Localização, Localização, Localização!
Por Mário Barros, Cluster Operations manager Southwest Europe da Ingka Centres e presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Centros Comerciais
Ao longo da história do retalho, a procura da melhor localização, da melhor exposição ao cliente, do melhor acesso, tem sido uma parte crucial no sucesso de qualquer operação. Mas numa sociedade com ciclos de desenvolvimento cada vez mais curtos, com a presença da omnicanalidade, com novas centralidades no tecido urbano, é a localização um ponto tão importante e seguro como no passado?
A localização é relevante e bem sucedida essencialmente quando se cumprem dois factores: a acessibilidade e o interesse que gera (e daí o perfil de cliente que atrai).
Na oferta tradicional de um bazar, mercado ou centro comercial, o interesse sempre foi gerado pela oferta comercial que traz consigo. A possibilidade de comparar artigos, de suprir necessidades do dia a dia, ou de simplesmente possibilitar que o cliente se possa perder entre os sabores ou cheiros de um mercado de Natal ou da nova colecção da sua marca de moda favorita.
Os centros comerciais sempre tiveram uma participação activa de co-criação de novas centralidades no tecido urbano, gerando novos pontos de interesse comercial permitindo às cidades crescerem e se regenerarem. Ou seja, de gerarem novas Localizações!
Em resposta ao contexto em que a oferta física é complementada pela oferta digital, estamos a assistir a uma transformação do tradicional mercado ou centro comercial em locais de encontro. Centralidades que geram agora diferentes pontos de interesse, desde a oferta de retalho a entretenimento ou mesmo gastronomia, incorporando usos mistos, conceitos próprios e espaços de retalho flexíveis, bem como a integração de tecnologia para fazer a experiência de compra física cada vez mais complementar à experiência digital.
Se por um lado o e-commerce cresce (em Portugal, a um ritmo de 4% desde 2021, segundo o Eurostat) e continuará a crescer, por outro aqueles centros comerciais que já se converteram em locais de encontro, mantêm o crescimento em visitantes e vendas. Demonstra esta realidade que a complementaridade é possível e, provavelmente, necessária. Somos seres sociais, tanto no mundo digital como no mundo físico.
Com base na minha experiência de trabalho na Ingka Centres, e não só, acredito fortemente que os espaços de encontro devem estar profundamente integrados na comunidade envolvente, co-criados com as suas pessoas e parceiros, e tornar-se parte da solução aos desafios que a mesma enfrenta. Algo que há anos assimilámos e que temos vindo a implementar no que diz respeito à Sustentabilidade. Se um centro comercial actualmente deseja ser interessante tem de ser parte de quem o visita!
Localização, Localização, localização! Tao válido agora, como desde sempre. Um Clássico!