Impacto do novo coronavírus nas marcas: 12 tendências

As consequências financeiras não serão as únicas decorrentes da pandemia que o Mundo atravessa actualmente. Também os comportamentos e as necessidades se deverão alterar, o que resultará em novos desafios para as marcas. Terão de estar atentas e saber responder a novos padrões de consumo, tal como demonstra a análise da consultora de comunicação LLYC.

“Esta crise vai acelerar algumas tendências junto das marcas e dos consumidores”, garante a LLYC. Ao todo, são 12 as tendências que é preciso considerar.

Do lado das marcas:

1. Flexibilidade na estratégia

Perante um fenómeno em constante mudança, as marcas terão que aumentar a sua capacidade de transformação e adaptação, não apenas das suas estratégias, mas por vezes até dos seus próprios modelos de negócios;

2. Antecipação como mantra

Por outro lado, a LLYC refere que as marcas vão procurar, mais do que nunca, ter uma visão holística da realidade e vão passar a trabalhar um passo à frente. A análise preditiva ajudará a melhorar a capacidade de reacção e a estar preparado para liderar a tomada de decisões com base na actual conjuntura;

3. Colaboração com o consumidor

Hoje, mais do que nunca, as marcas pertencem às pessoas. As que têm um maior reconhecimento público na reacção à pandemia são as que se adaptaram às conversas que os utilizadores já estavam a promover nas redes sociais – criando um ponto de união com o objectivo de se tornarem relevantes;

4. Envolvimento com a sociedade

Segundo a LLYC, estes momentos de dificuldade são também os que fazem com que os compromissos das empresas para com as sociedades venham ao de cima. São momentos que nos colocam, mais do que nunca, perante o papel social das marcas, que não está em competição com o dos órgãos públicos, mas, sim, que o complementa e o aperfeiçoa;

5. Activismo estável

Da mesma forma, as marcas viram a necessidade de ter verdadeiros activistas, que partilham dos seus valores e apoiam as suas decisões. O foco na construção de um verdadeiro e contínuo activismo será um dos grandes deveres da fase pós-crise;

6. Autenticidade radical

Por fim, a consultora indica que a actual crise está a tornar ainda mais relevante a necessidade de uma comunicação que respire autenticidade e transparência. É por isso que se destacam os casos em que a comunicação é feita a partir do que é genuíno, mesmo perante as decisões mais dolorosas.

Do lado dos consumidores:

1. Incerteza e procura de segurança

A evolução das preferências e comportamentos do consumidor vai ficar marcada pelo isolamento em casa. O consumo após o coronavírus vai ser novamente permeado de incertezas e procura pela segurança, como aconteceu no pós-crise de 2008;

2. Consciência pessoal

As marcas vão ter de se adaptar às expectativas dos consumidores que estão mais conscientes do que os rodeia e do seu bem-estar individual. Já estamos a testemunhar um boom de conteúdos à volta do mindfulness, fitness ou yoga. Ao mesmo tempo, as conversas sobre conciliação entre o pessoal e o profissional estão a ser intensificadas;

3. Consumo digital e criatividade

O lazer virtual, o acesso às entregas, a compra de produtos online e o recurso a várias plataformas para teletrabalho estão a reeducar os hábitos do consumidor e estão ainda a provocar uma mudança mais rápida na digitalização do que o esperado.

Por outro lado, fenómenos como o da desintermediação também se vão intensificar, reduzindo obrigatoriamente o número de interacções entre as pessoas. Da mesma forma, a crise está a promover a criatividade das pessoas nas redes sociais quando se trata não apenas de consumir, mas também de produzir o seu próprio entretenimento;

4. O paradoxo da sustentabilidade ambiental

Como apontam os autores do relatório, o debate sobre a sustentabilidade ambiental, que recentemente ganhou tanta importância, provavelmente será ofuscado por outras prioridades relacionadas com a procura de segurança e foco na saúde pessoal, embora o caso da China tenha sido uma aprendizagem ao desencadear um aumento da procura pelos produtos orgânicos e uma crescente preocupação com o cuidar do meio ambiente. Resta ver de que lado a balança vai cair quando o choque inicial da crise der lugar à reflexão;

5. Consumidores mais exigentes

Os consumidores aprendem cada vez mais rápido, procuram marcas significativas que são úteis e que transcendem aspectos menos superficiais para se concentrar em tornar a vida mais fácil e mais simples. A necessidade de informações constantes causadas pela situação de pandemia também vai aumentar as expectativas dos consumidores quanto à transparência do processo, garante a LLYC. Assim, como hoje em dia as autoridades não se cansam de exigir dos cidadãos um comportamento exemplar necessário para superar a situação, essa mesma cidadania irá exigir de volta, mais do que nunca, não apenas das instituições, mas também das marcas com as quais se relacionam;

6. Uma nova empatia versus isolamento

A crise está a criar novas formas de entretenimento familiar e de aprendizagem da gestão das respectivas emoções. Reforça o papel dos relacionamentos afectivos, da construção de valores de equipa nas empresas e a importância do trabalho em conjunto para superar as adversidades. Um maior foco está também a ser colocado no bem-estar pessoal e relacional, sobre a acumulação ou o consumo desenfreado, em consonância com a previsível estagnação do crescimento económico. Paradoxalmente, a crise e a reclusão contínua também vão aumentar a sensação de isolamento e a explosão de sintomas próximos ao transtorno de stress pós-traumático.

O relatório foi elaborado por David González Natal, sócio e director sénior global de Consumer Engagement, Guillermo Lecumberri, director da mesma área em Espanha, e Marlene Gaspar, directora de Consumer Engagement e Digital em Portugal.

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