Vila Galé: Diversidade orienta expansão

A história da marca Vila Galé começou a ser escrita em 1986, no Algarve, pela mão de Jorge Rebelo de Almeida – hoje, o único accionista e presidente do Conselho de Administração –, José Silvestre Lavrador e José Ruivo. Desde então, muitos foram os capítulos adicionados: actualmente, o Grupo Vila Galé contabiliza 37 unidades hoteleiras, das quais 27 em Portugal e 10 no Brasil – por Terras de Vera Cruz, é mesmo responsável pela maior rede de resorts do país.

«Temos um portefólio bastante diversificado, com unidades na praia, na cidade, no campo, na montanha e uma oferta vocacionada para estadas e momentos de lazer ou de negócios. Penso que conseguimos dar resposta às necessidades dos vários targets e, por outro lado, ao mesmo cliente, quando viaja com motivações diferentes, como, por exemplo, participar num evento empresarial, ou passar férias em família», afirma Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Grupo Vila Galé. De acordo com o mesmo responsável, a estratégia tem sido, e continuará a ser, assente essencialmente em quatro pilares: aposta na boa relação qualidade-preço, formação e simpatia das equipas, foco nos hotéis temáticos e investimento na recuperação de património histórico.

O objectivo do grupo passa não só por ter a sua marca nos destinos turísticos mais consolidados – como o Algarve, onde nasceu –, mas também em regiões que poderão ser consideradas menos óbvias, nomeadamente no interior do País. Aqui, a Vila Galé vê também muito potencial. «Acreditamos que esta é uma forma de criar novos destinos turísticos, distribuindo melhor os turistas por todo o território», acrescenta Gonçalo Rebelo de Almeida.


INAUGURAÇÕES À VISTA

Exemplo desta aposta em destinos com uma oferta mais reduzida ou com menor investimento será o plano de aberturas previstas para 2022 e 2023. Embora a próxima abertura do Grupo Vila Galé tenha como morada o Brasil – onde, em Junho, irá inaugurar o Vila Galé Alagoas, um resort “tudo incluído”, na praia de Carro Quebrado, com 513 quartos, seis restaurantes, Satsanga Spa & Wellness, oito salas de reuniões e salão para mil pessoas, parque aquático infantil, entre outros –, estão alinhavadas também quatro novas unidades em Portugal para meados do próximo ano:

Vila Galé Collection São Miguel: no centro de Ponta Delgada, São Miguel, Açores, serão investidos cerca de 12 milhões de euros para renovar parte do antigo Convento e Hospital de São Francisco, reconvertendo-o num hotel de charme, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia. Terá 93 quartos, restaurantes, bar, piscinas e Satsanga Spa & Wellness. Esta será uma estreia do grupo na região dos Açores, descrita como tendo um enorme potencial turístico, nomeadamente devido à diversidade de cada ilha;

Vila Galé Collection Tomar: no centro da cidade, a Vila Galé vai recuperar várias áreas do antigo Convento de Santa Iria e do Colégio Feminino, transformando-as numa unidade de 4 estrelas, com cerca de 100 quartos, restaurante, bar, Satsanga Spa & Wellness, piscina exterior e um salão de convenções para mais de 200 pessoas, num investimento de 10 milhões de euros. Este hotel terá como tema a Ordem dos Templários;

Vila Galé Nep Kids: já em Beja, próximo do Vila Galé Clube de Campo, será lançado um conceito de hotelaria inédito em Portugal – um hotel totalmente concebido para os mais pequenos, onde os adultos só poderão entrar se acompanhados por crianças. Esta unidade contará com cerca de 80 quartos e várias atracções projectadas para os mais pequenos, como um parque aquático com várias piscinas exteriores e escorregas, carrosséis, trampolins, insufláveis, Clube Nep com brinquedoteca e spa infantil. Haverá ainda decoração 3D, parede de pintura e de escalada, piscina de bolas, slide e programação adequada aos mais novos. O investimento rondará os 10 milhões de euros;

Vila Galé Monte da Faleira: na mesma herdade, o grupo vai ainda investir cerca de três milhões de euros num novo agroturismo, vocacionado para casais. Terá quartos temáticos, piscina exterior, dois salões de eventos e duas salas de reuniões.

«Com estes novos projectos, vamos ampliar a nossa presença em Portugal, onde somos a segunda maior rede hoteleira, levando a marca Vila Galé a novas regiões», adianta o administrador, sublinhando que estas unidades também permitirão diversificar o portefólio com novos conceitos hoteleiros e mais experiências diferenciadoras para os clientes. «Além disso, estamos a consolidar a nossa estratégia de ter hotéis temáticos e de ter unidades em património histórico, que reabilitamos e reconvertemos, aproveitando não só o potencial turístico do imóvel em si e da sua história, mas também criando novas centralidades e capacidade de atracção nas regiões onde estão inseridos », explica Gonçalo Rebelo de Almeida.

