“Somos uma empresa a cores”

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Um ano depois, voltamos a falar com Roberto Mulassano, CEO e co-founder da Daily Coffee, que nos explica como a empresa evoluiu desde então.

Recentemente, a Daily Coffee adicionou ao seu portefólio a marca de chá Kusmi Tea. Para explicar esta nova opção, Roberto Mulassano afirma que, na Daily Coffee, as marcas são seleccionadas de acordo com vários factores, como a inovação, a sustentabilidade, a diferenciação no mercado e a forma como cada insígnia pode acrescentar valor ao mercado e aos clientes.

Depois de iniciada a parceria com a marca, a Daily Coffee apresenta o mercado em que opera, as necessidades desse mercado e também as falhas, com o objectivo de tentar perceber que produtos melhor se encaixam e de que forma se pode dar resposta a lacunas no mercado.

O co-founder da Daily Coffee refere que «acontece, por exemplo, termos produtos exclusivos para o nosso território, que fazem sentido no nosso mercado, mas que depois noutros podem não fazer sentido, ou não estarem sequer idealizados pela marca para serem lançados». Com a adição da nova marca de chá, o objectivo da empresa foi enriquecer o seu serviço de coee break. «Começámos com a Lavazza e rapidamente percebemos que podia fazer todo o sentido ter a água e, depois, os chás. No caso da Kusmi Tea, fomos nós que fomos convidados a representar a marca, como já tinha acontecido com a Borg & Overstrom.»

 

Há um ano falámos sobre a pandemia e a forma como esta alterou os hábitos de consumo de café e água no trabalho. Ao longo deste último ano, e com a banalização dos modelos de trabalho híbridos, qual o balanço?

O teletrabalho tem, em Portugal, um peso muito maior do que se estimava há um ano. Há mais dias de teletrabalho do que de ida ao escritório, e, nos dias de trabalho presencial, existe uma maior vontade de ir almoçar fora ou ir tomar café na rua. Por tudo isto, o momento de coee break no escritório nunca se recuperou totalmente depois da pandemia. Existem dois tipos de empresas: as mais tradicionais, como bancos e escritórios de advogados, por exemplo; e as startups e empresas tecnológicas, onde muitas das vezes os funcionários da empresa estão a trabalhar em casa ou nem sequer vivem em Portugal.

Neste momento, olhamos e trabalhamos mais com as empresas tradicionais, claro. A Daily Coffee tentou verificar, dentro do tecido empresarial português, quais as empresas em que os funcionários sentem mais necessidade de estar presencialmente nos escritórios. Logicamente, toda a nossa estratégia comercial está agora muito mais direccionada para as empresas mais tradicionais.

Mas é claro que não fechamos portas a ninguém. Só este ano fechámos contrato com três grandes tecnológicas que entraram em Portugal, mas o modelo de negócio tende a ser diferente, pois especificamente para estas empresas estamos a seguir o modelo de negócio “à inglesa”. Na nossa última conversa, falámos também sobre as várias áreas de negócio que trabalham.

Ao expandir para o canal Horeca, que tendências observou e quais os desafios que enfrentam?

Trabalhar com o Horeca tem sido um grande desafio, e passado pouco mais de um ano já ultrapassámos largamente a tonelada de café em vendas para este canal. Ainda representa uma fatia muito pequena do nosso negócio, mas já vai tendo algum peso quando observamos a velocidade do crescimento. O grande desafio tem a ver com o facto de estarmos a apresentar a marca directamente ao cliente final. Temos de ter um cuidado com a marca maior, ou seja, se estamos a vender um café Lavazza ou um chá Kusmi Tea, o cliente final tem que saber que produto está a tomar e qual a história por detrás, qual o propósito da marca, e em que é que se diferencia. Tem que ter uma experiência positiva.

No caso do canal Horeca, é importante garantir que o cliente final goste do produto e vá embora satisfeito. Mais do que a parte operacional do nosso serviço, neste caso, o mais importante passa a ser o produto final. Nos escritórios, o ponto mais importante é a operação e o serviço em si, para que não falte café, para que a encomenda chegue a tempo, para que a assistência não falhe…

Tencionam manter a vossa estratégia em termos de áreas de negócio?

