O lado b dos bens de luxo
Por João Pina, fundador da Exaudio
Os bens de luxo ou de produtos de qualidade extremamente elevada são muitas vezes conotados como bens supérfluos, exigência ou até mesmo capricho de quem tem poder de compra.
No entanto, como em tudo na vida, não devemos catalogar uma categoria ou segmento de bens e produtos a algo que pode ser tão vazio como um capricho. Isto pela funcionalidade base e os objectivos para os quais esses bens e produtos foram criados, mas também pelo facto, e muito graças ao poder do marketing e da comunicação, cumprirem, cada vez mais, um papel cheio de variáveis subjectivas e aspiracionais que contribuem para o bem-estar de quem os tem.
Veja-se o exemplo de um relógio de alta relojoaria. Quando alguém decide oferecer um relógio deste segmento pensa no estilo e gosto da pessoa a quem o vai oferecer e naquilo que valoriza num acessório desta natureza: os materiais nobres com que são fabricados, os movimentos mecânicos feitos à mão ou o ser uma peça de uma marca icónica.
Motivações a que se somam o estilo da herança relojoeira associada à própria marca, o olhar do relojeiro, que pacientemente conjuga cada peça e faz com que os ponteiros rodem em plena harmonia com aquilo a que chamamos tempo, e a sensação que pode gerar em quem usa a peça oferecida. Sem esquecer a importância do aconselhamento personalizado dado pelo profissional durante a escolha do tão desejado relógio.
Elementos e variáveis que são comuns na escolha e aquisição de outros bens e produtos de qualidade elevada e/ou de luxo, como os sistemas áudio high end. Escolha que deve ter como premissas o estilo musical de cada um, o local onde é instalado e a distância entre cada peça do sistema, a que se soma a consultoria áudio. Harmonia de elementos que potenciam o bem-estar proporcionado pela arte da música.
Em suma, a adequação da escolha ao estilo e gosto de cada um, a valorização das caraterísticas funcionais e sensoriais de um bem de luxo ou de um produto de elevada qualidade dotam cada produto de caraterísticas únicas, muitas das quais assumem mais do que o seu mero valor comercial.