Jornalistas temem IA e admitem que jornalismo pode ser ameaçado
Os jornalistas estão preocupados com a Inteligência Artificial (IA) e, segundo um inquérito de um observatório social da Universidade Nova, mais de 70% admitem que o jornalismo pode ser ameaçado pelas tecnologias das grandes empresas tecnológicas.
Os dados indicam que 59,5% dos inquiridos já ouviu falar da IA, mas não tem uma noção aprofundada do que é, contra os 4% que responderam que ter um conhecimento avançado, enquanto 36,5% admitem ter noções básicas da tecnologia.
Estes números resultam de um inquérito feito a jornalistas pelo Observatório Social para a Inteligência Artificial e Dados Digitais, da Universidade Nova de Lisboa, em parceria com o Sindicato dos Jornalistas, e que apontam para um grande desconhecimento sobre a IA.
Uma esmagadora maioria dos jornalistas que responderam (83,8%) não teve formação nesta área, mas está interessado. Apenas 1,4% recebeu formação avançada e 10,8% recebeu formação básica.
Cerca de 60% afirmam-se preocupados e inseguros relativamente à aplicação da IA no jornalismo, enquanto 36,5% sente-se empolgado e confiante.
Mais de dois terços dos inquiridos (74,3%) consideram que a prática do jornalismo está confrontada com o desafio de ser substituída por “entidades externas à profissão com maior agilidade e recursos tecnológicos”, contra a opinião de 16,2%, enquanto 9,5 não sabem.
Grande número de profissionais (40,5%) admite que a IA ajuda a otimizar o tempo, 75,7% afirma que usa a tradução automática no seu dia-a-dia e 40,9% usa-a na pesquisa de arquivos e de informação compilada.
Uma larga maioria dos jornalistas que responderam ao inquérito acredita que a Inteligência Artificial (67,6%) vai mudar a natureza de alguns empregos, mas trará novas funções profissionais e 59,5% admite que mudará a natureza de funções jornalísticas e criará outras oportunidades.
Para quase 90% dos inquiridos a IA terá um “impacto significativo” na ética e deontologia profissionais, com uma maioria (58,1%) a admitir que será “muito significativo”.
O questionário, distribuído pelo Sindicato dos Jornalistas aos seus associados, foi respondido por 74 profissionais de informação, entre 02 de março e 17 de abril de 2024.
O estudo da Universidade Nova de Lisboa, é da autoria de Paulo Nuno Vicente, José Sotero, Ana Marta Flores e será hoje apresentado e discutido numa mesa redonda.