Lisgráfica fecha portas e leiloa marca por 500 euros
A Lisgráfica, que durante seis décadas foi a responsável por imprimir muitos dos principais jornais e revista do país – como o Expresso, Visão, Caras, Maria , Nova Gente, etc. – fechou a porta, avança o Jornal Económico. No desemprego ficam 110 pessoas e os ativos residuais da empresa – equipamentos, peças de arte e decorativas, assim como a própria marca – foram agora colocados em leilão online. A marca Lisgráfica tem uma base de licitação de 500 euros.
Em declarações ao Jornal de Negócios, o administrador de insolvência, Nuno Nascimento Lemos, explica que “a atividade da empresa foi suspensa, pois foi cortado o fornecimento de energia ao edifício, não existindo liquidez para pagar as faturas em dívida.”
80 milhões é quanto soma o total das dívidas da empresa, que deixa quase 400 credores, incluindo o Fisco e a Segurança Social.
De acordo com o mesmo título, quatro dias antes do encerramento, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) informou a empresa que o tribunal decidiu não homologar o plano de recuperação e deliberou a entrega da gestão da empresa ao administrador de insolvência.
Cumprindo o que determina o Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, a Lisgráfica foi formalmente encerrada, tendo sido cessados os contratos de trabalho com 110 pessoas, seguindo-se, em sede de processo de insolvência, a liquidação de todos os seus ativos.
Quando somados os valores base de todos os ativos à venda, chega-se ao montante global de apenas 186 mil euros, com o logótipo Lisgráfica a poder ser licitado por um valor base de apenas 500 euros. Ou seja, os 400 credores da gráfica perdem mais de 80 milhões de euros, quantia decretada aquando da insolvência.
Empresa deve ao Estado 10 milhões de euros, por via da Segurança Social (4,7 milhões), o banco estatal Caixa Geral de Depósitos (4,3 milhões), Fisco (617 mil euros) e Parvalorem (209 mil euros).
A Impresa, dona de meios como a SIC e o Expresso, tem a haver 3,4 milhões de euros, e a insolvente Inapa 877 mil euros. Também aparecem na lista entidades como a Euronext Lisbon (140 mil euros), a Interbolsa (123 mil euros), a CMVM ( mais de 17 mil euros) e o Sindicato do setor (SITE-CSRA) com mais de 51 mil euros.
O plano de recuperação da Lisgráfica, que tinha sido aprovado pelos maioria dos credores mas acabou chumbado pelo tribunal, previa o pagamento integral dos créditos laborais, dos créditos da Autoridade Tributária e da Segurança Social em 120 prestações mensais (após um período de carência), e o perdão de 95% dos créditos comuns e de 100% dos créditos subordinados.