Web Summit: criador da WWW acredita que vai tudo correr bem
Tim Berners-Lee esteve na abertura da terceira edição do Web Summit em Portugal enquanto representante da Web Foundation mas é como criador da World Wide Web (WWW) que é mais conhecido. O homem responsável pelo sistema que está na base da internet moderna esteve em Lisboa, hoje, para deixar uma mensagem agridoce: sim, há razões para estarmos preocupados com o rumo que a internet está a tomar; mas também sim, vai correr tudo bem.
De acordo com Tim Berners-Lee, o sonho para a web era relativamente simples. Deveria ser independente, diversa e universal, tanto ao nível de questões como a língua como no que concerne ao software e hardware necessário (não deve ser preciso equipamento topo de gama com vários zeros no preço para aceder à internet, por exemplo). Os anos foram passando e esse princípio foi sendo aplicado de uma forma geral, o crescimento – rápido, muito rápido – fez-se acompanhado de optimismo, as pessoas estavam felizes e a internet era uma casa de portas abertas. Mas algo correu mal. Vieram os ataques informáticos, as fake news e as fraudes, entre outros problemas.
A solução? Um contrato para a web. Este era, aliás, o tema da apresentação do físico e professor britânico na noite de inauguração do Web Summit 2018. Segundo Tim Bernes-Lee, é necessário um contrato com regras e participantes oficiais. Não basta, por exemplo, um manifesto. É preciso mesmo um contrato.
O objectivo deste contrato seria, entre outros, garantir que a internet é para todos, além de construtiva e positiva. Do lado das empresas, é crucial que desenhem a web (sites, aplicações e demais plataformas) seguindo estas linhas orientadoras. Do lado dos indivíduos, é necessário que reponsabilizem as empresas e governos. «Todos têm de ajudar a concertar a Internet», conclui.
O alinhamento com Guterres
António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), também esteve presente na abertura do evento e deu continuidade ao tema explorado por Tim Berners-Lee. Segundo o também antigo primeiro-ministro de Portugal, a tecnologia deve ter um efeito positivo mas algumas das mais recentes inovações deixam dúvidas e desenham receios. Se, por um lado, pode ajuda a curar doenças e a impulsionar a economia, também pode destruir a noção de privacidade, manipular eleições e dar espaço a um discurso promotor de ódio. Contudo, esclarece António Guterres, o problema não é das tecnologias. Elas são apenas uma forma de amplificar as acções de pessoas e/ou organizações.
António Guterres aproveita também para alertar para outro potencial problema da rápida evolução tecnológica, o controlo. Especialmente no caso da Inteligência Artificial, o controlo deve ser um dos temas a ter em atenção, uma vez que não estaremos longe de um futuro em que as armas terão a capacidade de tomar decisões e escolher quem matar.
A abertura de Portugal ao mundo
As últimas subidas a palco, depois de também terem falado Lisa Jackson (Apple) e Darren Aronofsky (realizador de cinema), couberam ao primeiro-ministro António Costa e ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa Fernando Medina. António Costa aproveitou o momento para lembrar que o Web Summit continuará na capital portuguesa por mais 10 anos e que está no ADN de Portugal ser aberto ao mundo – tal como a internet de que Tim Berners-Lee falava. Não só aberto a pessoas de todas as nacionalidades como também de qualquer religão, etnia ou orientação sexual. É um país tolerante e disponível para receber todos os interessados em conhecer melhor o que tem para oferecer. António Costa deixou mesmo um convite: Portugal está à espera de empresários, startups e empreendedores, entre outros, que por cá queiram viver e investir. «Portugal é o melhor ponto de encontro para criarmos o futuro juntos.»
Fernando Medina seguiu a mesma deixa e deu as boas-vindas a todos os participantes, sublinhando uma vez mais que Lisboa, está pronta para receber todos os interessados em fazer dela um hub de inovação e tecnologia.
Texto de Filipa Almeida