Mudanças no shopper português
São essencialmente quatro as áreas de mudança no que respeita ao shopper português identificadas pela Nielsen: saúde, sustentabilidade, envelhecimento e equilíbrio entre a vida profissional e profissional (que é a maior preocupação dos portugueses quando em outros países são questões como o terrorismo, a dívida ou a guerra).
É inegável que há uma crescente preocupação com a saúde. 50% da população da Europa está a tentar perder peso e mais de 30% dos consumidores a nível global gostaria de ter uma maior oferta de produtos saudáveis e naturais. Mais: os jovens estão mesmo dispostos a pagar mais pelos atributos saudáveis entre os quais se destacam na alimentação os produtos sem organismos geneticamente modificados, sem corantes artificiais, 100% naturais, sem sabores artificiais e feitos a partir de fruta/vegetais.
À tendência para a saúde junta-se a sustentabilidade. Sabia que 66% dos consumidores a nível global estão dispostos a pagar mais por marcas comprometidas com a sustentabilidade? A Nielsen assegura que em 2013 esse valor ficava nos 50% e em 2014 nos 55%. Os portugueses não são, uma vez mais, excepção e também se mostram dispostos a pagar mais pela sustentabilidade. Se em 2013 eram uma percentagem de 46%, em 2015 chegavam já aos 58%.
Incontornável é também o envelhecimento da população. Se em 2010 os portugueses com mais de 65 anos eram 19% da população, em 2030 esses shoppers representarão 25% do total e em 2050 serão 32% do total! Sem dúvida uma oportunidade para as marcas que deviam já estar a trabalhar com grande afinco neste segmento da população. Hoje os séniores gastam já mais e fazem mais visitas às lojas do que os restantes segmentos etários. As pessoas com mais de 54 anos respondem por 140 ocasiões de compra por ano (os de menos de 35 anos ficam pelas 96 vezes e os que têm entre 36 e 54 anos compram 110 vezes ao ano) e gastam em média, por ano, 2.635 euros (que compara com os 2.018 dos mais novos e 2.491 euros da faixa etária do meio). O correspondente a 49,8% do valor das vendas do FMCG.
Apesar do seu peso, o target sénior não está a ser devidamente acarinhado pelas insígnias. 33% dos séniores considera que as lojas não oferecem lineares orientados às suas necessidades e 51% afirma que a publicidade não reflecte o consumidor sénior. Tudo isto apesar de serem financeiramente mais estáveis e da manutenção da sua qualidade de vida criar novas necessidades. Aliás, à medida que os consumidores avançam na idade ganham importância nas suas aspirações aspectos como a saúde, estar em forma e ter tempo para estar com a família, ao mesmo tempo que perdem importância questões como ganhar dinheiro e realizarem-se profissionalmente.
Texto de Maria João Lima