Verlingue Portugal: «Não existem seguros difíceis ou fáceis de comunicar»
Com a missão Proteger o Futuro, a Verlingue pretende fazer da gestão de risco e da protecção dos colaboradores uma alavanca para a criação de valor e desempenho para os clientes. É uma corretora de seguros especializada em protecção corporativa e ocupa o 5.º lugar no ranking nacional.
A Verlingue Portugal representa, actualmente, 7% da receita consolidada do Grupo Adelaïde, com um EBIT de 39% sob a margem, destacadamente superior à média do grupo. Considerando a dimensão do mercado português, a Verlingue Portugal tem acompanhado o crescimento do grupo, sendo sua ambição reforçar a posição na estrutura global. Em 2023, alcançou receitas consolidadas de 19 milhões de euros, prevendo encerrar o ano de 2024 com 19,8 milhões de euros. A perspectiva é de um crescimento de 6% em 2025.
Luiza Fragoso Teodoro, CEO da Verlingue Portugal, assumiu recentemente essa função, tendo como ambição implementar no mercado nacional o Better Future 28, apresentado este ano pelo actual presidente do Grupo Adelaïde, Benjamin Verlingue, e que se traduz em desafios assentes em quatro eixos estratégicos: crescimento orgânico e inorgânico; desenvolvimento do capital humano; inovação tecnológica; e impacto positivo. «Na Verlingue Portugal, temos como ambição atingir um volume de negócios bruto de 33 milhões de euros em 2028, assegurando o nosso nível de serviço de excelência e actuando como uma referência ética e responsável», assume à Marketeer. Para o atingir conta com a experiência de duas décadas no mercado segurador que lhe deram conhecimento do sector em geral, experiência na definição de múltiplas estratégias, gestão de equipas e desenvolvimento do talento, aliada às dinâmicas de uma multinacional. Serão esses os pilares que a ajudarão neste novo desafio.
O que distingue a Verlingue dos seus concorrentes directos?
Sem dúvida, o serviço. Um serviço que passa por estar presente em toda a jornada do cliente e que acrescenta verdadeiro valor ao negócio. Estamos perante um cenário de riscos cada vez mais complexos e, por isso, contamos com uma área de consultoria e análise de risco, capaz de identificar não só as reais necessidades de cobertura de risco, mas também diferentes formas de mitigação do risco. Para além disso, dispomos de equipas especializadas em áreas muito específicas, como Saúde e Vida, Engenharia e Construção (com destaque para o seguro Decenal de Danos, em que, provavelmente, somos o único corretor com conhecimento nesta área), Aviação, Crédito e Caução, Responsabilidades, cuja missão é procurar, no mercado doméstico e externo, as soluções mais adequadas a cada tipologia de risco. Este é um factor determinante na escolha do corretor.
Os clientes da Luso Atlântica já se revêem na nova estrutura?
Vivemos num mundo em constante transformação e evolução e isso reflecte-se em todas as organizações e ainda mais nas que enfrentam mudanças geracionais. A Verlingue entrou em Portugal por aquisição da Luso Atlântica, mas tem um histórico de 90 anos no sector. Para o mercado, e concretamente para os nossos clientes, a nova estrutura mantém o ADN da empresa, mas acrescenta inovação e desenvolvimento e é desta forma que pretendemos que os nossos clientes nos reconheçam.
De que maneira é que as alterações climáticas estão a moldar a forma das corretoras estarem nos mercados?
Diria que todo o mercado é impactado por todos esses efeitos. Assistimos, por um lado, a uma maior ocorrência de eventos e de maior gravidade, o que obriga à correcção dos prémios. Por outro lado, enfrentamos a chamada imprevisibilidade, o que implica maior dificuldade no cálculo do preço adequado ao risco e, por vezes, menos oferta. Neste cenário, somos forçados a procurar soluções noutros mercados, que apostam na especialização e desenvolvem ofertas capazes de responder aos desafios.
Neste sector, mais do que em muitos outros, são as pessoas que fazem a diferença?
Sem dúvida. Não é por acaso que frequentemente dizemos que este “é um negócio de pessoas para pessoas”. Num mercado bastante competitivo, a diferenciação ocorre principalmente através do talento. A diversidade das equipas, o conhecimento, a partilha de experiências, a empatia e a confiança são centrais no desenvolvimento de relações, que levam não só à conquista, mas também à fidelização dos clientes.
Como é que a empresa procura fidelizar o cliente interno?
