O imperioso silêncio das marcas
Por Ricardo Mena, coordenador da PG em Branding do IPAM Porto, em parceria com o IADE
Parece contraditório escrever um artigo sobre a importância do Silêncio para as Marcas, num mundo carregado de redes e meios de comunicação, onde a intensidade e rapidez com que se comunica é inversamente proporcional à capacidade do ser humano de as receber, e, essencialmente, perceber e interiorizar.
Quando falamos de Marcas, a questão é ainda mais sensível, porque nesta falamos no ponto mais sensível da relação de confiança “sagrada” entre a marca e a sua comunidade.
Confúcio disse que, “o silêncio é um verdadeiro amigo que nunca trai”. E num mundo tão conturbado e dinâmico, é fácil deixar-se levar pelo barulho e esquecermo-nos da importância do silêncio.
No branding, o silêncio pode ser uma ferramenta poderosa. É isto que devemos ter em mente quando comunicamos com a nossa comunidade: qual a relevância? Que valor acrescentamos? Reforça a nossa cultura e valor?
O silêncio está a fazer “barulho” no mundo dos negócios. Na Amazon, alguns líderes praticam inícios silenciosos por algum tempo para começar as reuniões… até mesmo um minuto de silêncio permite que os participantes da reunião recuperem e recarreguem as energias. Talvez seja isto que quem gere Marcas precisa de fazer!
O silêncio permite-nos ouvir a nossa voz interior, desligar as distracções e realmente focar no que importa.
É nesses momentos de silêncio, que podemos realmente conectar-nos com os nossos valores e propósito. E quando se trata de branding, essa conexão é essencial.
Quando estamos a construir uma marca, é fácil ficarmos presos aos factores externos. Ou nos concentramos na concorrência, nas tendências de mercado, na tecnologia mais recente. Mas, se não reservarmos um tempo para ouvir nossa própria voz interior, corremos o risco de perder de vista o que torna nossa marca única.
O silêncio também nos permite ouvir os clientes. Ao criar espaço para que eles partilhem os seus pensamentos e sentimentos, podemos entender melhor as suas necessidades e preferências. E quando realmente entendemos os nossos clientes, podemos criar uma marca que se relacione com eles num nível mais profundo, diferente e personalizado.
Uma sugestão: envolva os clientes internos nesta decisão. Eles melhor que ninguém conhecem a essência da marca, pois defendem-na todos os dias!
Não se trata assim de ficar quieto, mas também de saber quando falar e o que dizer. Em branding, isso significa ser intencional com a nossa mensagem e escolher as nossas palavras e ações cuidadosamente. Às vezes, pode significar ficar fora de certas discussões ou situações que não se alinham com nossos valores de marca ou personalidade. Ao praticar esse tipo de silêncio selectivo, podemos construir uma marca que seja autêntica, atraente e fiel a quem somos.