Preço do café vai continuar elevado. A culpa é do consumo e do El Niño
Em 2023, o café valorizou 71% e era de esperar que essa subida abrandasse, mas o caso não se verifica. De acordo com o El Economista, os valores dos grãos mais básicos (robusta) dispararam 46% este ano e 71,5% desde Outubro do anterior, levando a tonelada a custar mais de 3500 euros. Porém, o máximo histórico deu-se em Abril, superando os 4 mil euros.
O café robusta representa 40% do fornecimento mundial, enquanto o arábica representa 60%. Este último, embora também esteja a viver uma forte subida de preços, está a ter um período mais calmo, pois os seus produtores (principalmente Brasil) encontram menos problemas para abastecer um mercado voraz e cada vez mais exigente.
Quanto aos motivos mais concretos por trás do aumento do robusta, a Volcafé, uma das maiores do mundo na compra e venda de café, explica que o potencial de cultivo do Vietname está no seu nível mais baixo em 13 anos, pois “as escassas precipitações terão provocado danos irreversíveis”, enquanto a expansão de outros cultivos e árvores na região tem retirado área dedicada a este produto.
O país do sudeste asiático é o líder absoluto no que toca ao robusta, produzindo 26,3 milhões de unidades (de 60kg cada uma) comparado com os 22,8 milhões do Brasil, o segundo maior produtor. Para além destes dois grandes dominadores do mercado, o resto é bastante fragmentado, com a Indonésia a ser o terceiro maior produtor com apenas 10,5 milhões, seguida do Uganda com 5,56 milhões.
O fenómeno climático relacionado com o aquecimento do Pacífico oriental que se manifesta de forma cíclica conhecido como El Niño é um dos culpados. Este evento eleva criticamente a temperatura e deixa os cultivos totalmente expostos a situações de seca. Um exemplo disso é que só em Abril o Vietname registou vários recordes de altas temperaturas com até 2,5 graus acima da média.
Isto leva a um enorme risco potencial para a oferta, que está a afectar claramente os preços, salienta a Volcafé. O Banco Mundial estima que a queda de preços, que todos esperam que aconteça em 2024, se prolongue mais 12 meses. O maior consumo também não ajuda a equilibrar a balança.
A Europa tornou-se, em 2021, o principal mercado consumidor de café em todo o planeta. Só nesta região consome-se cerca de 24% do café a nível mundial e os custos do transporte de qualquer rota vinda do Vietname ou da Indonésia subiu 150%.