Neste momento preenchemos todas as áreas de negócio, umas com representação exclusiva, outras com representação partilhada, outras em parceria. A Daily Coee apresenta-se como uma empresa que presta serviços de café e água para empresas. Este é o nosso core business. O segmento Horeca é muito interessante pelas razões que já falei e também porque contribui muito para o brand awareness das marcas que representamos, seguindo as guidelines das marcas. A nível de e-Commerce, que tem um peso substancialmente maior do que o Horeca, 20 a 25% do nosso volume de negócios, sabemos também que o cliente online é menos fiel, portanto tentamos trabalhar muito com a nossa marca para que o cliente procure a Daily Coffee pela excelente experiência de compra e que volte sempre que queira comprar café.
Temos boas marcas, bons preços, programa de fidelização com sistema de pontos, um bom serviço de apoio ao cliente e um excelente serviço de entregas. Para já, não planeamos entrar em novas áreas de negócio, mas vamos melhorando e crescendo nas que trabalhamos.

De que forma estão a trabalhar para tornar o vosso serviço cada vez mais sustentável?

Temos vindo a traçar um caminho bastante consistente ao longo destes anos, com a passagem de toda a nossa frota de distribuição para viaturas eléctricas, com a utilização de energia 100% verde nos nossos escritórios e armazéns, fazendo reciclagem nos nossos armazéns e aproveitando matérias, como, por exemplo, as borras de café de todas as nossas máquinas de vending. Tudo isto faz com que consigamos entregar um serviço 100% sustentável ao nosso cliente. Em 2016 fomos os primeiros em Portugal a eliminar os copos de plástico das empresas, bem antes da entrada de diversas leis europeias relativamente a isso. Aconteceu porque acreditávamos que havia muito desperdício de plástico de uso único.

Ao dia de hoje, todos os nossos clientes podem tomar o seu café num copo produzido em Portugal e com papel certificado PEFC de floresta responsável, que pode ser reciclado directamente no ecoponto azul. É um caminho que se vai fazendo dia a dia. A questão da sustentabilidade está presente também quando escolhemos as marcas que representamos, desde o café Lavazza biológico com packaging reciclável e com a compensação das emissões de CO2 em toda a cadeia de valor do produto, aos chás biológicos Kusmi Tea em saqueta biodegradável e packaging de papel, ou à própria Borg & Overstrom que, além de não utilizar garrafões de plástico, produz as suas fontes com utilização de energia renovável.

A empresa também se envolve em alguns projectos de cariz social. Quer falar-nos umpouco sobre isso?

É uma boa questão, pois a sustentabilidade não é só o ambiente, é todo o panorama socioeconómico em que vivemos. Diria que o projecto que há mais anos apoiamos é o Cozinha com Alma, uma iniciativa de cariz social, em Cascais, que funciona como um take away social aberto ao público. O objectivo é capacitar famílias que estejam a viver dificuldades financeiras temporárias, através do acesso a refeições de qualidade a um preço simbólico. Além da Cozinha com Alma, em que apoiamos com toda a oferta de café para o staff de lojas e cozinha, também oferecemos os cafés que são vendidos nas lojas da Cozinha com Alma ao cliente final. É um apoio de produto e monetário que reverte para uma causa social com a qual a Daily Coffee se espelha.

A nível de projectos culturais, posso destacar a Creativemornings, também um projecto de longa data, que não é de cariz social mas permite mostrar a nossa preocupação com a diferença e a cultura, a pluralidade de visões e formas de criar. A Creativemornings é um projecto criado por voluntários, que consiste num pequeno-almoço mensal onde um palestrante fala sobre o tema da Criatividade. Qualquer pessoa pode participar nestes eventos. Em todos os pequenos-almoços da Creative mornings é servido café Lavazza, oferta da Daily Coffee.

De que forma a vossa estratégia e posicionamento evoluíram ao longo destes anos?

Eu diria que a grande diferença desde o primeiro ano, até agora, tem a ver com o posicionamento da própria marca Daily Coffee. Cada vez mais acreditamos que em todas as áreas de negócio que trabalhamos podemos ser irreverentes, sem sermos demasiado sérios, mas com credibilidade e profissionalismo. Focamo-nos no serviço premium, não por vendermos um serviço de luxo, mas por vendermos um serviço fácil, que funciona, com excelentes produtos e que nos tenta sempre manter bem-dispostos e alegres.

Somos uma empresa a cores e não queremos vir a ser nunca uma empresa a preto e branco. Acreditamos que um bom serviço tem um preço, mas acreditamos ainda mais que os nossos clientes preferem um bom serviço a um produto barato e mau. Somos uma empresa de pessoas para pessoas. Queremos continuar a construir a nossa marca, com boa disposição, um serviço de qualidade e, principalmente, uma relação duradoura e de confiança com os nossos actuais e futuros clientes.

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