Quadro de Domingos Sequeira vendido em França por 95 mil euros a casal português

O quadro de Domingos Sequeira “Descansando durante a fuga para o Egito” foi hoje vendido por 95 mil euros, em França, ao casal de colecionadores portugueses Maria e João Cortez de Lobão, que tencionam expô-lo em Nova Iorque.

A venda aconteceu durante um leilão em Lyon, em que a estimativa dos valores de licitação se situava entre os 3.000 e os 5.000 euros, tendo acabado em 95 mil euros, segundo os resultados finais publicados pela plataforma de leilões Drouot.

Fonte ligada à venda confirmou à Lusa que a pintura de Domingos Sequeira, representando uma cena bíblica, foi comprada pelo casal Cortez de Lobão, com a intenção de o expor na Sede da Hispanic Society, em Nova Iorque. O casal estabeleceu a Fundação Gaudium Magnum em 2018, que faz parte do Conselho Consultivo Internacional da Hispanic Society Museum & Library (HSML), instituição museológica de arte e cultura iberoamericana dos Estados Unidos.

“Descansando durante a fuga para o Egito” é uma pintura realizada em 1824 por Domingos Sequeira, cujo paradeiro era desconhecido e foi recentemente descoberto em França.

A leiloeira francesa Artèncheres, que levou o quadro à praça, referiu que esta tela fez parte de uma exposição em 1824, em Paris, contudo “fora do catálogo”. Nesta exposição, a tela “A Morte de Camões” valeu a Domingos Sequeira (1768-1837) a Medalha de Ouro.

A Artèncheres afirma que a tela “Descansando durante fuga para o Egito” “é uma redescoberta importante, pois, como atesta a data, é a segunda tela conhecida da época da estadia [do pintor] em Paris” e foi citada num catálogo da exposição “Sequeira Um Português na Mudança dos Tempos” que esteve patente no MNAA, em 1987.

Em 1824, Domingos Sequeira, defensor do ideal liberal, instalou-se em Paris, depois da intentona “vilafrancada”, liderada pelo infante Miguel, em 1823.

Esta não é a primeira tela de Domingos Sequeira à venda no estrangeiro, em tempos mais recentes. Em 2023-2024, uma outra obra do pintor esteve envolvida em polémica. Trata-se de “Descida da Cruz” (1827) que foi autorizada pela então Direção-Geral do Património Cultural a sair do país, contrariando pareceres de especialistas.

O quadro esteve à venda na Feira de Arte e Antiguidades da European Fine Art Foundation (TEFAF), em Maastricht, nos Países Baixos, tendo sido adquirido, em março do ano passado, pela Fundação Livraria Lello, que decidiu expô-lo no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto, onde se encontra.

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