Patrick Sequeira (Pêpê Rapazote): «Se queres dar um boost à tua laife, muda o teu betset»

Uma vez mais, o humor é a arma escolhida pela Betclic para a sua mais recente campanha. Com Pêpê Rapazote no principal papel, encarnando a personagem de Patrick Sequeira – Bet Coach de Alta Performance -, o filme bebe da inspiração dos tão em voga mental coaches, gurus de wellness e outros perfis do mesmo tipo. O protagonista encarna o papel de um “especialista da auto-ajuda”.

O guru tem cabelo comprido, apanhado atrás, num carrapito (tal como a personagem do Tom Cruise no filme “Magnolia”), possui um olhar alucinado de quem “viu a luz”, um grande relógio e usa um microfone junto à boca, que lhe deixa as mãos livres para gesticular com os punhos e pregar a sua mensagem.

Ao longo de várias intervenções, como se de uma TED Talk se tratasse, perante um auditório, Patrick explica como dar um boost à vida e mudar o “betset” de todos aqueles que o escutam, numa sucessão de expressões motivacionais usadas pelos coaches.

Em declarações à Marketeer, Miguel Domingues, brand manager da Betclic, explica que viram em Pêpê Rapazote a pessoa ideal para encarar esta personagem, pelo seu carácter divertido e imprevisível. «Achámos que ia entregar isto de uma maneira perfeita. Era preciso skills de representação e ao mesmo tempo ter sentido de humor. Porque o filme estás no limiar entre o sério e o humor, não podendo abandalhar. E o Pêpê consegue fazê-lo de forma maravilhosa. É um fit perfeito.»

Já Pêpê Rapazote salienta que não se pode falar de identidades porque se está a trabalhar como actor, está a trabalhar ao serviço de um produto. «Mas se pudermos juntar tudo e ter uma campanha como esta da FunnyHow, absolutamente extraordinária, com sátira, ironia e com a abertura de um cliente como a Betclic, dá uma liberdade enorme. Apaixonei-me. É daquelas coisas que eu não via há muito tempo em termos de qualidade e de humor.»

Com esta campanha a Betclic pretende reforçar o seu posicionamento como uma marca de entretenimento. «Somos muito mais do que uma marca de desporto», assegura Miguel Domingues. E acrescenta: «Se queremos crescer no sentido do entretenimento temos que representar esses valores e não é só demonstrá-lo em campanhas. A equipa tem de estar imbuída desses valores. Por exemplo, patrocinamos as ligas de basquetebol masculina e feminina. Apesar de a feminina ainda não ter o mesmo desenvolvimento da masculina, fizemos um investimento igual para as duas ligas precisamente porque queremos alavancar a feminina para um patamar aproximado da masculina.»

O brand manager salienta que é fácil comunicar o que toda a gente fala que é o futebol. E a Betclic podeia ter ido por esse caminho e patrocinar clubes. «Mas tentamos ir por caminhos alternativos no desporto, mas não só. Vamos ter os Liga Betclic Awards, já estivemos na ModaLisboa, Andamos em várias áreas e já somos uma marca de entretenimento. Vamos comunicar com pessoas que gostam de desporto mas também têm atenção àquilo que é a cultura, o cinema.» Exemplo dessa estratégia são o documentários que a marca produziu de Neemias Queta e de Vanessa Fernandes, para citar apenas alguns dos produzidos pela equipa interna da marca. «Queremos estar enquanto produtores de conteúdos.»

Com presença a partir de hoje em televisão, digital, OOH e Playce, esta campanha vai estar no ar até ao final desta temporada, ou seja até 10 de Junho quando se disputa a final da Liga dos Campeões.

A Marketeer esteve a acompanhar as gravações da campanha e aproveitou para conversar com Pêpê Rapazote sobre a sua experiência em campanhas publicitárias.

