Luís Nascimento (NOS): «Quero voltar a pôr o cinema na agenda dos anunciantes»
Depois de um ano dramático para os cinemas mundiais em 2020, a que o mercado nacional não escapou e que levou a uma quebra de 75% no número de pessoas que foram ao cinema nesse ano, seguiram-se mais dois anos difíceis. Mas, até 2019 o panorama era bem diferente. «Até aí o cinema crescia de forma muito saudável e sustentável. 2017 e 2019 foram os melhores anos das últimas duas décadas», recordou esta manhã Luís Nascimento, administrador executivo da NOS (com o pelouro do negócio da publicidade no cinema nas vertentes de distribuição e exibição), no evento NOS Brand Activation Day que reuniu numa sala de cinema no Colombo agências de publicidade, de meios e responsáveis de marcas.
2023, porém, viria a mudar o jogo. «2023 foi um ano extraordinário para nós. Volta a haver muitíssimos bons filmes e acabámos o ano 13% abaixo de 2019 em número de pessoas que vêm ao cinema. Um ano que já foi muito semelhante àquilo que foram os anos pré 2017. Temos muito orgulho nos números. As pessoas voltaram», disse em jeito de balanço o administrador.
Luís Nascimento deixou claro perante os convidados do NOS Brand Activation Day que «hoje temos cinema muito mais saudável do que tínhamos em 2019». Conta que a sua grande preocupação em 2019 era que os jovens não iam tanto ao cinema como outros segmentos. «Percentualmente não eram uma parte significativa das nossas audiências.» Mas no pós pandemia, isso mudou significativamente. Hoje, os jovens são um dos segmentos mais relevantes do cinemas. Além disso, sublinha, «ir ao cinema voltou a ser um acto social para estar com amigos e família, para ver conteúdos com qualidade de som e imagem». O administrador da NOS não tem dúvidas de que para os anunciantes «são audiências melhores porque estão muito mais concentradas em grandes filmes», nomeadamente em blockbusters feitos para uma experiência de grande ecrã, uma experiência não replicável em casa.
Portanto, resume: «Os filmes voltaram, as pessoas voltaram, as audiências voltaram. Os jovens estão cá, os anúncios é que não.» E o que o administrador ambiciona é voltar a pôr a publicidade no cinema nas agendas daqueles que decidem os planos de meios.
As seis razões para investir em cinema, segundo Luís Nascimento:
1. O foco e a atenção com que se está numa sala de cinema não é comparável com nenhum outro ecrã. À medida que o início do filme se aproxima o foco fica no grande ecrã. «Há estudos internacionais que mostram que o foco no ecrã do cinema é três vezes superiores ao da televisão.»
2. Em nenhum outro meio as pessoas têm a disponibilidade e paciência para ver e apreciar filmes de 30 ou 60 segundos. Isto cria uma oportunidade para a criatividade.
3. Os jovens são a principal força de regresso ao cinema. «Percebemos que nos tínhamos de focar neste segmento e desde aí investimos muito em sessões de gaming e concertos (Taylor Swift foi incrível). Estamos convencidos que o peso dos jovens vai continuar a aumentar.»
4. Em 2023 foram ao cinema 12 milhões de pessoas, mais de 8 milhões delas na NOS. «Faz sentido juntar a experiência de activação com o anúncio dentro da sala»;
5. Há uma oportunidade para as marcas trabalharem com argumentistas e produtores em product placement pensado desde o início para que seja uma experiência orgânica.
6. «Nos cinemas da NOS estamos a trabalhar toda a informação que temos dos nossos sites e da nossa app para poder aumentar a informação e fazer segmentação de quem são as nossas audiências.»
Texto de Maria João Lima