ISAG: Turismo vs. sustentabilidade: o caso português

O Turismo tornou-se responsável, em 2018, por 14,6% do Produto Interno Bruto, segundo os dados do INE. Para estes valores contribuíram as cerca de 64 mil empresas dedicadas à actividade turística que, nesse ano, contribuíram para o aumento do número de empregos em 6,7% face a 2017. Já as previsões para 2019 apontam um crescimento de 5,3%, mais do dobro do previsto para a média europeia. A importância do sector é inegável, comprovada não apenas pelos expressivos números, mas também pelas novas rotinas e dinâmicas das cidades: os centros urbanos estão repletos de nova oferta de hotelaria, restauração e comércio, como resposta a uma afluência crescente de visitantes.

Não obstante o mérito dos agentes e das empresas do sector, urge clarificar se este acelerador da economia portuguesa poderá estar a ir depressa de mais. Várias vozes têm levantado questões sobre a pegada ecológica destas actividades e sobre a própria sustentabilidade deste crescimento, que está a ter um impacto directo na vida de milhares de habitantes, sobretudo, nas grandes cidades, como Porto e Lisboa.

Evitar o overtourism (excesso de turismo) é urgente, por forma a impedir que a massificação se traduza em descaracterização da autenticidade e riqueza do território, com prejuízo para a atractividade do país enquanto destino preferencial não só para visitar, mas também para investir e estudar. A solução poderá passar por criar destinos alternativos e produtos turísticos diferenciadores, dinamizando, por exemplo, as cidades localizadas no interior do país. Será também indispensável, no âmbito da era 5.0, aliar a tecnologia e o empreendedorismo ao Turismo, usando-a para uma gestão e divulgação mais eficientes.

«Em todos os negócios, é obrigatória a consciencialização para a preservação do património natural, cultural e histórico dos territórios, garantindo a sua sustentabilidade. Só assim serão apetecíveis para o turista, que é cada vez mais exigente na procura de experiências autênticas, personalizadas e que reflictam a realidade local», defende Catarina Nadais, professora e coordenadora da Licenciatura em Turismo e do Curso Técnico Superior Profissional de Desenvolvimento de Produtos Turísticos do ISAG – European Business School.

«Mais do que nunca, é necessário, para além de potenciar, (re)pensar o Turismo e isso depende dos profissionais do sector, da sua formação, mas também das suas capacidades de inovar e empreender», acrescenta a professora do ISAG-EBS, onde, para além da licenciatura em Turismo, também a de Gestão Hoteleira tem contribuído para a capacitação daqueles que constroem o sector turístico, sendo comprovada a necessidade de profissionais com formação superior através dos 95% da taxa de empregabilidade. Um exemplo do papel preponderante que as instituições de ensino superior têm na valorização do capital humano, ao prepararem profissionais de excelência, com formações especializadas e em actualização contínua, que permitam tornar crescente o prestígio da oferta e das profissões turísticas.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Turismo”, publicado na edição de Fevereiro (n.º 283) da Marketeer.

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