Estamos a implementar uma nova área de “Pessoas”, cuja missão é o foco no cliente interno. Desenvolvemos uma proposta de valor centrada na integração, desenvolvimento e reconhecimento de cada colaborador ao longo do seu percurso. Cada pessoa conta e tem um caminho a percorrer. É importante dar voz às pessoas e entender as suas necessidades e motivações. O nosso compromisso é também proporcionar a melhor experiência a cada cliente interno e, por isso, como exemplos de desenvolvimento, temos um ambicioso programa de formação e mobilidade interna. A transparência na comunicação, a partilha de objectivos e realizações, a celebração das conquistas, assumem um papel importante no futuro da relação com as equipas. Queremos pessoas felizes, comprometidas e responsáveis.
Que mais-valias tem a Verlingue para os clientes por pertencer a um grupo familiar?
Com 90 anos de experiência no mercado, a Verlingue desenvolveu uma sólida especialização no sector corporate, o que significa que os clientes podem confiar numa equipa altamente capacitada e com um profundo conhecimento do negócio. A estabilidade proporcionada pela propriedade integral por capitais familiares garante uma visão de longo prazo, sem a pressão de interesses externos de fundos de investimento, permitindo à empresa focar-se em estratégias sustentáveis e em soluções duradouras para os seus clientes.
Além disso, a ambição de se tornar o 1.º Grupo Familiar na Europa demonstra uma clara visão de crescimento sustentável e estratégico, onde a continuidade e a fidelidade são fundamentais. Para os clientes, isso traduz-se numa parceria de longo prazo, onde a Verlingue se compromete a oferecer soluções inovadoras e de alta qualidade, mantendo sempre uma perspectiva de evolução constante para acompanhar as suas necessidades.
O que está a empresa a fazer para fomentar a poupança e para colocar o tema na agenda?
A nossa estratégia centra-se em fortalecer a área de benefícios das empresas para os seus colaboradores, sendo a comunicação um pilar essencial para o sucesso. Investir em acções de sensibilização e promover a literacia financeira e de seguros são passos fundamentais para que o público compreenda a importância das soluções que oferecemos. Acredito que não existem seguros difíceis ou fáceis de comunicar, desde que consigamos simplificar a linguagem e torná-la acessível a todos.
Na Verlingue Portugal, para além da utilização estratégica das redes sociais, apostamos também em conferências temáticas e partilhamos testemunhos reais de clientes. Estes eventos ajudam a esclarecer o público-alvo, inspirando e encorajando a escolha das nossas soluções, desenhadas para responder às necessidades específicas de cada cliente.
Quais são os grandes desafios para os próximos dois anos?
Nos próximos dois anos, as corretoras de seguros enfrentarão o desafio de integrar a IA de forma eficaz e ética, superando obstáculos técnicos, legais e culturais. Para serem bem-sucedidas, terão de investir na formação das suas equipas, adaptar-se rapidamente às mudanças tecnológicas e regulamentares e garantir que a experiência do cliente não é comprometida. Ao mesmo tempo, terão de garantir que a utilização de IA não compromete a privacidade, a transparência e a justiça nas decisões tomadas. O sucesso ou fracasso desta transição poderá definir a competitividade e a sustentabilidade das corretoras. Além disso, a concentração do sector de seguros e a escassez de soluções de seguros são outros dos grandes desafios para os corretores nos próximos anos, pois reduzem a variedade de opções, aumentam o poder das grandes seguradoras e diminuem a flexibilidade para oferecer produtos personalizados aos clientes. Para superar esses desafios, os corretores terão de encontrar maneiras de se adaptar a um mercado mais concentrado, seja através da procura de novas parcerias, oferecendo valor acrescentado (como consultoria especializada) ou explorando novos modelos de negócios. A adaptação a esse novo cenário exigirá inovação, flexibilidade e uma compreensão profunda das necessidades dos seus clientes.
De que maneira é que a empresa tem vindo a abraçar e a liderar a inovação no sector em que se insere?
A inovação tem permitido digitalizar e automatizar processos simples que impactam no frontoffice e no backoffice, mas que eram bastante time consuming. Continuaremos a investir na automatização de processos que nos permitam responder de forma célere às exigências do negócio, mantendo o compromisso de proximidade e relação com o cliente.
Como está a IA a ser integrada na vossa forma de trabalhar?
A Verlingue Portugal orgulha-se de tratar cada cliente como único. Investimos no desenvolvimento de relações de longo prazo com os clientes e vamos continuar a fazê-lo através das nossas pessoas. A integração de modelos de IA fará sentido na análise de dados e criação de automatismos que possam libertar as equipas para funções de maior valor, que permitam desenvolver o seu potencial de crescimento profissional, mas também maior investimento na relação com os clientes.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Seguros”, publicado na edição de Novembro (n.º 340) da Marketeer.