O que diz a imagem do coronavírus sobre a forma como enfrentamos a crise?

A ilustração que dá rosto ao inimigo invisível que o Mundo enfrenta tem vindo a mudar. A imagem que conhecemos do novo coronavírus já sofreu várias alterações e, de acordo com uma professora de Comunicação da University of Delaware, isso diz muito sobre a forma como a sociedade está a lidar com a crise sanitária.

Num artigo publicado na Fast Company, Collete Gaiter começa por dar conta daquilo que une as diferentes propostas que circulam relativamente ao aspecto do vírus: regra geral, trata-se de uma bola com espigões. O que varia é, habitualmente, a forma dos espigões e a paleta de cores.

Segundo a professora, esta imagem tornou-se um ícone (uma forma simplificada de representar o vírus) e um símbolo do problema que dezenas de países atravessam. Por isso mesmo, as diferentes representações têm uma palavra a dizer sobre o que o COVID-19 representa.

Collete Gaiter conta que a imagem mais conhecida será aquela criada pelos ilustradores especializadas em medicina Alissa Eckert e Dan Higgins, num trabalho para o Centers for Disease Control (imagem em cima). Desde que foi criada, em Janeiro, seguiram-se centenas de outras sugestões e, de acordo com a professora norte-americana, a maioria das imagens parece ser positiva ou até apelativa.

Apontando para uma ilustração partilhada num artigo do site Politico, Collete Gaiter sublinha que o novo coronavírus foi desenhado com espigões arredondados, que fazem com que pareça suave ao toque. «Muitas destas imagens fazem com que o vírus pareça controlável», afirma a especialista.

Collete Gaiter destaca ainda uma sugestão assinada pelo ilustrador espanhol Ricardo Tomàs que transforma o vírus em palavras cruzadas. Uma vez mais, o carácter perigoso do COVID-19 é suavizado.

«Os temas presentes em todas estas imagens – calma, segurança e perigo – parecem representar a ambiguidade e medo em torno do vírus, bem como os esforços para combatê-lo», explica Colette Gaiter. Apesar de ainda não existir uma vacina, continua a professora, o pânico não leva a grandes conquistas e, por isso, não será uma boa estratégia apostar em imagens alarmistas.

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