias, dotar Lisboa de um espaço dedicado ao culto da Sétima Arte, mas sem esquecer as outras expressões culturais e artísticas.
O espaço agora eternizado como uma sala de espectáculos homenageia também as suas quatro filhas – Ana, Rita, Helena e Maria – através do bouquet com quatro rosas que compõe até hoje o símbolo do cineteatro, e que estão presentes nos mais diversos detalhes da sala.
O Tivoli abriu com pompa e circunstância as portas para a Avenida da Liberdade, para Lisboa e para a Cultura a 30 de Novembro de 1924. Na inauguração, que reuniu as principais figuras da época, foi exibido o filme mudo “Violetas Imperiais”, de Henry Roussel e com Raquel Meller, acompanhado por um sexteto sob regência do violinista Nicolino Milano.
Enquanto obra emblemática da arquitectura portuguesa do século XX, projectado pelo arquitecto Raul Lino, o Cineteatro Tivoli rapidamente se afirmou como espaço moderno e com uma agenda vanguardista, de características únicas e apto a satisfazer as necessidades dos apreciadores de diferentes manifestações artísticas e culturais.
Em constante renovação, o Tivoli manteve-se na vanguarda, tornando-se um símbolo da cidade e da avenida mais premium de Lisboa. Em 1997 foi classificado Imóvel de Interesse Público, sendo reclassificado de Monumento de Interesse Público em 2015.
Em Dezembro de 2011, após três décadas com diferentes proprietários, a UAU adquiriu o Teatro Tivoli, com o objectivo de manter o espaço activo, com uma programação constante e variada, capaz de satisfazer, como outrora, os seus diversos públicos – através da produção de eventos, espectáculos, conferências, galas televisivas, concertos, anúncios publicitários e outras manifestações artísticas e culturais.
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Este artigo faz parte do Caderno Especial “Aniversário das Marcas”, publicado na edição de Outubro (n.º 327) da Marketeer.