Lisboa estreia trotinetes eléctricas da mytaxi
A capital portuguesa foi a cidade escolhida para receber, a partir de hoje, o projecto-piloto de trotinetes eléctricas da mytaxi, as HIVE, que concorrem assim com as e-scooters da Lime. Na apresentação do projecto, Miguel Gaspar, vereador Câmara Municipal de Lisboa com o pelouro da mobilidade, revelou que existem mais 13 empresas de bicicletas e trotinetes eléctricas interessadas em entrar em Lisboa, como é o caso da sueca VOI Technology.
As trotinetes eléctricas da mytaxi têm o mesmo custo de utilização das Lime – um euro para desbloquear o veículo e 15 cêntimos por minuto de utilização –, sendo que, numa primeira fase, e de forma gradual, serão disponibilizadas 400 trotinetes da marca em Lisboa. A informação sobre os parques de estacionamento (ou hotspots) dedicados às HIVE está disponível num app dedicada (disponível em iOS e Android), através da qual é feita a reserva e desbloqueio (via QR Code) das trotinetes, que poderão depois ser deixadas em qualquer ponto da cidade. No final do dia, estas serão recolhidas pela empresa e recolocadas nos cerca de 60 hotspots designados.
O projecto HIVE tinha sido anunciado no mês passado e representa a entrada da mytaxi no território das trotinetes eléctricas (ou e-scooters). Na apresentação à imprensa, esta manhã, Eckart Diepenhorst, CEO da empresa de reservas online de táxis, explicou que a escolha de Lisboa para o lançamento do projecto-piloto se deve a factores como o bom tempo ou o enquadramento legal favorável a estas soluções de mobilidade. «O que aconteceu nos últimos sete anos em Lisboa é incrível. Hoje, é uma das cidades europeias mais orientadas para a tecnologia», afirmou o responsável, acrescentando que o objectivo, até ao final do ano, é que toda a energia utilizada para abastecer as trotinetes HIVE seja proveniente de fontes renováveis.
Eckart Diepenhorst garantiu ainda que o novo projecto é complementar ao negócio core (reserva de táxis) da empresa, ainda que seja direccionado para um «target um pouco diferente, mais jovem e divertido». Ainda segundo o responsável, o projecto-piloto em Lisboa servirá para avaliar a possibilidade de expansão do negócio de trotinetes eléctricas a outras cidades, já no próximo ano.
Para Miguel Gaspar, a entrada deste tipo de soluções de mobilidade em Lisboa é bem-vinda, desde que haja diálogo entre os operadores e a Câmara Municipal para salvaguardar todas as questões legais, garantir a segurança dos utilizadores e a preservação da via pública. «Lisboa é uma cidade multicultural que está a desafiar as fronteiras da mobilidade. Se queremos descarbonizar as cidades, temos de apresentar soluções como os automóveis e bicicletas partilhadas e as e-scooters. Sabemos que este tipo de veículos, por vezes, são um desafio de segurança para as cidades, mas precisamos destas soluções. Para garantir essa segurança, os operadores e as autarquias têm de trabalhar em conjunto», sublinhou o vereador da Câmara Municipal de Lisboa.
Miguel Gaspar abordou ainda o caso das bicicletas eléctricas oBike, que a Câmara Municipal de Lisboa mandou retirar das ruas dias depois da sua entrada em circulação, alegando “utilização abusiva do espaço público”. «Começámos a ver bicicletas no meio da estrada, nos jardins, nos passeios e outro tipo de situações abusivas», recorda, apontando o dedo à falta de comunicação da empresa com a Câmara Municipal de Lisboa. «Há duas abordagens deste tipo de empresas. A primeira é: primeiro entro e depois peço desculpa, que foi o que aconteceu com a oBike. E a segunda é: vou falar primeiro com a cidade e, se tiver condições para entrar, entro, que foi o que aconteceu com a Lime e a mytaxi», explicou.
Por esta razão, advertiu o vereador, apesar de haver mais de uma dezena de empresa de mobilidade eléctrica interessadas em entrar na capital, «há uma diferença entre o interesse e a entrada efectiva no mercado». Ou seja, cada caso terá que ser estudado e coordenado com a Câmara Municipal de Lisboa. «Temos de educar as pessoas e essa é também uma responsabilidade dos operadores, no sentido de garantirem que os seus veículos são colocados nos hotspots», lembrou.
Texto de Daniel Almeida