“Freelancer do Dia CCP by Marketeer”: Francisco Saragoça

É difícil sobressair por entre dezenas de currículos. A partir de certa altura, os nomes confundem-se e aquele que poderia ser o par perfeito para um projecto na calha acaba por fugir. Partindo do directório lançado pelo Clube Criativos Portugal (CCP), a Marketeer propõe conhecer melhor alguns dos talentos freelancers nas áreas da criatividade e comunicação.

Francisco Saragoça (estratega digital, storyteller, copywriter) é o mais recente protagonista da rubrica “Freelancer do Dia CCP by Marketeer”, que apresentará, duas vezes por semana, exemplos de quem decidiu aventurar-se por conta própria.

Qual é o trabalho de que mais te orgulhas?

Podia responder a esta pergunta dizendo que não consigo indicar um trabalho de que me orgulhe especialmente porque, na verdade, trago de todos coisas das quais me sinto muito orgulhoso. Assim, não só utilizava este “politicamente correcto” para não lidar com uma espécie de guerra interna que me obrigasse a escolher um, como ao mesmo tempo serviria como uma excelente estratégia para enumerar uns quantos que fiz.

Mas decidi resistir ao meu primeiro instinto e escolher outro caminho, nomeando a proposta de storytelling que fiz a propósito do
concurso jovens Delta Q, promovido pelo CCP como o “the one”. E porquê este? As razões são variadas. Podia falar da adrenalina que senti em participar no registo de lobo solitário – me vs the world- ou até do simples facto de participar em concursos nunca ter sido muito a minha cena – me vs me. Mas a grande razão pela qual escolhi este como o tal deve-se sobretudo à liberdade criativa que tive em todo o projecto.

Qual é o projecto que queres fazer a seguir?

Uma das coisas de que mais gosto é da imprevisibilidade que antecede um briefing, aquele momento em que te dizem: «Temos um projecto novo para ti. Às 15h00 falamos.» Mas apesar deste efeito ”Caixa de Surpresa” ser um driver, existem trabalhos e projectos pelos quais faço figas. Por isso, e já de dedos cruzados, digo-vos que neste momento o que gostava de fazer a seguir seria, por exemplo, uma campanha de publicidade multimeios a promover o combate contra a desinformação na sociedade digital. Um tema que considero muito importante desmistificar nos dias que correm.

Porque é que te devem contratar?

Eu gosto de imaginar que quando contratamos alguém não contratamos apenas uma pessoa, mas sobretudo uma história. Cada profissional é único. Todos partilhamos mundo mas são diferentes as respostas que enquanto indivíduos distintos entregamos a cada desafio e isso, por si só, é fantástico!

Dito isto, acredito que quem me contratar está à procura de uma história, que no meu caso se divide em três capítulos principais:

Imaginação – Quem aposta no meu trabalho é porque procura alguém com a criatividade necessária para, através de um forte pensamento estratégico, criar soluções disruptivas para resolver desafios nos mais diferentes meios e formatos;

Agilidade – O meu percurso é amplo em desafios. Por isso, tenho a agilidade necessária para me adaptar a vários trabalhos e diferentes contextos. Se o desafio é desenvolver um conceito criativo para uma marca nova, fazer o storytelling de uma campanha, construir uma apresentação institucional ou até dar um passeio de tuk tuk… É falar comigo!

Pessoas – Considero-me uma pessoa de pessoas, de verdade! E isso significa que me dá um gozo tremendo trabalhar em equipa. Quem me contrata está inevitavelmente a apostar em alguém que gosta de trabalhar em grupos multidisciplinares, onde acrescento valor, mas também procuro aprender.

Nota: Se a equipa for para beber copos, também sou bom colega.

Como vês a situação actual?

O mais curioso sobre esta pergunta é que com quase um ano disto (refiro-me à Covid-19, obviamente) muitas já foram as ideias ou reflexões que tive sobre estes “tempos” em que vivemos. Dessas várias reflexões que fiz, numa altura em que as nossas casas se transformaram em centros de introspecção e mais tudo o resto, destaco uma sobre a importância das mesas.

Epá, a falta que sinto de estar em mesas. Mesas de tasca, por exemplo, daquelas pequenas e feitas de uma espécie de granito plastificado, onde com os teus amigos discutes tudo e mais alguma coisa. Mesas de restaurante “dos avós”, com aquelas toalhas brancas muito confortáveis e bem lavadas, onde acabas sempre por deixar nódoas. E das mesas de café? Metálicas ou plásticas com a cor das cervejeiras, que mal assentam na calçada, mas pouco importa porque tu só queres uma imperial e um pires de tremoços. Também das mesas grandes e maciças das salas de reuniões dos escritórios, onde discutes de forma muito apaixonada soluções para problemas que parecem quase impossíveis de resolver (eu gosto especialmente daquelas com chocolatinhos). Não esquecendo nunca as secretárias, quase todas daquela multinacional sueca, de onde defendes a tua organização desorganizada aos teus colegas com unhas e dentes. Eu até já tenho saudades das mesas, cheias de revistas do ano passado, da sala de espera dos consultórios. Ai as mesas… E as saudades que eu sinto delas.

É verdade que há muito tempo que o Mundo pedia tempo para pararmos e reflectirmos sobre nós e sobre a vida. E eu, nesta pandemia, aproveitei algum desse tempo para reflectir bastante sobre a importância das mesas e de muitas outras coisas.

Desde quando és freelancer e porquê essa decisão?

Acredito que todos nós, de uma ou de outra forma, somos freelancers. Digo isto porque o mercado de trabalho, hoje, está cada
vez mais liberalizado e a história do emprego para a vida, perpetuada pelas gerações anteriores às nossas, nos dias em que vivemos já é olhada como uma visão algo limitada para aquele que pode ser o nosso verdadeiro potencial.

Sejam projectos a longo ou curto-médio prazo, pagos ou pro bono, actualmente, vivemos numa sociedade composta por desafios. Pelo menos é nesse mundo que eu vivo.

Depois de aventuras em ramos diferentes de actividade, recentemente terminei um projecto onde estive mais de dois anos e tal. Neste momento estou preparado para trabalhar em diferentes registos e ser freelancer é sem duvida um deles.

Por isso, deixo aqui o mote: se tens um desafio fixe, viste o meu CV e portefólio e achas que eu pareço um gajo impecável para trocar umas ideias e fazer as coisas acontecer, siga!

Para conhecer melhor Francisco Saragoça:

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