Lisboa quer fazer do Tejo a nova atracção turística

Descentralização e integração regional são as palavras-chave do novo Plano Estratégico para o Turismo da Região de Lisboa 2020-2024. O documento, que orienta a estratégia para o sector do Turismo nos próximos anos, propõe um novo modelo de organização e gestão dos fluxos de visitantes em toda a região de Lisboa, com a criação de 12 polos regionais com produtos turísticos complementares. O Polo Tejo será um dos eixos prioritários do plano, que pretende reforçar o potencial turístico do rio através do novo Cais de Lisboa e da Rede Cais do Tejo – o novo projecto de mobilidade para a zona ribeirinha, recentemente apresentado.

O novo Plano Estratégico define assim 12 polos turísticos, divididos em três categorias, consoante o seu estado de evolução: polos consolidados (Lisboa Centro, Belém-Ajuda, Sintra, Cascais e Ericeira), polos em desenvolvimento (Tejo, Lisboa Oriente, Mafra e Arrábida) e polos a potenciar (Arco Ribeirinho Sul, Reserva Natural do Estuário e Costa da Caparica). De acordo com a Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa (ERT-RL) e a Associação Turismo de Lisboa, responsáveis pelo documento (elaborado pela consultora Roland Berger), o objectivo passa por promover “uma qualificação da oferta nos centros de maior procura, a aceleração do crescimento das zonas de forte vocação e notoriedade, assim como o estímulo às zonas com potencial a médio prazo”.

Assim, para cada polo foram identificadas as respectivas valências enquanto destino turístico, bem como potenciais melhorias e investimentos a fazer, com o objectivo último de aumentar o gasto médio dos visitantes e a duração média da sua estadia. A título de exemplo, no Polo Lisboa Centro a prioridade passa pela promoção de novas zonas com potencial turístico, nomeadamente Praça de Espanha, Alcântara e Intendente; no Polo Cascais será reforçado o posicionamento de destino premium, com a dinamização da oferta em áreas como a hotelaria e restauração de luxo; no Polo Lisboa Oriente será explorada a vocação de Marvila e Beato enquanto “zonas jovens e trendy”, com a aposta em arte urbana; enquanto no Polo Arrábida e no Polo Reserva Natural do Estuário o foco estará no desenvolvimento do Turismo da Natureza, com a criação de “experiências únicas”.

Quanto ao Polo Tejo, estão previstas acções como o desenvolvimento de infra-estruturas fluviais (como a Frente Ribeirinha de Lisboa ou o Cais do Ginjal, em Cacilhas), a dinamização de toda a frente de Trafaria e Cacilhas, na margem Sul do Tejo, e o incentivo aos promotores turísticos para a utilização de embarcações tradicionais, como fragatas, varinos ou faluas.

Na apresentação daquele que é o sexto Plano Estratégico para o Turismo da Região de Lisboa, que decorreu esta manhã no Palácio Nacional da Ajuda, Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, afirmou que a integração da oferta será o pilar da sustentabilidade do Turismo na Região de Lisboa durante os próximos anos. «Lisboa tem um horizonte limitado no território, nas ofertas que é capaz de criar e nas tensões sociais que são geradas na própria cidade com o elevado fluxo do Turismo. É por isso que é absolutamente crítico que consigamos desenvolver esta complementaridade e aproveitar os vários produtos que se geram na Área Metropolitana. Para cuidarmos do Turismo de Lisboa temos de investir fortemente nestas polaridades, desenvolvendo os polos que já estão no mapa (como Cascais ou Sintra) e outros que ainda não estão, como o Estuário do Tejo, que é um elemento de extraordinário valor de natureza ambiental e histórica», sublinhou. «Este é talvez o primeiro Plano Estratégico que tem esta marca da sustentabilidade, que tem de ser interpretada na sua tripla dimensão: emprego, coesão social e ambiental. É também o primeiro Plano que assume que o Turismo de Lisboa pertence à região de Lisboa e não à cidade», reiterou.

Quanto vale o Turismo em Lisboa?

Segundo dados disponíveis no novo Plano Estratégico, o Turismo é a actividade económica e social mais importante de Lisboa, tendo gerado, em 2018, 14,7 mil milhões de euros de receita e mais de 201 mil empregos, contribuindo com 20,3% para o Produto Interno Bruto (PIB) regional e com 15,4% para o emprego. Nesse ano, a Região de Lisboa recebeu 7,47 milhões de hóspedes, o equivalente a 29,6% do total de hóspedes que visitaram Portugal.

Para aumentar ainda mais a riqueza gerada pelo sector, o Plano Estratégico para o Turismo da Região de Lisboa 2020-2024 prevê a aposta no marketing focado nos segmentos do visitante individual, em família e em pequenos grupos.

No que respeita aos mercados, serão lançadas campanhas para aumentar a notoriedade do destino Lisboa no Médio Oriente e Ásia (nomeadamente Japão, Coreia do Sul, Turquia, EAU, Catar, entre outros), que representam já cerca de 30% dos turistas estrangeiros na região. Serão ainda mantidos os programas de promoção nos principais mercados emissores da Europa (como Reino Unido, Alemanha ou França) e nos mercados atlânticos (EUA, Canadá e Brasil).

Texto de Daniel Almeida

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