Porque é que os pacotes de batatas fritas vêm cheios de ar?

Abrir um saco de batatas fritas e descobrir que o conteúdo é 90% ar pode ser uma experiência desanimadora, mas há boas razões para que os pacotes de snacks possam, por vezes, assemelhar-se a uma almofada insuflada.

É comum dizer-se que os pacotes de batatas fritas contêm muito ar para ajudar a protegê-los de esmagamento prematuro durante o transporte, atuando um pouco como um airbag. Além disso, a presença de gás no saco ajuda a acomodar as alterações da pressão atmosférica, o que é importante se a comida for transportada por avião.

Os sacos não são enchidos com ar atmosférico de fábrica, mas sim com azoto. Se forem deixadas expostas ao ar livre e ao oxigénio, as batatas fritas podem ficar rapidamente moles e pouco apetitosas, como se pode verificar se deixar um pacote aberto durante a noite.

No entanto, o nitrogénio ajuda a evitar a oxidação dos óleos e amidos das batatas fritas, ajudando a mantê-las frescas e estaladiças durante mais tempo. Este facto, curiosamente, foi cientificamente validado por estudos revistos por pares. O nitrogénio é também uma boa escolha porque não é reativo, não tem cheiro e é seguro para utilização em embalagens de alimentos.

Do outro lado do argumento, há algumas provas de que alguns especuladores de batatas podem estar a encher demasiado as suas embalagens.

Henry Hargreaves, um artista e fotógrafo de alimentos, ficou cada vez mais desanimado com o conteúdo dos seus snacks processados, pelo que levou a cabo uma experiência (não tão científica) para ver se a embalagem tipo airbag era realmente necessária.

Choque: ele descobriu que o facto de haver uma abundância de gás na embalagem não ajudava a evitar danos no conteúdo.

“Pensei que o ar impediria que se partissem, mas aconteceu o contrário. Os que têm mais ar também são os que se partem mais. Descobri que, quando os fechei a vácuo, era a forma mais eficiente de os transportar e manusear sem os partir”, disse Hargreaves à BBC Future.

“Por exemplo, 86 em cada 100 camiões que transportam Doritos não precisam de estar na estrada. É uma grande pegada de carbono”, acrescentou Hargreaves.