Martin Lindstrom: «Um branding de sucesso não está relacionado com significados ou animais fofinhos»

Se quer compreender o comportamento de girafas, zebras e suricatas não vai a um zoológico, vai à selva, e com as marcas a lógica será a mesma. Pelo menos de acordo com o consultor dinamarquês Martin Lindstrom, para quem os impactos da pandemia vão continuar a fazer-se sentir ao nível do comportamento dos consumidores durante os próximos anos.

O profissional, que há décadas trabalha com a LEGO, revela à Marketing Week as suas previsões para o mercado do retalho face às alterações trazidas pela Covid-19 e avisa que não passam por uma folha de Excel «nem por aquilo que os números não revelam». Ou seja, as respostas às perguntas actuais não serão encontradas naquilo a que se chama Big Data, mas sim no que os consumidores querem, pensam e desejam.

Para tal, é necessário conversar com eles, visitá-los e, por vezes, viver com eles, salienta Martin Lindstrom. Será num contacto directo que as empresas poderão perceber realmente aquilo que mudou nos últimos três anos nos consumidores de todo o mundo e como se podem adaptar para continuar a prosperar.

«A Covid-19 é uma mudança comportamental sincronizada a nível global que abre a porta a novas tendências, novas necessidades e novos padrões de aquisição, assim como a novas oportunidades para as marcas.»

No fundo, refere o consultor, a pandemia e o seu rescaldo vão continuar a impulsionar mudanças profundas nos hábitos dos consumidores e no seu consumo. As marcas, os papéis que desempenham e aquilo que precisam de trazer para cima da mesa devem responder e corresponder a essa alteração.

«Como toda a gente sabe, um branding de sucesso não está relacionado com significados ou animais fofinhos, mas sim com a forma como uma almofada, um ketchup ou uma bebida nos fazem sentir. E peço desculpa à Big Data, mas sentimentos e sensações não são factos», reitera Martin Lindstrom.

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