Marketing para restaurantes: os ingredientes-chave
Por Vasco Lisboa, Brand strategist no restaurante Pizzaria Famiglia
Citando Marty Neumeier, “Brand is not what you say it is. It’s what they say it is”.
Numa área conhecida por “comermos com os olhos”, é inevitável que isso seja o core business da comunicação na restauração. Contudo, perante a realidade actual, com mudanças de rotina e alterações comportamentais dos consumidores, os restaurantes também necessitam de se adaptar. Menos de “temos comida para si” – o paradigma tradicional – para mais “temos uma experiência gastronómica extraordinária da qual também pode fazer parte” – a transformação que cria relacionamentos mais fortes e empáticos com os consumidores. É óbvio que o nosso apetite surge derivado das emoções que despertamos diariamente, com diferentes gostos e preferências – o cérebro comanda o estômago. No entanto, durante demasiado tempo, confiamos na apresentação de comida como estímulo vencedor para activar a sensação de fome. Actualmente, a oferta de qualidade é cada vez maior, tornando-se assim mais difícil destacar-se face à concorrência. Por isso, é tempo de participarmos activamente no papel de estrategas e mudarmos o paradigma tradicional.
Os restaurantes que não se adaptaram às plataformas digitais sentem cada vez mais dificuldades em captar novos clientes. E os que tentam adaptar-se, por força das circunstâncias, sem o conhecimento estratégico e analítico, também correm um grande risco de desistir por falta de recursos, consistência e resultados, podendo até transmitir uma imagem/ mensagem errada.
Actualmente, é indispensável criar relações mais próximas com os consumidores, algo que muitos restaurantes ainda não praticam, uma vez que estão bloqueados pela tradição. A desconfiança dos clientes é crescente e os restaurantes necessitam de criar um estímulo diferente do que apenas “o desejo pela comida”. Precisam de começar a colocar as necessidades dos consumidores/seguidores em primeiro lugar, ao invés de serem os consumidores a terem que se adaptar ao restaurante.
Quais são as necessidades dos consumidores/seguidores dos restaurantes?
Ora, é necessário existir uma maior interacção com as comunidades para entender quais são as mudanças a implementar em cada restaurante e, deste modo, entregar um conteúdo mais relevante. De acordo com o estudo Nielsen Trust in Advertising, “os consumidores querem mais do que apenas um produto ou serviço das marcas. 55% dos consumidores não estão convencidos de que as marcas estão a promover o verdadeiro progresso”. Acrescenta ainda que “52,3% dos consumidores compram a marcas que apoiam causas às quais se relacionam. Da mesma forma, mais de 36% esperam que as marcas que compram apoiem causas sociais”.
Os restaurantes precisam de inspirar e motivar aqueles que procuram usufruir de uma experiência gastronómica extraordinária. Os consumidores procuram sentir emoções e descobrir novas sensações. Para isso, é preciso profissionais preparados, qualificados e motivados para ajudar captar a atenção, interesse, desejo e acção. Não podemos continuar a confiar no paradigma tradicional que tem pouca ou nenhuma relevância e empurrar os consumidores para onde não querem estar ou fazer parte.
Por isso, não há pressa de crescer! Muitos seguidores não são sinónimo de sucesso. Considerando o aumento da concorrência no sector de restauração em Portugal, é importante continuar activo, presente e apostar nas relações fortes com a comunidade, pesquisando mais e contribuindo para soluções certas, adequadas à realidade.