Porque é que aceitou fazer esta campanha? Não faz muita publicidade…

Adoro publicidade. Não tenho feito muita porque não gosto da publicidade que me apresentam. Felizmente não preciso. Faco publicidade porque gosto da publicidade que faço. Ainda no ano passado recusei uma campanha de um cliente grande, português, que pagava muitíssimo bem, mas não era a minha onda. Esta [da Betclic], eu pagava para fazer, mas o contrato já estava assinado e não havia nada a fazer… [risos]

Não havendo a necessidade e cedendo a minha imagem em termos publicitários a alguma marca, que seja um projecto muito interessante. Publicidade é uma coisa que pode pagar bem e há pessoas que o fazem só pelo dinheiro e o produto pode ser o contrário daquilo com que se identificam. Não podemos falar de identidades aqui porque se estamos a trabalhar como actores estamos a trabalhar ao serviço de um produto, mas se pudermos juntar tudo e ter uma campanha como esta da FunnyHow, absolutamente extraordinária, com sátira, ironia e com a abertura de um cliente como a Betclic, dá uma liberdade enorme. Presta um serviço de entretenimento e não tem que se ter cuidados com a letra pequena. Apaixonei-me. É daquelas coisas que eu não via há muito tempo em termos de qualidade e de humor.

A última vez que fiz uma coisa destas, em termos de performance de palco, terá sido para a Ferrero Rocher há muitos anos que também me deu muito gozo. Eram seis minutos de texto.

Há coisas que me atraem particularmente. Sempre tive uma paixão grande pela publicidade. Não tem a ver com dinheiro. Venho de uma família de publicitários. O meu tio João Rapazote [Panorâmica 35] é um dinossauro da publicidade em Portugal como produtor e como realizador. Trabalhamos muito pouco juntos. Fizemos um filme para as máquinas de café de cápsulas do Pingo Doce.

Gosto mesmo de publicidade. Do timing e da edição. A publicidade filmada é uma escola espantosa. Há muitos realizadores que não sabem o que fazer com os frames a mais que têm num filme de duas horas porque fizeram planos a menos e fica aborrecido. Aqui qualquer realizador mata por mais 10 frames. O mindset é ao contrário. Há 22 segundos de anúncio para apresentar o produto, sete segundos de packshot e um de pós packshot. É maravilhoso. É um puzzle mental do princípio ao fim, desde o cliente à agência. Todo este trabalho até ao produto final é uma coisa deliciosa.

Neste filme é um coach…

Sou. Um coach motivacional e de apostas. É possível fazer apostas sobre tudo. Sobre a queda da dentadura ao jogador ao minuto 9, sobre o descalçar a chuteira ao minuto 33. É preciso sair da aposta de conforto. E por isso é que eu sou tão bem sucedido na vida. Há muitas oportunidades para campanhas futuras. É isto que me apaixona de verdade.

É pessoa de apostas?

Não. Só me lembro de ter feito uma aposta. Foi há dois anos e paguei-a. Foram 500 dólares. A aposta era sobre a autoria de uma música. Achava que era do David Bowie, mas era mais atrás. Apostámos e perdi. Mas quando transferi bateu na trave e devolveram-me muito menos por “vicissitudes do banco boliviano”. Ainda fui comido. Repeti a transferência.

Ficha Técnica

Agência: Funnyhow
Chief Creative Officer: César Sousa
Director Criativo: Álvaro Silveira e André Leite
Director Arte: Leonardo Fernandez e Fábio Franco
Designer: Miguel Trindade e Beatriz Rações
Redator: João Aragão
Motion Designer: Ana Paiva
Executivo Contas: João Gonçalves e João Barata
Produtora: Mosaic Media House
Produtor: Phillip Saragga Reese
Realizador: Gonçalo Sbrugens
Director de Fotografia: Mário Guilherme
Fotógrafo: Manuel Lino
Sound Mix: O Menino Grava

Texto de Maria João Lima

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