Indústria do calçado produziu menos 6%. Foram apenas 22,4 mil milhões de pares

Em 2023, a produção mundial de calçado caiu 6%, para 22,4 mil milhões de pares. De acordo com o World Footwear Yearbook, a indústria do calçado continua fortemente concentrada na Ásia, onde são fabricados quase 9 em cada 10 pares de sapatos, resultando numa quota de 87,1% do total mundial (que compara com os 87,4% do ano anterior). Ainda assim, no ano de 2023 a Europa recuou apenas 5% , em comparação com os 7% do continente asiático.

«Ainda que o ano de 2023 tenha sido particularmente difícil para o sector do calçado a nível internacional, começam a verificar-se os primeiros sinais consolidados de nearshoring. É, claramente, um bom sinal para as nossas empresas que, mesmo num clima de grande exigência, continuam a investir e a procurar novas oportunidades de negócio», explica, em comunicado, Luís Onofre, presidente da APICCAPS, a Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos.

«Nos últimos dois anos, o nosso país foi procurado por marcas de inegável prestígio a nível internacional, que procuram naturalmente um parceiro fiável, com uma grande qualidade produtiva, serviço de excelência e que está a apostar de forma continuada nas áreas da automação, digitalização e mesmo sustentabilidade», sublinha Luís Onofre.

Em termos práticos, a China continua a ser o maior produtor mundial de calçado. Fabricou 12,3 mil milhões de pares em 2023 e capturou 55% da quota de mercado global. A Índia também continua a crescer sendo agora responsável por 11,6% do total mundial.

Segundo o World Footwear Yearbook, a queda na produção mundial está directamente relacionada com a contracção do consumo nos principais mercados mundiais – Estados Unidos, China e União Europeia – que perderam, em conjunto, praticamente 1500 milhões de pares.

Em 2023, Portugal – que teve um recuo de 3,6% para 81 milhões de pares – voltou a ter melhor desempenho do que Itália (perda de 8,6% para 148 milhões de pares).

No que diz respeito às exportações, em 2023, no global ascenderam a 14 mil milhões de pares. Também aqui os países asiáticos consolidam o seu domínio no comércio global de calçado, com a quota colectiva a aumentar para 84,6%, face aos 83,9% de 2022. A quota da Europa, por outro lado, contraiu ligeiramente para 12,8%.

A China destaca-se como origem de 63,8% do total das exportações. O Vietname, com 9,5%, está logo atrás seguido pela Indonésia, com 3,2%. Estes três países, em conjunto, representam mais de três quartos das exportações mundiais de calçado. Na Europa, Itália continua a liderar esta tabela, seguida de Portugal.

Também no consumo, em 2023, a Ásia representou mais de metade (54,7%) do total mundial, com a Europa e a América do Norte a seguir trás.

Da mesma forma, a China continua a ser o principal consumidor de calçado, embora a sua participação no total mundial tenha diminuído. O consumo nos Estados Unidos registou uma redução significativa, com o país a perder a segunda posição alcançada no ano anterior e a trocar de lugar com a Índia.

A União Europeia, quando considerada como uma região, representa o terceiro maior mercado consumidor de calçado, com 1 948 milhões de pares consumidos, em 2023.