Venda da Versace e da Jimmy Choo pela Capri podem salvar a Michael Kors?

A fusão entre grandes marcas do setor da moda tem enfrentado crescente escrutínio. Exemplo disso é o recente fracasso do grupo Tapestry, proprietário da Coach e Kate Spade, em adquirir a Capri Holdings Limited, que controla marcas como Michael Kors, Versace e Jimmy Choo. A Capri, depois de o negócio avaliado em 8,5 mil milhões de dólares ter ficado pelo caminho, está a repensar estratégias, considerando vender a Versace e Jimmy Choo para revitalizar o seu negócio principal, a marca Michael Kors.

No auge, em 2016, a Michael Kors chegou a ter receitas de 4,71 mil milhões de dólares, mas a pandemia trouxe quedas significativas. Atualmente, o valor da marca está estimado em 3,52 mil milhões, uma descida de 22% do valor face a 2019, ano em que a Capri adquiriu a Versace por 2,1 mil milhões de dólares. Curiosamente, essa aquisição subvalorizou a marca italiana, que viu as suas vendas crescerem para 1,1 mil milhões de dólares em 2023.

O percurso da Versace é marcado por altos e baixos desde a trágica morte de Gianni Versace, com sucessos como o icónico vestido verde de Jennifer Lopez e recentes colaborações com celebridades como Taylor Swift e Ariana Grande. A marca também mantém relevância junto à Geração Z com a popularidade dos seus designs vintage. Contudo, os desafios permanecem, incluindo a necessidade de modernizar o estilo e adaptar o branding.

Já a Jimmy Choo, célebre pelos seus sapatos popularizados por ícones como a princesa Diana e pela personagem “Carrie” de Sarah Jessica Parker na série “O Sexo e a Cidade”, enfrenta dificuldades devido ao declínio do mercado de saltos altos, substituídos por tendências de calçado mais confortável. Ainda assim, a marca continua a mostrar potencial, com vendas médias anuais de 600 milhões de dólares desde 2019.

Já Capri Holdings, liderada por John Idol, tenta reposicionar a Michael Kors com um foco em experiências exclusivas, como a recente renovação da loja na Madison Avenue, em Nova Iorque. Vários especialistas sugerem que a separação das linhas Michael Kors Collection e Michael Michael Kors pode ajudar a reduzir a confusão entre os consumidores e reforçar a perceção de luxo.

“Para a Capri, o foco é Kors. Versace e Jimmy Choo são marcas interessantes e atraentes, e presumo que Capri lucraria com a venda delas, deixando dinheiro para injetar em Michael Kors”, disse Robert Burke, consultor de retalho, ao FashionNetwork.com.

Vender Versace e Jimmy Choo separadamente parece ser a solução preferida para gerar liquidez e reinvestir na Michael Kors. Para os analistas, a marca americana ainda tem espaço para expandir, explorando novas categorias e parcerias que possam reforçar o seu apelo global.

“Devem ser vendidas separadamente. Jimmy Choo é uma boa marca; não está destruída e não precisa de uma reforma. É historicamente líder em calçados de grife independentes. Esta categoria é mais única hoje, pois as marcas de grife aumentaram as ofertas de calçados”, afirmou Burge. Já a “Versace pode precisar de alguma atualização da tendência do estilo de rua”.

Com a evolução do setor de luxo e o impacto das mudanças no setor do retalho, a Capri enfrenta desafios, mas o foco estratégico nas suas marcas pode determinar o seu sucesso.

 

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