O Vila Galé Estoril, por exemplo, passou recentemente por um processo de renovação e apresenta, agora, quartos alusivos aos Sixties. Cada quarto tem uma homenagem a um cantor dos anos 60 e um QR Code que proporciona aos hóspedes acesso a canções. Mas há mais novidades: este hotel passa também a ser recomendado para adultos e, de Abril a Setembro, disponibiliza a opção de reservar em regime de “tudo incluído”, um modelo mais habitual em regiões como o Algarve ou a Madeira, mas não tanto na região de Lisboa. O porta-voz do grupo considera que estes pontos «serão bastante diferenciadores e permitirão captar novos públicos para o Vila Galé Estoril», que passa também a contar com mais um restaurante, o Inevitável, como com uma nova oferta de animação (aulas de ginástica e outras actividades desportivas, workshops e música ao vivo, por exemplo).

Ainda nesta linha de investimento em hotéis temáticos, a Vila Galé está a desenvolver um projecto para o Paço do Curutêlo, em Ponte de Lima, desta feita ligado aos vinhos verdes.


MAIS DO QUE HOTÉIS

A marca Vila Galé foi criada em 1986 e o primeiro projecto abriu portas em 1988, o hotel apartamento Vila Galé, que hoje é conhecido como Vila Galé Atlântico. Por essa altura, conta Gonçalo Rebelo de Almeida, não havia intenção de formar um grupo hoteleiro, mas a verdade é que foram surgindo oportunidades e a marca acabou por crescer. Primeiro, no Algarve, e depois, em 1996, em Cascais, onde o grupo compra um hotel. Em 1999, chega ao Norte, com a abertura do Vila Galé Porto. E pouco tempo depois, em 2001, internacionaliza-se para o Brasil, com o Vila Galé Fortaleza.

Em 2002, entra numa nova área de negócios, a agricultura, através da marca Santa Vitória, dedicada à produção de vinhos e azeites regionais alentejanos e que se materializa na herdade de Santa Vitória, perto de Beja.

Já o primeiro grande resort com tudo incluído no Brasil, o Vila Galé Marés, na Bahia, surge em 2006. Avançamos até 2013 e nasce a submarca Collection, com a recuperação do Palácio dos Arcos, em Paço de Arcos, que viria a ser o Vila Galé Collection Palácio dos Arcos, também a primeira unidade de cinco estrelas do grupo em Portugal.

Em 2019, é apresentada a segunda marca de vinhos, desta vez no Douro, Val Moreira. Ao longo do tempo, foram também surgindo outras marcas, como o Clube Nep para as crianças, os Satsanga Spa & Wellness, os restaurantes Inevitável e Versátil ou, mais recentemente, as pizzarias Massa Fina. Segundo o administrador, a boa oferta gastronómica é outra das grandes apostas e estratégias de diferenciação.

Também com esta missão de proporcionar uma visita inesquecível, a Vila Galé tem desenhado um portefólio de experiências que garantem ser para todos os gostos. Representadas por diferentes embaixadores, são já 10 os temas abrangidos: Culturais (José Luís Peixoto), Enoturismo (Marcantonio del Carlo), Ecoturismo (Pedro Couceiro), Spa (Joana Balaguer), Românticas (Paulo Lobo Antunes e Jorge Corrula), Equestres (Maria Caetano), Mergulho (João Paulo Sousa), Surf (Vasco Ribeiro), Golfe (Jorge Gabriel), Sazonais (Fernando Alvim).

«A nossa perspectiva é de que temos tido uma expansão equilibrada, sustentada, gradual, procurando sempre reinvestir o que ganhamos em novos hotéis, na modernização dos activos, na formação das equipas.» Gonçalo Rebelo de Almeida garante que o grupo está constantemente a analisar oportunidades, tanto em Portugal e no Brasil, como em novas geografias. Cabo Verde, Moçambique e Espanha estão entre os países debaixo de olho. «Temos avaliado, quer a hipótese de compra de activos como de gestão de unidades detidas por terceiros», avança.


NO CAMINHO DA RECUPERAÇÃO

Em Portugal, o Grupo Vila Galé terminou o último ano fiscal com uma receita de 59 milhões de euros. Segundo o administrador, têm surgido diferentes fases, devido à evolução da pandemia, mas também, entretanto, da guerra na Ucrânia. «Porém, tendo em conta a performance dos últimos meses, temos boas perspectivas», afiança Gonçalo Rebelo de Almeida, para quem o próximo Verão deverá estar, pelo menos, em linha com os números anteriores à Covid-19 – à semelhança, aliás, do que já aconteceu com a Páscoa deste ano. Ainda assim, «tudo dependerá da evolução de toda a conjuntura mundial».

«Esperamos que 2022 seja efectivamente o ano da retoma do turismo após a pandemia e de uma maior normalização da actividade. Enquanto empresa, este ano daremos muita atenção aos recursos humanos e às questões da sustentabilidade», acrescenta Gonçalo Rebelo de Almeida, frisando que o grupo está a aumentar o investimento no sentido de obter energias limpas, reduzir o consumo de papel e plástico de utilização única e, ainda, adquirir carros eléctricos. Outro dos focos da Vila Galé no campo da sustentabilidade prende-se com a inclusão de medidas de estímulo à economia circular, minimização do desperdício, reutilização de materiais, formação dos colaboradores e sensibilização. Todos têm um papel a cumprir.


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ste artigo faz parte do Caderno Especial “Empresas 100% Portuguesas”, publicado na edição de Abril (n.º 309) da Marketeer.

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