Tendências do Marketing de Influência em 2025: O que esperar?
Por Ana Paula Correia, Head of New Business & Engagement da agência Adclick Group, especializada em Content Marketing Data Driven
A crescer a olhos vistos, não só a nível global como em Portugal, o Marketing de Influência consolidou-se como uma das estratégias mais eficazes para conectar marcas e consumidores de forma autêntica e relevante. Com a constante evolução das plataformas digitais e mudanças nos comportamentos de consumo, as previsões para 2025 indicam novas tendências que vão alterar a forma como os anunciantes incluem os influenciadores nas suas estratégias.
Estudos revelam que a forma como vemos e gerimos o Marketing de Influência está a mudar e há nove fatores que vão fazer a diferença neste mercado num futuro próximo.
1. Micro e Nano-influenciadores
Se antes as marcas tendiam a focar-se em grandes influenciadores para alcançar um vasto público, agora vemos um crescente foco nos micro (10 mil a 100 mil seguidores) e nano-influenciadores (até 10 mil seguidores). Estes criadores têm uma audiência mais pequena, mas geralmente são capazes de criar uma relação de confiança mais próxima com os seguidores. Estudos apontam que a taxa de interação de micro e nano-influenciadores é significativamente mais alta, o que torna a sua recomendação mais autêntica e impactante. Estes tiers representam também a oportunidade de PME’s apostarem nesta área, uma vez que podem oferecer melhor relação custo-benefício para marcas que pretendem alcançar um público específico e dedicado com maior eficácia. Esta tendência tornar-se-á ainda mais forte em 2025, considerando que os consumidores exigem conteúdos cada vez mais personalizados.
2. Parcerias duradouras
As relações duradouras entre marcas e influenciadores geram maior autenticidade e confiança junto do consumidor. Parcerias de longo prazo, ao contrário de colaborações pontuais, permitem que os influenciadores compreendam profundamente a missão e os valores da marca, resultando em conteúdos mais genuínos. Para além disso, essa continuidade aumenta a lealdade do público, trazendo um retorno de investimento mais consistente e duradouro.
3. Liberdade criativa do influenciador
Não nos podemos esquecer que o influenciador conhece a sua audiência como ninguém e como chegar a ela. A relação com a comunidade é profundamente mútua: a audiência conhece bem os perfis que segue, reconhece o estilo e o ADN dos seus conteúdos, enquanto o influenciador, por sua vez, entende os interesses e preferências da sua comunidade, sabendo exatamente como captar a sua atenção e gerar envolvimento.
Os consumidores atuais valorizam a autenticidade e percebem rapidamente quando um conteúdo é forçado e não é criado pelo influenciador. Por essa razão, a tendência será dar mais liberdade aos influenciadores para cocriarem conteúdos que ressoem com os seus seguidores de forma genuína, ao invés de seguir scripts rígidos.
Quando comparamos os resultados dos conteúdos dos influenciadores, são os orgânicos que apresentam melhores resultados, pois são mais autênticos e têm um papel extremamente relevante na confiança do consumidor. As comunidades interessam-se pelo dia-a-dia real de quem seguem e, por isso, o segredo está em integrar o produto/serviço na vida real e no estilo de vida de quem o promove.
4. Foco em Resultados & AI
Cada vez mais, os anunciantes procuram fazer uma definição prévia de KPIs e objetivos para posteriormente avaliar o impacto real das suas campanhas com influenciadores, através de métricas como taxa de conversão, leads qualificadas, vendas geradas e ROI, permitindo uma visão mais estratégica e orientada para resultados concretos.
Por sua vez, a Inteligência Artificial (IA) desempenha um papel cada vez mais relevante no Marketing de Influência à medida que a profissionalização e a orientação para resultados se tornam essenciais neste setor.
Com o auxílio da IA, podemos analisar dados comportamentais e identificar influenciadores cujos seguidores realmente correspondem ao perfil de um determinado público-alvo. O uso de ferramentas de análise preditiva e algoritmos de Machine Learning permite não só prever quais influenciadores trarão o maior retorno, com base em fatores como engagement, alcance e autenticidade percecionada, como também analisar estas métricas e ajustar as campanhas em tempo real.
