Histórias

Por Inês Veloso
Marketing & Communications Director Randstad Portugal

Era uma vez…

Seja em palavras, num som ou em imagens. Era uma vez num livro, num clique ou numa conversa. O momento decisivo que pode matar a história, ou simplesmente torna- la inesquecível.

Era uma vez que não se escreve assim, vai-se escrevendo, vai-se criando e investindo para garantirmos que passamos aquele frame, o segundo decisivo em que realmente alguém está a ouvir a nossa história.

Xiu! Silêncio!

Morreu… o xiu ficou perdido nas salas de aula, nas relações patriarcais em que a distância entre progenitores era brindada pelo silêncio, que não se reflectia necessariamente em atenção e muito menos em sentimento. Chegaram as pipocas, o modo vibratório, os multidevices e até os vídeos com ecrã bloqueado. O xiu morreu.

Hoje temos o tablet, o telemóvel, o computador, a televisão que, por algum motivo, ainda está ligada e alguém que passa e diz. Todos gritam conteúdos, brincam com palavras, sons e imagens. Interacções [não] desejadas, que se escapam aos bloqueios, que são relevantes para o meu perfil* e que, de formas diferentes, querem atenção, sentimento e recordação.

Era uma vez.

Só as histórias nos fazem parar, parar para ouvir, ouvir apenas uma história, simplesmente sentir, viajar naquela narrativa, sonora, visual ou simplesmente escrita. Num mundo cada vez mais tecnológico é a palavra que nos faz regressar à humanidade, que nos faz sentir. O que nos capta a atenção é esse ser pessoa, a verdade não em modo “reality show” mas de dia a dia. O directo e o caso real, a filmagem sem direcção de fotografia, o blog com asneiras e emojis ou o youtuber que está apenas a ser ele (será?). O “this is us” com um argumento mais simples ou mais complexo, mas que se aproxima muito mais de nós. Este desafio de ser humano e de ser pessoa existe cada vez mais nas marcas.

Que chatice!

Gritam ainda algumas, que resistem no cinzento do clique aqui. Porquê? Porque sim…

#A minha opinião.

Nunca valeu tanto. Eu sou comentador de tudo. Influenciador da minha rede, independentemente da relevância, ou mesmo do fundamento. Isso permite-me partilhar, ou, simplesmente, colocar caras e hastags no que me apetecer.

O mundo mudou e a tecnologia colocou a pessoa, o ser humano, no centro desta mudança. Alterou o paradigma da comunicação regressando às histórias e exigindo a humanização das marcas. Das jornadas passou para experiências e da tecnologia retira tudo para que se transforme em humanidade.

Uma boa história é e será sempre uma boa história.

Artigo de opinião publicado na Revista Marketeer n.º 261 de Abril de 2018.

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