Política ou Branding? A estratégia de Donald Trump para se manter no topo e como as marcas podem “tirar notas”
Donald Trump volta a ser o centro das atenções com declarações polémicas que envolvem geopolítica, mas que também permitem uma análise estratégica de marketing político. Ao sugerir o uso da força para tomar territórios como a Gronelândia ou o Canal do Panamá, o presidente norte-americano eleito em novembro não apenas gera debates, como também reforça a sua presença mediática. Mas, de tudo isto, como diferenciar a verdade da estratégia de marketing do magnata?
A fronteira entre política e marketing
A grande questão que se coloca é até que ponto estas declarações representam intenções reais ou fazem parte de uma estratégia de marketing político. As ameaças sobre a imposição de tarifas à Dinamarca, caso esta não ceda o controlo da Gronelândia, e ameaça de anexação do Canadá e Canal do Panamá, exemplificam o uso de uma narrativa nacionalista que ecoa entre a base de eleitores do político e geram – inevitavelmente – reações.
Esta abordagem é reforçada por gestos simbólicos, como a sugestão de renomear o Golfo do México para “Golfo da América”. Tudo isto encaixa numa estratégia bem definida: consolidar o apoio de uma audiência que valoriza uma visão nostálgica e de orgulho nacionalista.
A comunicação como ferramenta-chave
Goste-se ou não, Trump domina a arte da comunicação política. O estilo direto, provocador e frequentemente politicamente incorreto tem-se revelado uma ferramenta eficaz. Desde o seu icónico slogan “Make America Great Again” às declarações controversas, a mensagem é sempre simples, emotiva e capaz de mobilizar eleitores, atraindo-os para a sua narrativa.
As plataformas digitais, como o X, de Elon Musl, e Facebook, são igualmente fundamentais na sua estratégia. Trump recorre frequentemente a estas redes para comunicar com os seus seguidores e dar força à sua mensagem, consistentemente simples e repetitiva, que leva a debates virais, enfraquece os adversários e leva à sensação de que o eleitor é ouvido pelo presidente. A ameaça sobre a Gronelândia e o Canal do Panamá, por exemplo, torna-se alimento nos media pela sua (quase) absurdidade e coloca-o no centro da polémica com memes e reações que lhe garantem um lugar permanente nos jornais, televisões, rádios e internet.
O marketing político como marca pessoal
Do ponto de vista do marketing, Trump constrói a sua marca pessoal com base em mensagens claras e polarizadas. Tal como nas marcas comerciais, o objetivo deste tipo de marca é criar uma ligação emocional com a audiência. Para o presidente eleito, essa ligação está ancorada na promessa de reafirmar o poder norte-americano e defender os interesses do país a todo o custo, ou seja, a tal retórica de tornar a América “grande novamente”, evocando um passado histórico baseado numa nostalgia de que antes é que era bom.
Porém, esta estratégia também tem o lado negativo. Ao priorizar temas nacionalistas e minimizar questões de diversidade e inclusão, Trump aliena segmentos importantes da população. Este é um ponto que as marcas devem considerar ao comunicar: enquanto mensagens claras e diferenciadoras podem gerar fidelidade, também podem afastar consumidores que não se identificam com esses valores.
O caso Trump ilustra a importância de compreender como construir mensagens que gerem uma ligação emocional e influência. Num mundo polarizado, é essencial que as marcas saibam equilibrar autenticidade, relevância e consistência e é um facto que declarações controversas podem atrair atenção, mesmo que dividam opiniões.
Para as marcas, a lição é clara: há muito a aprender com a capacidade de Trump de dominar a narrativa, mas também com os riscos de uma comunicação polarizada.