“Freelancer do Dia CCP by Marketeer”: Natacha Oliveira

É difícil sobressair por entre dezenas de currículos. A partir de certa altura, os nomes confundem-se e aquele que poderia ser o par perfeito para um projecto na calha acaba por fugir. Partindo do directório lançado pelo Clube Criativos Portugal (CCP), a Marketeer propõe conhecer melhor alguns dos talentos freelancers nas áreas da criatividade e comunicação.

Natacha Oliveira (designer) é a mais recente protagonista da rubrica “Freelancer do Dia CCP by Marketeer”, que apresentará, duas vezes por semana, exemplos de quem decidiu aventurar-se por conta própria.

Qual é o trabalho de que mais te orgulhas?

É uma escolha difícil porque por detrás de cada um dos projectos está um processo diferente. Entre todos, diria o Manual de Estratégia de Marketing de uma empresa onde trabalhei. Digo isto não apenas pelo resultado final em termos visuais, mas por todo o processo de descoberta de essência da marca. Este processo durou alguns meses e envolveu toda a equipa na definição de algo que era comum a todos: a personalidade da marca da empresa para a qual trabalhávamos. No final do dia, a marca é o resultado do conjunto de percepções e torná-la palpável é, para mim, um grande e recompensador desafio.

Qual é o projecto que queres fazer a seguir?

Tenho um fascínio por texturas, papéis e materiais impressos no geral. Os projectos que abracei até agora levaram-me no sentido do digital, mas no futuro gostava de explorar mais a área editorial. Por ser palpável, tudo o que é impresso persiste no tempo. Quando penso no futuro, ficaria muito feliz se fosse convidada a ilustrar um livro – gosto sobretudo dos infantis – ou a colaborar com uma revista de música, arte ou design.

Porque é que te devem contratar?

Num mercado tão competitivo, acho que a minha mais-valia está no facto de não ser uma designer com um percurso tradicional. Estudei ciências, aprendi multimédia num curso de jornalismo, passo muitas horas a discutir branding ou marketing e a investigar para o Melted – o meu blog. Tudo isto faz de mim o tipo de designer que valoriza processos e que está constantemente a fazer perguntas. Sou da opinião de que o design é uma ferramenta de comunicação que vai muito além da componente visual. É nos projectos que partilham desta visão que consigo aportar maior valor.

Como vês a situação actual?

Penso que os freelancers foram um dos grupos mais afectados pela pandemia e é claro que há efeitos a ter em conta. Olhando para a situação por uma perspectiva positiva, penso que foi uma excelente oportunidade para as empresas repensarem processos e se adaptarem. De um dia para o outro, grande parte das empresas tornaram-se remotas, o que para muitas seria impensável noutro contexto. Da mesma forma, também os freelancers se devem adaptar e repensar os seus serviços para esta nova realidade.

Desde quando és freelancer e porquê essa decisão?

Trabalho como freelancer há cerca de um ano. Tomei essa decisão pela possibilidade de trabalhar, ao mesmo tempo, em vários projectos de diferentes áreas, devido à flexibilidade de horário e por poder trabalhar a partir de qualquer lugar.

Quais as vantagens e desvantagens de ser freelancer?

Ao tomar a decisão, é preciso estar preparado para uma eventual instabilidade financeira porque o rendimento mensal não é igual todos os meses. É também preciso ter a consciência de que, como freelancer, não se é só designer. É preciso angariar clientes, ser gestor de projecto e, às vezes, contabilista. Tudo isto enquanto se faz malabarismo entre vários projectos para ter a certeza de que as deadlines são cumpridas. No final do dia, descobrimos que há coisas que não são assim tão divertidas de se fazer. No entanto, vale a pena pela aprendizagem e por te obrigar a desenvolver valências que tipicamente não desenvolverias a full-time numa empresa tradicional.

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