Nos 50 anos do 25 de Abril, o que significa a Liberdade para quem trabalha as marcas?

No dia em que a Liberdade é a palavra mais evocada, a Marketeer desafiou alguns responsáveis de Marketing, Comunicação, Publicidade e Eventos a partilharem o que significa isso mesmo, a liberdade,  no seu dia-a-dia à frente de grandes marcas ou a trabalhar com grandes marcas.

Teresa Lameiras, Siva

Enquanto profissional sempre trabalhei no pós 25 de Abril, mas é incrível esta liberdade que nós temos de poder trabalhar sem medo, focando-nos apenas naquilo que queremos comunicar, sem termos que cuidar das palavras, sem ser unicamente com o foco na mensagem que queremos transmitir em função do produto e da marca, da mensagem que queremos comunicar sem o medo de aquilo que pode ser entendido, da caneta azul que aí vem para filtrar. Somos livres. É tão importante também para nós, mulheres, que atingimos os nossos sonhos sem medo, que podemos trabalhar em liberdade, unicamente com o foco naquilo que é importante para nós, escolhermos, sermos livres para decidir. E isso é muito importante na comunicação e naquilo que fazemos todos os dias na nossa vida, em função daquilo que é a verdadeira liberdade para dizer aos outros o que sentimos.

 

Rita Pinho Branco, Montepio

A liberdade a comunicar em 2024, 50 anos depois da Revolução de Abril, é aquela que nos permite, enquanto profissionais de comunicação, desenvolver os nossos projectos, a nossa criatividade, as nossas estratégias, tendo por base a liberdade de expressão e a liberdade de pensamento. Estas duas conquistas de expressão e de pensamento estão entre as maiores conquistas de Abril. E essas são aquelas que nos permitem hoje afastar-nos dos valores do passado e assentarmos a nossa actividade nos valores da humanidade, nos valores da ética, os valores do respeito pelo próximo. Estes são os valores que a Abril nos deu e que nos permite desenvolver e, portanto, este é um momento ideal também, para os celebrar.

 

Tiago Simões, Sonae Mc

Para todos nós que vivemos pouco a nada aquilo que era Portugal antes do 25 de Abril, tentar definir hoje a sua importância talvez seja um pouco mais difícil. Se pensarmos no que fazemos com as marcas talvez seja mais óbvio, sem toda a liberdade que temos hoje para que as marcas possam ser o que quiserem, para quem quiserem, como quiserem e aquilo que achamos que devem ser, para fazer passar a sua mensagem. Se Pensarmos nisso, talvez seja mais fácil de imaginarmos o que deveria ser gerir uma marca quando nada disso seria possível.

Mas também realçar a marca incrível que é o 25 de Abril. Que têm um símbolo único, que é o Cravo Vermelho, que tem um ensaio único que é a Iiberdade e que une toda a gente, que consegue aceitar todas as ideologias e é hoje uma marca absolutamente única, e que 50 anos depois é importante para praticamente todos, e portanto a própria marca de 25 de Abril, tem que fazer pensar e inspirar como um modelo incrível para a forma como já vemos as nossas marcas.

 

Pedro Rodrigues, Desafio Global

Liberdade dos eventos. A liberdade dos eventos, eu acho que é liberdade dizer que não, a fazer projectos em que não acreditamos. Valorizamos a lealdade dos clientes, valorizamos o respeito para com os outros, portanto eu diria que teremos liberdade quando, efectivamente, atingirmos uma dimensão e o estatuto, que nos permita não fazer projectos em que não acreditamos. Isso para nós é liberdade e viva ao 25 de Abril, hoje e sempre.

 

Sónia Moreira, EuPago

A liberdade das marcas está, intrinsecamente, relacionada com a evolução das sociedades democráticas e tem evoluído em paralelo com as mudanças sociais, políticas, económicas e, principalmente, tecnológicas. Numa altura em que se assinala o 50-anário sobre a evolução do 25 de Abril é importante referir o impacto profundo que este momento tão especial da história de Portugal trouxe a liberdade das marcas. não só e, como é mais óbvio, pelo fim da censura, mas também com abertura à promoção dos valores da liberdade, da democracia e da responsabilidade social.

Foi nessa altura que começou a abrir-se o caminho para a diversidade na criação e desenvolvimento de novos produtos, bem como para as marcas poderem criar livremente e sem barreiras, originando ideias mais criativas e disruptivas. Por último, também foi a partir desta altura que as marcas começaram a viver em concorrência e convivendo livremente entre si, o que os permitia mais facilmente evoluir e obter a satisfação dos seus clientes.

Actualmente, no exercício das minhas funções enquanto directora de marca, tenho à minha disposição um conjunto de ferramentas que me permitem criar relações próximas com os meus consumidores e uma maior interacção com eles. como exemplo, as plataformas redes sociais, a inteligência artificial ou até o Neuromarketing.

Foi a liberdade das marcas e a sua evolução que permitiu que pudéssemos hoje trabalhar de forma mais original. Por último, não podemos esquecer que a liberdade das marcas acarreta inevitavelmente uma responsabilidade ética que deve sempre estar alinhada com aquilo que são os valores consumidores e que deve sempre, e acima de tudo, ser respeitado.

 

Pedro Pires, Poets & Painters

É poder criar para todos, mas também para cada um. É descobrir argumentos. É provocar debate e divergência. É produzir empatia. É fazer sem formalismos improdutivos. É conjugar esforço e dedicação com compensação. É errar. É confiar na competência. É acreditar que o talento conta. É apostar na cooperação. É cultivar a honestidade. Criar com liberdade. É criar com verdade.

 

Miguel Ralha, Bar Ogilvy

O que é a liberdade a trabalhar a publicidade hoje? É acima de tudo a possibilidade de que trabalharmos marcas, definirmos tendências, inspirarmos as pessoas e com isso podermos impactar a sociedade. Viva a liberdade, viva a criatividade.

 

Rita Ramalho, Companhia das Soluções

Comunicar sem liberdade será sempre algo muito difícil de imaginar, para mim e para a maioria das pessoas que nasceram no pós-25 de Abril, para quem a liberdade sempre foi uma realidade. Uma comunicação sem liberdade será sempre muito cinzenta, pouco criativa, sem espaço para o diálogo, pouco informada e pouco exigente. Em suma, a liberdade é essencial para uma sociedade saudável e para uma democracia fortalecida. Viva a liberdade!

 

Isabel Tavares, The Editory Hotels

Porque é que a liberdade é importante? Porque o medo é, sem dúvida, o inimigo mais silencioso e mais limitador de qualquer processo criativo. E uma sociedade onde as pessoas podem pensar livremente, sem restrições, sem limitações, é claramente uma sociedade mais aberta a novas relações, a novos caminhos, mais feliz. Por isso, para quem trabalha criatividade, a liberdade não é importante, é essencial.

 

Rita Serrabulho Abecassis, Amp Associates

Diria que desde o 25 de Abril de 1974 a comunicação assistiu acima de tudo a um enorme processo de valorização. Basta apenas recordar que até há 50 anos a liberdade de expressão social, política, cultural era algo de censura e de sanções, muitas vezes com o custo da própria vida.

Estes valores, do 25 de Abril, trouxeram-nos esta liberdade de expressão, onde podemos, valorizar e expressar aquelas que são as nossas ideias e as nossas convicções. Espero que todos, enquanto cidadãos, consigamos fazer um bom uso-fruto dessa mesma liberdade, mas também dessa responsabilidade, evitando o discurso do ódio ou por uma utilização mais negativa ou mais abusiva, invadindo nesse momento aquela que é também a liberdade do outro.

Artigos relacionados