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Será o fim do queijo camembert ou café arábica? Perda de biodiversidade colocam em risco o que comemos e pode afetar as marcas
A globalização e a perda de biodiversidade estão a colocar em risco alimentos tão apreciados quanto o queijo camembert, o salmão selvagem do Atlântico ou o café arábica.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), das seis mil espécies de plantas cultivadas para alimentação, menos de 200 contribuem substancialmente para a produção global de alimentos e só nove representam 66% da produção agrícola mundial, reduzindo assim a variedade alimentar e impactando o meio ambiente, a saúde e a cultura gastronómica.
O domínio das grandes corporações e a padronização de sementes e técnicas agrícolas estão a resultar na extinção de variedades tradicionais.
O camembert, por exemplo, sofreu com a perda de biodiversidade microbiana essencial para sua fermentação. Já o café arábica pode perder até 65% de suas áreas de cultivo até 2080 devido ao aquecimento global. O mesmo acontece com o salmão selvagem do Atlântico cuja quantidade foi reduzida entre 30% e 50% devido à sobrepesca, à contaminação, à construção de represas e aos efeitos da piscicultura industrial, segundo Dan Saladino , jornalista gastronómico e autor do livro “Eating to Extinction”.
Os especialistas alertam que a redução da diversidade alimentar pode comprometer a segurança nutricional e aumentar o risco de doenças como obesidade e diabetes. Para reverter essa tendência, organizações como a FAO incentivam a preservação de cultivos tradicionais e a adoção de práticas agrícolas sustentáveis.
Ora, com a perda da biodiversidade alimentar a afetar o que comemos, tal tem também consequências nas marcas de várias formas, desde a escassez de ingredientes até às mudanças no comportamento do consumidor.
Por exemplo, marcas que dependem de ingredientes ameaçados, como café arábica, queijos artesanais ou peixes específicos, podem enfrentar dificuldades na produção ou até ter de aumentar preços e obrigar as empresas a reformular produtos ou procurar alternativas.