Portugueses estão a gastar mais em entregas e menos em lazer. 67% tenta poupar mais

A mais recente edição do “EY Future Consumer Index” mostra que a COVID-19 está a ter um impacto sem precedentes no comportamento dos consumidores. Olhando para os portugueses – incluídos pela primeira vez neste estudo – nota-se que estão mais cuidadosos e preocupados, o que se reflectirá em gastos mais reduzidos no Natal e Passagem de Ano (71% tenciona gastar menos nesta época).

Realizado entre a última semana de Outubro e a primeira de Novembro, junto de cerca de 500 consumidores, o inquérito da EY mostra que 91% dos consumidores portugueses afirma ter mudado a forma como compra, 82% alterou o modo de trabalho e 54% passou a comprar outros produtos.

No geral, os portugueses estão a gastar mais em serviços de entrega de supermercado ao domicílio, alimentos frescos, enlatados e secos, bem como em congelados. Por outro lado, encolheram o orçamento no que concerne actividades de lazer fora de casa, férias, produtos de luxo ou outros prazeres.

A consultora revela ainda que mais de 30% dos consumidores apresenta rendimentos mais baixos desde que a pandemia teve início e que e 67% está a tentar poupar mais.

«Imposta e moldada por uma pandemia, a economia do distanciamento social começa a ganhar força. Estamos, claramente, a assistir a uma economia que resulta de novos hábitos de consumo e que privilegia a diminuição do contacto social próximo, afasta-nos e aumenta as restrições de saúde sanitária. Tal terá impacto nas formas como vivemos, como trabalhamos, como compramos, como nos divertimos, movimentamos e usamos a tecnologia. Terá e já tem. Os resultados estão à vista», afirma Sérgio Ferreira, executive director Customer & Digital Experiences, Consulting Services da EY Portugal.

Ainda sob o signo da mudança, 67% dos portugueses mostra-se disponível para experimentar novas marcas ou produtos. Estas alterações poderão ser alavancadas pela internet, já que 58% diz passar mais tempo online e que 55% sente que a tecnologia ajuda a aproveitar mais a vida durante a pandemia.

«Muitos negócios de retalho e empresas de distribuição, por exemplo, já tiveram de se adaptar a novos modelos de compra online, home delivery, click & collect ou take away. O aumento do comércio electrónico como suporte ao distanciamento social é, por isso, inevitável», garante Sérgio Ferreira, lembrando que a pandemia está a impactar a circulação de pessoas, em termos turísticos e de lazer, e a aumentar o número de oportunidades ao nível do teletrabalho. Tudo isto afecta a forma como os consumidores compram, sendo que estamos ainda numa fase de transição.

A longo prazo, a EY considera que o impacto da pandemia será duradouro. Os mesmos inquiridos antecipam gastar menos em produtos de luxo, férias e actividades de lazer fora de casa. Os gastos em prendas para outras pessoas, doações, equipamento desportivo/fitness, roupa e calçado também deverão sofrer.

“Novo normal”

Embora sejam muitas as restrições impostas devido à crise sanitária, o estudo da EY indica que a maioria dos portugueses ainda se sente confortável a fazer compras em supermercados, passear em público, deslocar-se até ao locar de trabalho e comer em restaurantes. Por outro lado, pensam duas vezes antes de viajar em transportes públicos e de avião, fazer um cruzeiro, ir ao ginásio e a eventos/espectáculos.

Quanto ao regresso à normalidade pré-pandemia, 64% dos consumidores conta que o trabalho volte ao normal dentro de dias ou semanas (26% espera que aconteça em meses; e 10% em anos ou mesmo nunca).

No que às compras diz respeito, 29% acredita que esta actividade normalize no prazo de dias ou semanas (29% em meses; e 8% em anos ou nunca).

A estabilidade financeira, por seu turno, apresenta perspectivas mais negativas, uma vez que somente 25% dos portugueses antevê um cenário de estabilidade financeira em dias ou semanas; 40% aponta para meses e 35% para anos ou nunca.

As viagens deverão regressar à normalidade em dias ou semanas para 38% os inquiridos, em meses para 45% e em anos ou nunca para 17%.

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