Luís Araújo (Turismo de Portugal): «Marca Portugal tem hoje a melhor percepção de sempre»
«Há um futuro absolutamente extraordinário para este sector, mas obviamente será um futuro diferente». Foi desta forma que Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, abriu as hostilidades na XXII Conferência da Executive Digest, que decorre hoje no Museu do Oriente, em Lisboa.
Numa apresentação subordinada ao tema “Tourism is dead, long live Tourism!”, o presidente da instituição que gere o sector do Turismo nacional relembrou que Portugal foi o «melhor destino do Mundo» em 2019, ano em que bateu um recorde absoluto de 27 milhões de hóspedes, provenientes de cerca de 130 países – e que no acumulado dos anos anteriores conseguiu captar mais de 170 milhões de viajantes. Contudo, quando a pandemia de Covid-19 se instalou no País, o embate foi forte e imediato para o sector: «Tudo parecia estar a correr maravilhosamente bem, mas eis que nos obrigam a parar. E uma paragem obrigatória levou também a mudanças na nossa actividade», recorda.
Entre essas mudanças, Luís Araújo destaca o processo de transformação e capacitação digital, que levou o Turismo de Portugal a lançar a Academia Digital, onde já foram formados mais de 120 mil trabalhadores ligados ao sector do Turismo.
Mas também a mudança de estratégia de comunicação, que passou a estar mais focada no mercado nacional («voltámos ao básico, ao nosso País») e em segmentos de mercado emergentes, como o dos nómadas digitais ou até mesmo do turismo literário. Neste âmbito, o Turismo de Portugal lançou, logo em Abril de 2020, a campanha #LerPortugal, que convidou os turistas a conhecerem Portugal através dos seus escritores mais reconhecidos e a explorarem as livrarias histórias, bibliotecas nacionais e alfarrabistas que fazem parte do património cultural nacional.
«O turismo literário é um mundo enorme no qual estamos a apostar, mas também o surf, o enoturismo, os festivais de música… A nossa capacidade de chegar aos tais 170 milhões de pessoas deixou de ser só apenas o sol e a gastronomia, com uma segmentação de mercados muito clara», frisou o presidente do Turismo de Portugal.
No palco da XXII Conferência da Executive Digest (publicação do Multipublicações Media Group, tal como a Marketeer), Luís Araújo garantiu ainda que a marca Portugal «tem hoje a melhor percepção de sempre» no exterior. O governante citou o estudo Brand Asset Valuator 2019, que avaliou a percepção da marca-país (e não apenas do sector do Turismo) nos 10 principais mercados emissores, com base em critérios como diferenciação, relevância, estima e conhecimento dos estrangeiros sobre o país. O estudo conclui que a marca Portugal é associada a atributos como “tradicional”, “amável”, “divertida”, “charmosa”, “amigável”, “sociável” e “original”.
De acordo com Luís Araújo, o facto de a percepção do País se manter intacta e até ter melhorado nos principais mercados emissores faz com que este seja «o lugar e o timing certos para mostrarmos que o nosso País tem muito mais para dar do que simplesmente uma boa experiência a quem nos visita. Temos o propósito de receber bem e respeitar a diferenças. E nos dias que correm este propósito faz mais sentido do que nunca!», asseverou.
Por um futuro sustentável
O presidente do Turismo de Portugal frisou ainda que Portugal quer «liderar o Turismo do futuro» e que esse futuro passa pela sustentabilidade. Nesse âmbito, destacou o Plano Reactivar o Turismo, que disponibiliza mais de 6 mil milhões de euros até 2027 para «criar um futuro mais sustentável, digital e focado nas pessoas».
De resto, sublinhou que este futuro «depende também do compromisso individual de cada empresa com o Turismo» e que cabe a cada uma melhorar a sua «pegada social». Até porque, em pleno século XXI, o Turismo nacional tem mais de 55% da força de trabalho representada por mulheres, mas o salário é, em média, 15% abaixo do dos homens. A nível internacional, nas 100 maiores empresas de Turismo, apenas 4% tem CEOs que são mulheres.
«Acreditamos que este é o lugar perfeito para transformar o Turismo, mas principalmente é a altura certa para fazê-lo. Esta transformação é essencial e depende só de nós», conclui Luís Araújo.
Texto de Daniel Almeida