Governo grego obrigado a reabrir a televisão pública

ERT 2_2O Conselho de Estado grego, a mais alta instância de justiça administrativa daquele país, anulou ontem temporariamente o encerramento da radiotelevisão pública (ERT). O serviço público volta, desta forma, a ser transmitido na Grécia até que seja levado a cabo o processo de reestruturação da empresa.

A decisão do Conselho de Estado surge seis dias depois de o Governo ter anunciado o encerramento temporário da televisão e rádio públicas, com o consequente despedimento de quase 3000 funcionários, justificando a decisão com a necessidade de cortar as despesas da empresa. O plano do Executivo passa por criar uma nova emissora pública com menos funcionários.

A decisão conduziu aos protestos de sindicatos e jornalistas, provocando ainda uma fractura no seio da coligação do Governo, que não terá sido consultada nem informada da decisão. Ontem, o primeiro-ministro conservador, Antonis Samaras, reuniu com os dois parceiros de coligação, Fotis Kouvelis (Dimar) e Evangelos Venizelos (PASOK), ambos de esquerda, para tentar salvar o Governo e evitar eleições antecipadas, um cenário que ganhou força nos últimos dias.

Nenhum dos responsáveis prestou declarações à saída. No entanto, fontes do Executivo disseram à agência Reuters que o primeiro-ministro avançou com propostas de conciliação, tentando com estas levar os parceiros a aceitar que a ERT retomasse as emissões, mas por um breve período de tempo e com um número de trabalhadores reduzido – uma ideia que Fotis Kouvelis e Evangelos Venizelos tinham rejeitado na sexta-feira. Segundo a mesma fonte, em contrapartida, o primeiro-ministro aceitou fazer a profunda remodelação no Governo até ao final do mês, como lhe era pedido pelos parceiros, e nomear um novo ministro para o audiovisual.

A decisão do Conselho de Estado grego não desrespeita, porém, a intenção do Governo de remodelar a ERT. Para além de determinar que sejam tomadas as medidas adequadas para retomar as emissão, o organismo reiterou que é necessário avançar com um novo projecto de lei que reestruture aquele meio audiovisual público, que terá que ser aprovado pelo parlamento.

Apesar de o sinal da ERT ter sido cortado, no início da semana passada, as transmissões foram sendo asseguradas através da internet, tendo os trabalhadores ignorado as ordens para abandonarem as instalações.

Artigos relacionados