Má experiência com robôs leva YouTube a recuperar moderadores humanos

Os moderadores humanos do YouTube vão regressar ao trabalho. A decisão está relacionada com o número crescente de falhas detectadas no sistema de inteligência artificial, que tem resultado na eliminação de conteúdos que não violam nenhuma regra. Para combater o problema, a plataforma da Google vai voltar a contar com os colaboradores que tinham sido substituídos por robôs durante o período de confinamento.

Em Março, o YouTube anunciou que iria apostar mais em sistemas de machine learning para identificar e remover conteúdos que infrinjam alguma política – desde discurso de ódio a desinformação. Numa altura em que os moderadores humanos não podiam deslocar-se até aos escritórios, esta foi a solução encontrada. Porém, a experiência não parece ter corrido bem.

Em declarações ao Financial Times, o YouTube avança que a utilização crescente de inteligência artificial levou a um aumento significativo de vídeos removidos e de punições incorrectas: cerca de 11 milhões de vídeos foram removidos entre Abril e Junho, ou seja, aproximadamente duas vezes mais do que é habitual. Destes, cerca de 320 mil resultaram em queixas por parte dos utilizadores, que contestaram a decisão.

Neal Mohan, Chief Product Officer do YouTube, tem uma explicação para este fenómeno. Ciente de que os robôs não são iguais aos humanos, o YouTube decidiu que qualquer excesso possível tivesse em vista a segurança dos utilizadores. Isto significa que, em circunstâncias extraordinárias, preferiam que alguns vídeos fossem erradamente removidos do que conteúdos perigosos passassem impunes.

Ainda assim, não será o fim do machine learning. «Mais de 50% desses 11 milhões de vídeos foram removidos sem uma única visualização por parte de um utilizador do YouTube e mais de 80% foram removidos com menos de 10 visualizações», afirma o responsável, sublinhando que é esse o poder das máquinas e que há uma mais-valia para explorar.

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