Robôs são um risco para o Marketing?
A Inteligência Artificial é apontada como potencial destruidora de postos de trabalho, mas também poderá apadrinhar o nascimento de novas profissões. Então, e no Marketing? Será que há razões para temer a evolução tecnológica? Como está a mudar a paisagem laboral neste sector?
Gabriel Augusto, director da Flag, responde a estas perguntas em entrevista à Marketeer e aproveita para assegurar que, mais do que os robôs, será a desactualização de competências a maior ameaça à relevância dos profissionais de Marketing e Comunicação.
O mercado laboral está a mudar e são muitas as profissões a desaparecer mas também a nascer. No Marketing e Comunicação, quais são as que já não existem e as que estão a aparecer agora?
Não há dúvidas de que muito se tem alterado no mercado laboral, no que diz respeito a profissões e competências profissionais mais procuradas no Marketing e na Comunicação, em consonância com as novas necessidades das organizações actuais.
Assistimos, nos últimos anos, à consolidação de diversas profissões ligadas às mais variadas áreas de intervenção do Marketing Digital (Social Media, Social Listening, Performance, UX/IX, eCommerce, Growth Hacking, etc.) e à progressiva inclusão de competências digitais como requisitos em funções mais tradicionais do Marketing.
Mais recentemente, temos vindo a verificar o nascimento/crescimento de novas funções, associadas a Data Science, Service Design, AI, Machine Learning, VR/AR, entre outros.
A Inteligência Artificial tem sido apontada como um risco ao emprego. Os robôs podem substituir profissionais de Marketing?
O receio de substituição é uma preocupação real para profissionais das mais variadas áreas, desde o aparecimento de soluções de automação associadas a Inteligência Artificial. No caso dos profissionais de marketing e comunicação, essa preocupação é, também, uma realidade. Contudo, partilho da opinião de que qualquer acção ou campanha de qualidade exige uma ligação humana, de natureza empática, que até hoje é algo de que só os humanos são capazes.
Mais do que nunca, o papel do profissional de marketing é tecnológico – particularmente, em tecnologia automatizada – e, simultaneamente, humano – para se ligar activamente e empaticamente ao consumidor em todos os pontos de contacto. Esta última componente defenderá a relevância dos profissionais de marketing por muito mais tempo, sendo chave para uma compreensão profunda e real do consumidor, ao invés de um mar de dados sem face. A verdade é que até hoje nenhum software lhe dirá a melhor forma de navegar na complexidade de um relacionamento com o cliente. Neste cenário futuro que visualizo, a automação será muito mais uma ferramenta de auxílio para os profissionais, nas tarefas mais rotineiras, demoradas, analíticas e operacionais, do que propriamente uma ameaça.
O Marketing, no geral, é uma área com futuro em termos de empregabilidade?
A empregabilidade no domínio do Marketing continua em alta, como se tem verificado nos últimos anos, dado ao aparecimento de novas necessidades nas empresas, que exigem perfis e competências diferentes das apresentadas nos perfis tradicionais de profissionais de marketing.
Note-se ainda que o Marketing é cada vez mais uma função transversal de qualquer organização, e algo menos restrito a um departamento específico da mesma. Com isto, temos vindo a assistir também ao desenvolvimento de novas oportunidades para os profissionais de marketing a entrarem em outros domínios de actuação, como Recursos Humanos e Sistemas de Informação, entre outros.
Que importância tem a formação neste processo?
A formação é determinante para todos os profissionais que actuam ou pretendem vir a actuar nestas áreas, pois é a forma mais eficaz para se manterem competitivos e actualizados, acompanhando e endereçando as mudanças e novidades de mercado.
Como já foi referido, o perfil do profissional de marketing tem vindo a alterar e assim o continuará nos próximos anos. A desactualização de competências será a maior ameaça para a relevância dos profissionais de marketing e comunicação que já actuam no sector. Para os que pretendem iniciar uma carreira relacionada com marketing, a formação apresenta-se como o melhor complemento ao ensino tradicional, dada a sua vertente prática.
Num mundo ideal, um profissional de Marketing deveria actualizar os seus conhecimentos através de novos cursos/formações com que periodicidade?
A resposta varia consoante o tipo de função e as necessidades específicas do profissional, mas recomendamos que seja ao ritmo das mudanças constantes do próprio mercado. Nascem todos os dias novas plataformas, novas tendências e formas de actuar, entre outras alternativas, a formação é efectivamente o instrumento mais eficaz para se manter competitivo no mercado de trabalho, para qualquer profissional.
Como saber qual a formação mais indicada para cada profissional/momento da carreira?
A formação mais indicada para cada um prende-se com os objectivos traçados individualmente e a sua formação/experiência prévia. Para os mesmos assuntos, existem programas de formação de duração e metodologias distintas, de modo a adequar-se aos mais variados perfis e tipologias de profissionais.
Na Flag, defendemos que a formação deve ser sempre focada no saber-fazer, com uma elevada componente prática, e assente em experiências reais de mercado de quem a ministra. Deve ser experiencial e baseada em projectos.
É recorrente recebermos pedidos de aconselhamento e a nossa principal preocupação é perceber quais os objectivos a curto e longo prazo dos interessados, assim como qual a sua disponibilidade. Considerando estas questões, sugerimos o melhor plano de formação que o irá ajudar a alcançar com sucesso as suas metas.
Texto de Filipa Almeida