5. Vídeos curtos e lives
Em 2025, os vídeos curtos continuarão a dominar as estratégias de redes sociais e, consequentemente, de Marketing de Influência, impulsionados pelo sucesso de formatos como TikToks, Reels e Youtube Shorts. Esses conteúdos rápidos são ideais para captar a atenção e comunicar mensagens de forma direta e criativa. Para além disso, as lives permanecem como uma ferramenta essencial para a interação em tempo real, proporcionando um contacto mais próximo entre a marca e o público. As lives patrocinadas são uma excelente oportunidade para responder a perguntas, interagir e apresentar o universo da marca de forma natural e descontraída, fortalecendo a relação com os consumidores.
6. Diversidade e Representatividade
Para o público de hoje, a diversidade e a inclusão são mais do que valores desejáveis – são essenciais. As marcas são cada vez mais incentivadas a colaborar com influenciadores que reflitam a pluralidade do seu público, promovendo campanhas autênticas e inclusivas. Ao adotar a diversidade nas suas estratégias, os anunciantes não só melhoram a sua imagem, mas também criam uma ligação mais genuína com os consumidores, que procuram ver-se representados nos conteúdos que consomem.
7. O Crescimento do Social Commerce
O social commerce já é uma realidade em muitas plataformas e estima-se que continue a expandir-se em 2025. Com funcionalidades de compra integradas diretamente nas redes sociais, os consumidores podem descobrir, explorar e adquirir produtos sem saírem da plataforma, muitas vezes guiados pelas recomendações dos influenciadores. Esta facilidade elimina barreiras na jornada de compra e permite uma interação mais direta entre marcas e consumidores, aumentando as oportunidades de conversão e adaptando-se aos hábitos de consumo modernos.
8. Realidade Aumentada e Influenciadores Virtuais
Com a popularização da Realidade Aumentada (RA), espera-se que os influenciadores utilizem cada vez mais esta tecnologia para criar experiências imersivas e interativas para os seus seguidores. Por exemplo, uma marca de moda pode permitir que os seguidores de um influenciador “experimentem” virtualmente as peças de roupa através da RA. Estas experiências são altamente interativas e capturam a atenção dos consumidores de forma inovadora.
Outra tendência que tem vindo a ganhar destaque é o uso de avatares, ou seja, influenciadores virtuais. Não são pessoas reais, mas sim personagens criadas para promover produtos e interagir com o público. A Miquela Sousa, conhecida como Lil Miquela, é um exemplo de avatar virtual de sucesso que colabora com várias marcas. Esta inovação permite um controlo total sobre o branding e a narrativa, embora a aceitação do público e confiança varie conforme o grau de transparência sobre a artificialidade do influenciador.
9. Ética e Transparência
A transparência será um pilar essencial no Marketing de Influência no próximo ano. Com consumidores cada vez mais informados, há uma exigência crescente de saber quando um influenciador está a ser remunerado para promover um produto, reforçando a importância de recomendações honestas e autênticas. Em Portugal, estudos demonstram que uma percentagem significativa de conteúdos patrocinados ainda não é devidamente identificada, o que coloca em risco a credibilidade do setor e a confiança dos consumidores.
Para responder a estas exigências, a regulamentação tem vindo a endurecer, com regras mais rigorosas sobre a divulgação de parcerias pagas. Será, assim, importante que as marcas deem prioridade a influenciadores que partilhem dos seus valores e que sejam transparentes nas publicações patrocinadas. As diretrizes éticas são cruciais não apenas para evitar penalizações legais, mas também para construir uma relação de confiança e lealdade com o público.
As tendências caminham em direção a campanhas mais autênticas, personalizadas e tecnologicamente avançadas. Desde a importância crescente dos micro e nano-influenciadores até à aplicação de IA e RA, o futuro deste setor aponta para uma abordagem mais humanizada e transparente. As marcas que conseguirem adaptar-se a estas novas exigências estarão mais preparadas para construir relações duradouras e de confiança com os seus consumidores.