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Oreo, Mars, M&M e não só: Marcas reduzem tamanho dos chocolates, mas preços mantêm-se (por enquanto)
Os amantes de chocolate podem ter notado que os seus doces favoritos estão mais pequenos, mas não mais baratos. A Mondelez, dona de produtos como a Milka ou Oreo, e a Mars Wrigley, que detém os M&M, Snickers ou Mars, reduziram o peso das embalagens de várias marcas icónicas, mantendo os preços nas prateleiras ou até aumentando-os,
Na Tesco, por exemplo, uma embalagem de Cadbury Oreo Bites passou de 110g para 100g, mantendo o preço de 1,75 libras. No Sainsbury’s, um M&M’s Chocolate More to Share encolheu de 220g para 200g, sem alteração no preço (3,60 libras).
A prática, conhecida como “shrinkflation” (em português reduflação), foi denunciada por Steve Dresser, CEO da Grocery Insight, que partilhou imagens das novas embalagens nas redes sociais. A Mondelez e a Mars Wrigley, abordadas pelo site The Grocer, confirmaram a redução justificando-a com o aumento dos custos de produção, especialmente de ingredientes como cacau e leite.
Embora as marcas afirmem que a decisão foi o “último recurso” para manter a qualidade dos produtos, na prática, os consumidores terão de pagar mais por menos chocolate.
A Marketeer tentou obter esclarecimentos por parte das duas empresas em Portugal, tendo a Mars Wrigley indicado que “as pressões inflacionistas que se fazem sentir em todo o mundo estão bem documentadas e, infelizmente, não somos imunes a elas”.
Nesse sentido, a marca confirma a redução do peso dos chocolates face ao aumento da matéria-prima: “Enquanto continuamos a absorver aumentos substanciais nos custos das matérias-primas, tivemos de tomar a difícil decisão de ajustar alguns dos nossos preços de tabela e reduzir o peso de um número selecionado dos nossos produtos”.
A empresa garante ainda: “Na Mars, ofereceremos sempre os nossos produtos de alta qualidade com a melhor relação qualidade-preço possível. É algo que de que não abdicamos, e estamos a reforçar esse compromisso nestes tempos difíceis.”
Já a Mondelez Portugal enviou um esclarecimento à Marketeer, indicando que “opera num contexto externo que continua a ser mais complexo e instável do que nunca”.
Nesse sentido, confirma a redução do tamanho dos produtos, mantendo o preço, e justifica: “Como produtor de alimentos, continuamos a enfrentar custos elevados em toda a nossa cadeia de abastecimento, incluindo o custo de certos ingredientes utilizados nos nossos produtos. Os preços do cacau, por exemplo, quase triplicaram nos últimos doze meses, atingindo níveis recorde. Se refletíssemos este aumento no preço final pago pelos consumidores no ponto de venda, o custo de uma tablete de chocolate seria ainda mais elevado, por isso, a pensar nos nossos consumidores, estamos convencidos de que a melhor opção é rever a dimensão dos nossos produtos, permitindo-lhes continuar a desfrutar dos seus produtos favoritos.”
Em que é que esta redução se reflete? De acordo com a dona da Oreo, “isto impacta não só os produtos de chocolate, mas também as bolachas, muitas das quais são cobertas com chocolate” e acrescenta que existem ainda “outros custos, como energia, embalagens e transporte” que “também continuam elevados” o que “significa que os custos de produção dos produtos são significativamente mais caros”.
“Compreendemos as pressões económicas que os consumidores continuam a enfrentar, sendo o aumento de preços sempre o nosso último recurso. Analisamos o mercado de forma cuidadosa e contínua, procurando absorver os custos sempre que possível”, afirma ainda a empresa.
Neste contexto “desafiante”, a Mondelez não exclui também a hipótese de aumentar os preços para fazer face ao aumento dos custos de produção.
“Neste ambiente desafiante, poderá acontecer que tenhamos de proceder a aumentos de preços ponderados, refletindo os custos que nos impactam e permitindo-nos continuar a oferecer aos consumidores as marcas que adoram, sem comprometer o sabor e a qualidade aos quais estão habituados. Importa salientar que os retalhistas são livres de definir os seus próprios preços nas suas lojas”, conclui a Mondelez Portugal em esclarecimentos enviados no dia 2 de março.
(Este artigo foi atualizado no dia 2 de março com os esclarecimentos da Mondelez Portugal.)