Literacia em saúde: o conhecimento não ocupa lugar

Por Helena Freitas, country lead da Sanofi Portugal

Desde cedo que ouvimos que o “conhecimento não ocupa lugar” e que sem ele não existe mudança ou evolução. Este provérbio antigo, mas ao mesmo tempo tão actual, transmite exactamente aquela que é uma das grandes preocupações das mais diversas áreas e em especial da saúde: pessoas desinformadas não têm a capacidade de tomar decisões conscientes.

A pandemia veio mostrar a importância da informação, de fornecer as ferramentas certas, no momento certo, para que as próprias pessoas tomem decisões conscientes e que beneficiem a sociedade como um todo. No fundo, foi a prova viva da importância da literacia em saúde e da capacitação das pessoas e contribuiu também para que se ouvisse mais falar deste tema e se compreendesse melhor a sua importância.

A literacia em saúde é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o conjunto de competências cognitivas e sociais e a capacidade da pessoa para aceder, compreender e utilizar informação por forma a promover e a manter uma boa saúde.

Quando falamos deste tema, não nos referimos apenas à instrução das pessoas, mas à sua capacitação para compreender, em última instância, qual deve ser o seu comportamento face a determinada matéria de saúde. Em Portugal, como sabemos, a pressão exercida sobre os serviços de saúde é, muitas vezes, resultado de idas injustificadas aos estabelecimentos, que seriam resolvidas, por exemplo, através de uma chamada para o SNS 24.

Se a população estiver informada sobre questões como os sintomas de determinada doença, irá existir um maior alerta e consequentemente um possível diagnóstico atempado. Neste sentido, é do interesse dos serviços de saúde e dos intervenientes do sector que exista um esforço e se adoptem medidas que colmatem o nível de desconhecimento em saúde.

A dificuldade acresce quando nos damos conta de que o nível de literacia de cada indivíduo está intimamente ligado ao seu nível de escolaridade, assim como à sua idade. No entanto, cabe a quem comunica, comunicar bem e de forma clara, simplificando conceitos e encurtando caminhos até chegar ao destino.

Este tem sido um dos temas mais discutidos da actualidade e promovê-lo não é apenas uma necessidade, mas, acima de tudo, um dever de todos os intervenientes do sector. O Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente a Direcção-Geral de Saúde assumem papéis importantes nesta área, através da realização de campanhas e educação da população e esse trabalho e esforço tem sido evidente.

Por outro lado, ter uma população com um nível satisfatório de literacia em saúde é do interesse de todos e, por isso, as instituições privadas não podem deixar que esta responsabilidade decline apenas para os órgãos públicos e têm, também, de assumir essa responsabilidade e implementá-la na sua forma de estar, trabalhar e comunicar. A indústria farmacêutica tem desempenhado um papel fundamental, contribuindo para o aumento da literacia em saúde junto da população com quem assume o compromisso de desenvolver terapêuticas que possam melhorar as suas vidas.

Cidadãos informados são cidadãos mais capazes e é por isso que promover a literacia em saúde é tão importante. Não estamos apenas a educar, estamos a contribuir para salvar vidas.

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