Reflexos e sentidos do recém-nascido

O nascimento é um evento de enorme intensidade para o bebé. É o momento em que abandona o conforto do ventre materno e chega a um mundo repleto de luz, frio e barulho, em tudo diferente do ambiente acolhedor onde se encontrava. No entanto, o recém-nascido vem já preparado com uma série de reflexos e com sentidos activos para reagir aos estímulos exteriores que recebe.

No que respeita aos reflexos, muitos desenvolvem-se ainda com o bebé no ventre e como forma de interacção com o ambiente intra-uterino. Por exemplo, abre e fecha os olhos, chucha no dedo e afasta o rosto quando sente uma luz forte apontada à barriga. Alguns destes reflexos vão desaparecendo à medida que o bebé desenvolve outras capacidades para se adaptar ao mundo exterior. Geralmente, na primeira consulta médica, o pediatra verifica os reflexos do bebé (ver caixa reflexos primitivos) para avaliar a sua preparação neurológica.

Paladar apurado

Já no que diz respeito aos sentidos, o primeiro a desenvolver-se é o tacto e tal acontece ainda com o bebé no ventre da mãe. Entre a quinta e oitava semana de gestação (dois meses), o bebé adquire sensibilidade nos lábios e entre a 13.ª e a 16.ª semana (quatro meses) ganha sensibilidade nas palmas das mãos e pés, assim como no rosto.

Já à nascença, o sentido mais apurado é o paladar. Isto porque no segundo mês de gestação desenvolvem-se as papilas gustativas e às 32 semanas de gravidez, o feto é capaz de distinguir os sabores doces, salgados, ácidos e amargos. Também o olfacto se desenvolve cedo, sendo que a partir da 22.ª semana (seis meses) de gestação, o bebé identifica os diferentes odores, através do líquido amniótico, especialmente o aroma dos alimentos incluídos na dieta da mãe.

Distâncias curtas

Quando nascem, os bebés têm uma excelente audição, aliás, a partir da 17.ª semana de gestação o bebé ouve os sons emitidos pelo corpo da mãe e, a partir do sétimo mês de gravidez, ouve sons do mundo exterior, reagindo aos mesmos, além de fazer a distinção entre os barulhos do mundo e os sons produzidos pelo corpo da mãe. Assim, quando nasce, o bebé distingue perfeitamente a voz da mãe de entre todas as outras.

À nascença, o sentido menos desenvolvido é então a visão. O bebé apenas consegue focar a distâncias curtas, por exemplo, a distância entre o rosto e o peito da mãe. Nas primeiras semanas de vida, também só consegue distinguir cores em contraste (preto do branco) e só aos 3-4 meses é que as diferencia. Finalmente, aos 8 meses, a visão está totalmente desenvolvida.

Estimular os sentidos

É importante recordar que os bebés estão sempre preparados para fazer experiências. É com esta predisposição e curiosidade que conhecem e exploram o mundo. E é através dos cinco sentidos que experienciam todas as novidades, por isso nada melhor do que estimular o desenvolvimento dos mesmos.

Dê ao bebé objectos diferentes para brincar, que lhe apresentem novas texturas, cores e sons. Não é necessário que sejam objectos sofisticados, basta que cumpram os requisitos de segurança e higiene recomendados – descobrir uma colher pode ser tão divertido como brincar com um peluche.

No seu primeiro ano de vida, é quando o cérebro do bebé produz sinapses mais rapidamente do que em qualquer outra altura da sua existência e, até aos três anos, são formadas milhares de milhões de ligações neurais. Por esta razão é importante que a criança, ao longo deste tempo, seja devidamente estimulada para optimizar o seu desenvolvimento natural.

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